Você já ouviu falar no dandismo negro?
O dandismo negro é tema do Met Gala 2025, com o tema "Superfine: Tailoring Black Style". Essa, talvez, seja a edição mais política que o evento já teve em sua história
Alfaiataria, atitude e ancestralidade. Essa é uma ótima forma de descrevermos o dandismo negro: um estilo, sim, mas também de uma afirmação política.
O dândi negro é aquele que, em um mundo racista e colonialista, ousou se vestir com elegância e sofisticação, não para agradar alguém ou como pura forma de adequação, mas para afirmar e firmar o poder da presença negra.
Desde os salões do século XVIII até os tapetes vermelhos de hoje, esse visual refinado sempre foi mais do que vaidade: um grito silencioso de resistência, identidade e reinvenção.
Por isso, este ano, o dandismo negro será tema do Met Gala 2025, marcado para o dia 5 de maio. Essa edição promete ser uma edição histórica, com o tema "Superfine: Tailoring Black Style", inspirado no livro Slaves to Fashion, de Monica L. Miller, o evento busca explorar como a vestimenta masculina negra, desde o século XVIII até os dias atuais, foi uma forma de resistência e afirmação de identidade frente à opressão.
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A exposição que acompanha o evento será a primeira do Costume Institute a focar exclusivamente na moda masculina desde 2003. Organizada em torno de 12 características do dândi negro, como "Ownership" (senso de dono) e "Presence" (presença), a mostra reunirá mais de 150 criações de estilistas não-brancos adquiridas pelo museu após o movimento Black Lives Matter, em 2020. Entre os designers contemporâneos destacados estão Grace Wales Bonner, Pharrell Williams e o falecido Virgil Abloh.
O dress code do evento, "Tailored for You", convida os convidados a adotarem looks que reflitam seu estilo pessoal, especialmente interpretações criativas de alfaiataria. A proposta é incentivar a individualidade e a expressão pessoal, alinhando-se ao tema central do evento. O esperado é que o tapete vermelho do Met Gala seja um desfile de ousadia e autenticidade.
Entre os coanfitriões da noite estão figuras proeminentes como Pharrell Williams, Colman Domingo, Lewis Hamilton, grandes entusiastas do dandismo negro, com LeBron James atuando como presidente honorário. A lista de convidados inclui celebridades como Rihanna, Simone Biles, Regina King e Usher, além de ícones da música como Madonna, Diana Ross e Stevie Wonder.
Num contexto onde a moda frequentemente serve como palco para discursos vazios e apropriações culturais, o Met Gala 2025 se destaca ao colocar em evidência uma narrativa autêntica. Ao celebrar o dândi negro, o evento não apenas homenageia uma estética refinada, mas também reconhece a luta histórica por identidade e liberdade.
Não é apenas uma festa da alta-costura: é um manifesto visual que nos convida a repensar as narrativas dominantes e a celebrar a riqueza da cultura negra na moda.