QUE NEM TU: Luiza Nobel representa a mulher preta e periférica que faz arte em Fortaleza

Inquieta, a multiartista questiona os padrões que aprisionam corpos e existências e celebra sua ancestralidade em canções que misturam muitos ritmos e poesias

Escrito por Redação ,
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Multiartista, ela canta, compõe, atua, faz moda e o que mais quiser. Do Jardim América, bairro da periferia de Fortaleza, para o mundo, essa leonina faz do seu cantar a liberdade. É seu jeito de conquistar a cidade e o mundo.  Luiza Nobel sabe que ser uma mulher preta, gorda, periférica e artista e ter orgulho disso é disruptivo. E essa cearense quer quebrar padrões que aprisionam.

Nesta quinta-feira (3/11), a cantora é a entrevistada da Temporada Que Nem Tu Especial Viva O Verão. Além dela, outros artistas que se relacionam com Fortaleza serão entrevistados por Karine Zaranza e Alan Barros. No episódio, Luiza falou sobre seu processo de se tornar artista, da percepção de empoderamento de sua identidade, do seu processo criativo e ainda prometeu muitas novidades na carreira. Ela não quer e não sabe ficar parada.

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Um ponto bastante tocado na entrevista foi o de como a arte libertou a menina Luiza do bullying que viva na escola. Cantando que ela passou a ser uma figura de quem faz a festa e não só o alvo da violência por não se enquadrar a padrões que seu corpo e sua existência questionava. 

Legenda: Luiza Nobel
Foto: Kid Junior

"Quando cantei a primeira vez eu sofria muito bullying tanto por ser uma pessoa LGBTQIA+, como ser mulher negra, como ser pessoa gorda. Meu corpo sempre foi fora do padrão de alguma maneira. [Quando eu cantei]Eu adquiri outras características que não eram mais só as do bullying. Cantei e passei a ser a menina que cantava", lembra ela.

E foi do palco que a percepção sobre si e a sua enorme necessidade de comunicar se fez ainda mais potente. Ela passou a usar a performance e a composição para colocar pra fora o que sentia. No início foi muito amor e romance. Depois passou a ser também reflexões sociais que tratam de bandeiras muito caras a Luiza, como identidade negra, questionamento do modelo econômico e social, a potência feminina e o respeito ao diverso. Tudo que estava encarnado em seu corpo e sua realidade.

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Luiza faz isso não só em show. Ela foi para o teatro, para as arte visuais, experimentou as múltiplas linguagens para falar entoar suas verdades e a realidade de sua quebrada. Influente também nas redes sociais, galgou seu espaço como modelo plus size e se tornou possibilidade de espelho para tantas outras mulheres se reconhecerem em um corpo potente como o dela. Nem sempre foi fácil se aceitar, mas hoje ela esbanja autoamor e muita personalidade. 

Não há como fazer isso sem enfrentar ainda muito preconceito. Luiza reconhece que sua arte a colocou em uma novo espaço de holofote, mas não a livrou de ainda viver a gordofobia, por exemplo. "Existe isso ainda. É tanto que quantas cantoras gordas estão aí no topo? Não paramos de fazer as coisas. Vejo que meu público é da maioria de mulheres e acho que (buscam) exatamente esse conforto com o corpo".

Ela ainda falou sobre sua relação com a moda e com a cidade. Pontuou os grandes feitos da carreira que já contam com mais de 10 anos. Aproveitou para anunciar que no dia 8 de dezembro lança um single novo em parceria com Mateus Fazeno Rock. Ela promete que seu primeiro EP deve sair logo também. Acabou de finalizar um curta que atua como protagonista ao lado de sua namorada e se prepara para colocar seu Baile Preto num formato para o carnaval de 2024. 

 

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