Morre Luizinho Duarte aos 68 anos, compositor e multi-instrumentista fundador da Marimbanda

Velório acontecerá no Theatro José de Alencar na manhã desta quinta-feira (28)

Escrito por Redação ,
Legenda: Fundador da Marimbanda e idealizador de outros grupos musicais, Luizinho Duarte é considerado um mestre da música
Foto: Divulgação

Grande perda para a música cearense. O compositor e multi-instrumentista Luizinho Duarte faleceu na madrugada desta quinta-feira (28), aos 68 anos, deixando extenso legado para o cancioneiro nacional. Em comunicado divulgado pela família e os amigos, o velório acontecerá no Theatro José de Alencar ainda nesta quinta, a partir das 10h30.

A última atividade musical registrada envolvendo o artista aconteceu no último dia 8, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). Trata-se de um registro em audiovisual de um show-depoimento com canções dele. Na ocasião, Luizinho contava da larga experiência na música nacional. O material, inédito, está salvaguardado.

Fundador da Marimbanda, Luizinho Duarte é considerado um mestre da música. Baterista, violonista, professor, compositor e arranjador de grande experiência no cenário brasileiro. Trabalhou com nomes como Maria Bethânia, Elza Soares (1937-2022), Leila Pinheiro e, anteriormente, Tim Maia (1942-1998), entre outros. Fez ainda a gravação do DVD e turnê nacional do trabalho que uniu Fagner e Zeca Baleiro, no projeto "Raimundo Fagner e Zeca Baleiro - Ao Vivo".

Como instrumentista, revelou uma técnica apurada a favor dos recursos de dinâmica. Uma peculiaridade era o fraseado de extrema clareza, no qual a complexidade surpreendia em favor da primazia do swing na execução. No acompanhamento de improvisações dos colegas de palco “não perdia uma nota”, nas palavras de especialistas, parecendo antecipar o pensamento dos músicos.

Para a família, o músico merece todas as palmas. “Viva o grande compositor cearense. Viva o multi-instrumentista que marcou época e se tornou referência. Vivam as histórias nos ensaios e viagens e cafés. Vivam as lições do professor a cada momento. Vivam as melodias da Marimbanda. Viva um dos maiores músicos do Brasil. Viva seu Luiz!”.

O falecimento do multi-instrumentista acontece dias depois da partida de outro grande nome da música cearense – o mestre Tarcísio de Lima Carvalho, mais conhecido como Tarcísio Sardinha. Este fez a passagem na última segunda-feira (25).

A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE) fez uma publicação nas redes sociais lamentando a morte de Luizinho. "A Secult Ceará celebra sua música, sua arte e sua alegria. Siga na luz, no som e no amor. Nosso abraço forte aos familiares e amigos que, no silêncio deixado com a partida, vivem momentos de saudade", expressa o texto.

Trajetória de destaque

Luizinho foi coordenador, durante oito anos, do projeto musical Crescer com Arte, da Fundação da Criança e da Família Cidadã – FUNCI, órgão da Prefeitura de Fortaleza. Nele, trabalhou as inúmeras possibilidades da música com crianças e adolescentes de poder aquisitivo baixo e de significativa vulnerabilidade social.

Em 2003, foi reconhecido com o título de Notório Saber como instrumentista pelo curso de Música da Universidade Estadual do Ceará. Também foi convidado a ministrar oficinas de Prática de Conjunto e Bateria.

Durante alguns anos, foi maestro e arranjador do Grupo Uirapuru - Orquestra de Barro, fruto da pesquisa do artista plástico e luthier Tércio Araripe, com instrumentos percussivos de cerâmica. O projeto é mantido por meio de prêmios e editais da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e edital Natural Musical.

Em 1999, fundou o Quarteto Marimbanda, grupo de grande referência instrumental do Estado do Ceará. No começo de 2009, faz turnê européia com o Quarteto, encerrando o Altitude Jazz Festival como único representante brasileiro naquele festival francês, apresentando-se, também, na casa de jazz Le Comptoir du Jazz e no Casino Andernos le Miami, em Bordeaux.

Legenda: Em 1999, Luizinho Duarte fundou o Quarteto Marimbanda, grupo de grande referência instrumental do Estado do Ceará
Foto: Divulgação

Em Bruxelas, foi convidado da Associação dos Músicos de Jazz da Bélgica e do selo musical Mogno Music, do músico Henri Greindl, para concertos na capital belga. Em alguns, houve a participação do grande pianista Charles Loos.

No Conservatório Real de Música da Antuérpia (Bélgica), Luizinho Duarte ministrou workshops sobre ritmos brasileiros, a convite do músico Jan de Haas.

Participou ainda da trilha sonora do musical “A Estrela Dalva”, sobre a vida da cantora Dalva de Oliveira, e participou do CD da Spock Frevo Orquestra (PE), com o frevo "Frevo da luz", de sua autoria e de Carlinhos Ferreira.

Projetos

Ao longo de mais de 40 anos de carreira, participou de projetos significativos com a Marimbanda em locais como: Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), 4° Prêmio Visa - MPB Instrumental (SP), programa Instrumental SESC Brasil (SP), SESC Pinheiros (SP), Circuito SESC Instrumental Paulista, Modern Sound (RJ), Sala FUNARTE Sidney Miller (RJ), FNAC/Barra (RJ), Centro Cultural Arte Sumária (RJ), Palco Livre – Niterói (RJ), Circuito Cultural Banco do Brasil, Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga (CE), Festival Internacional de Flautistas, Dragão Jazz (CE), entre outros.

Em trabalho solo, Luizinho Duarte gravou o CD “Garimpo” (2009), resultado de um mergulho no baú das memórias mais afetivas, com participação dos músicos: Adélson Viana, Adriano Giffoni, Ítalo Almeida, Heriberto Porto, Carlinhos Ferreira, Cristiano Pinho, dentre outros. 

Legenda: A última atividade musical registrada envolvendo o artista aconteceu no último dia 8, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB)
Foto: Arquivo pessoal

Com a Marimbanda, gravou três CDs: Tente Descobrir (2005), Marimbanda (2001) e Caminhar (2019). As músicas das três produções são predominantemente composições de Luizinho.

Além do Quarteto Marimbanda, Luizinho Duarte também idealizou e dirigiu os grupos musicais: Só com Z Trio (com o pianista Luizão Paiva e o baixista Luiz Alves); a Metalira Big Band; o Gargalhada Choro Banda; e o Trio Herluno ou "Tocatta Livre" (Luis Hermano Bezerra, Nonato Limae Luiz Duarte). 

Um dos últimos reconhecimentos concedidos ao cearense foi em 2020. Ele ganhou o Prêmio Fomento Cultura e Arte do Ceará, concedido pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE) por meio da Lei Aldir Blanc, em reconhecimento pela trajetória artística.

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