Conheça 3 obras de Cristina Rivera Garza, mexicana vencedora do Pulitzer

Escritora venceu o Prêmio Pulitzer 2024 na categoria "Memórias ou Autobiografia"

Escrito por
Beatriz Rabelo beatriz.rabelo@svm.com.br
Imagem de capa de livros para matéria sobre conheça três obras de Cristina Rivera Garza, mexicana vencedora do prêmio Pulitzer.
Legenda: Cristina Rivera Garza foi um dos nomes cotados para o Nobel de Literatura.
Foto: Divulgação.

Como Bach, que fez uma canção para despertar os mortos, Cristina Rivera Garza escreve para honrá-los. A mexicana foi vencedora do Prêmio Pulitzer 2024, na categoria "Memórias e Autobiografia", com seu livro "O invencível verão de Liliana". Sua escrita é atravessada por temas como violência de gênero e luto.

No Brasil, tem três livros publicados:

  • O invencível verão de Liliana (Editora Autêntica)
  • Autobiografia do algodão (Editora Autêntica)
  • Os mortos indóceis: Necroescritas e desapropriação (Editora Martins Fontes)

Para aqueles que buscam se aprofundar na obra de Rivera Garza, o Diário do Nordeste organizou uma lista com as três obras, explicando o enredo de cada livro. 

Quem é Cristina Rivera Garza? 

A escritora Cristina Rivera Garza nasceu em outubro de 1964, em Matamoros, no México. Ela foi um dos nomes cotados para o prêmio Nobel de Literatura deste ano, devido à potência e relevância de sua obra.

Imagem da escritora mexicana Cristina Rivera Garza, para matéria sobre obras publicadas no Brasil.
Legenda: Rivera Garza foi um dos nomes cotados ao Nobel de Literatura deste ano.
Foto: Divulgação/Juan Rodrigo Llaguno.

Formada em Sociologia e doutora em História, ajudou a fundar o doutorado em Escrita Criativa na Universidade de Houston, onde trabalha. Ao longo de sua trajetória, chegou a receber diversos prêmios, como: 

  • Anna Seghers de Literatura Latino-americana;
  • Bellas Artes de Novela José Rubén Romero;
  • Excelencia en las Letras José Emilio Pacheco.

Rivera já publicou livros de contos, poesia e não-ficção. Além disso, possui obras traduzidas em diversas línguas, como inglês, italiano, alemão, coreano, francês, esloveno e português. 

Confira 3 obras de Cristina Rivera Garza

O invencível verão de Liliana 

Imagem de capa do livro O invencível verão de Liliana, de Cristina Rivera Garza, mexicana vencedora do prêmio Pulitzer.
Legenda: Livro "O invencível verão de Liliana" se consolida como um ensaio político para denunciar a violência estrutural na América Latina.
Foto: Divulgação/Editora Autêntica.

Ainda que seja um livro sobre a perda de uma irmã, “O invencível verão de Liliana” (2022) não é meramente um “livro sobre o luto”. A complexidade da trama que mistura poesia, romance e pesquisa não pode ser reduzida a isso. Com sua escrita, Cristina abriu um caminho em busca de justiça para Liliana Rivera Garza

A jovem de 20 anos foi assassinada na madrugada do dia 16 de julho de 1990. Na época, o caso foi arquivado como “crime passional”. Não existiam debates aprofundados sobre feminicídio. Décadas depois, Cristina decide resgatar a vida e voz de Liliana, uma arquiteta brilhante, para escancarar o cenário de violência no México.

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Os leitores do livro vencedor do Prêmio Pulitzer 2024 vão ter acesso a cartas manuscritas, relatórios policiais, cadernos escolares e projetos arquitetônicos. Muito daquilo que atravessou a vida de sua irmã. Partindo de uma história íntima, Rivera Garza evidencia uma violência estrutural na América Latina

Autobiografia do algodão 

Imagem de capa do Autobiografia do algodão
Legenda: Rivera Garza acredita que a escrita pertence à comunidade e ao território por onde circulam.
Foto: Divulgação.

O livro "Autobiografia do algodão" (2025), também publicado pela Autêntica, surge como um processo de escavação. Diante de diversos silêncios na sua história, ela refaz os passos de pessoas de seu passado familiar. 

Com isso, na trama não linear, reconstitui a vida e a luta de uma comunidade que habitou a fronteira entre Tamaulipas (México) e Texas (Estados Unidos). Enquanto fala sobre território e pertencimento, também apresenta a violência estrutural de grupos marginalizados. 

Além de investigar os aspectos sociais, também surge como um convite para os leitores relembrarem a história dos avós, na tentativa de se reencontrarem e perceberem seus papéis na história. 

Os mortos indóceis: necroescritas e desapropriação

Imagem de capa do livro Os mortos indóceis, de Cristina Rivera Garza.
Legenda: Em "Os mortos indóceis", Cristina revela como percebe a escrita e compartilha o seu processo criativo com os leitores.
Foto: Divulgação.

Integrando a coleção Errar Melhor, da editora WMF Martins Fontes, o livro “Os mortos indóceis: necroescritas e desapropriação” (2024) se debruça sobre o processo criativo da escrita. A obra irá provocar uma reflexão sobre a construção de uma narrativa e a questão da autoria no século XXI. 

Ao longos dos capítulos, Rivera Garza explora conceitos como "necroescritas" e "desapropriação", revelando a perspectiva dela de como as histórias pertencem à comunidade e aos territórios por onde circulam. 

“Reescrever é o trabalho do fazer, principalmente com e no trabalho coletivo, poderíamos dizer, comunitário e historicamente determinado, que implica retroceder e avançar ao mesmo tempo: atualizar: produzir o presente”, detalha a mexicana no capítulo “Escrever entre/para os mortos”. 

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