Transmitir emoções que façam refletir sobre a vida e os amplos aspectos da humanidade tem sido o fio condutor das obras do artista plástico Wescley Braga. Cearense de Sobral, ele pode se orgulhar de, aos 33 anos, já ter cumprido com este propósito em exposições em diferentes países, a exemplo de Portugal, Estados Unidos e, mais recentemente, Japão.
Filósofo de formação, sempre foi um admirador do cinema e acabou se inspirando em filmes de ficção, fantasia e animação, como "O Estranho Mundo de Jack" e "Coraline", para produzir videoarte. Com essa linguagem e também com a pintura, ele já alcançou visibilidade internacional.
Minhas obras falam sobre a natureza humana. A filosofia do meu trabalho está em mostrar como o ser humano é múltiplo, me admira como podemos nos transformar em criaturas tão fortes nos momentos mais desafiadores da vida”, conceitua.
A primeira experiência de divulgação no exterior se deu em 2014, quando teve duas pinturas na exposição coletiva “Outros Antônios”, realizada na Galeria Vieira, em Pinhel, Portugal.
Já em 2020, diante da situação pandêmica, Wescley sentiu a necessidade de expressar no trabalho o conjunto de emoções que todos estavam sentindo.
“Para representar tudo isso, precisava de uma linguagem que me desse possibilidades de misturar vários elementos visuais e sonoros para construir uma poética com com movimento, assim surgiu a ideia de criar os videoarte”, conta.
Videoarte
Nasceram desse processo os trabalhos “Ciclos” (2020), “Destinos ambíguos” (2020) e “Dicotomias” (2021). O primeiro, segundo o artista, é uma metáfora sobre o tempo e suas passagens que se repetem, e foi, inclusive, premiado pela Funarte.
“É a mudança imprevisível que mistura todos os acontecimentos, várias imagens e vídeos mesclando essa mistura visual e auditiva. O ser humano também o faz internamente, em seu interior as passagens de tempo seguem um misto de tons, lugares, cores, som, movimento, onde tudo vira efêmero”, explica Wescley.
Com “Destinos ambíguos”, o artista fez um passeio do ponto de vista invertido, idealizando a lembrança sobre as idas e vindas de algum lugar, nos trazendo um ar nostálgico e ao mesmo tempo distorcido sobre os ambientes que percorremos e o quanto precisamos nos distanciar.
“Uma viagem experimental que mistura cores, distorce nossa visão de lugar e profundidade. Mostrar a cidade em movimento, nos levando e nos trazendo de uma forma surreal”, conta.
Esta obra foi premiada nas categorias Melhor Cinematografia e Melhor Edição, no Narrative Film Festival, nos Estados Unidos, em 2021.
Já “Dicotomias”, exposta agora entre os dias 25 e 27 de junho, na Calm and Punk Gallery, em Tóquio, no Japão, é animada em stop-motion e aborda diversas temáticas intrínsecas que abarcam as transformações do ser humano durante a vida.
“Ela mostra como o ser humano desafia sua essência a assumir diversas formas, se misturando com o meio, se adaptando, se dividindo várias vezes em partes contrárias que em certos momentos se tornam complementares”, detalha o artista.
Repercussão
Segundo Wescley, a galeria Calm and Punk divulgou que a exposição Non-syntax Experimental Image Festival selecionou 66 trabalhos de 2.517 inscrições de 109 países e regiões. E o sobralense atesta a importância de uma visibilidade como essa com o retorno que recebeu nas redes sociais.
Várias pessoas de diferentes nacionalidades começaram a me parabenizar pela exposição pelo Instagram. Tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas que assistiram a obra ‘Dicotomias’, foi uma experiência muito legal e enriquecedora”, conta.
Ele entende que expor no Japão abre grandes perspectivas. “Saber que minha obra é valorizada num lugar tão distante é uma grande satisfação, estou sempre de portas abertas para novas possibilidades”, conclui o artista, que soma ainda projetos em desenho, escultura, gravura, infogravura digital, fotografia, intervenção urbana e instalação.
Serviço
Instagram @artewescleybraga