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Entenda a disputa eleitoral no Ceará após PDT definir Roberto Cláudio como pré-candidato

O cenário aos poucos vai se desenhando para as eleições de outubro

Escrito por Wagner Mendes , wagner.mendes@svm.com.br
Reunião do diretório do PDT deu maioria de votos a Roberto Cláudio contra Izolda Cela
Legenda: Reunião do diretório do PDT deu maioria de votos a Roberto Cláudio contra Izolda Cela
Foto: Divulgação/PDT

Após escolher o ex-prefeito Roberto Cláudio para concorrer ao Governo do Estado, o PDT terá como foco reestruturar a unidade do grupo para a disputa eleitoral. Além de manter aliados como PSD e PSB, o grupo pedetista terá a missão de atrair o ex-governador Camilo Santana (PT) que atuou como principal articulador da releeição da governadora Izolda Cela (PDT).

"A primeira tarefa nossa agora é celebrar e construir nossa unidade interna, depois disso procurar também, humildemente, todos os nossos aliados que compõem a nossa aliança hoje, procurar o ex-governador Camilo Santana, procurar todo mundo para conversar e manter a aliança o mais ampla possível", disse o ex-prefeito de Fortaleza logo depois que deixou a sede do PDT.

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O que dificulta essa aproximação com o ex-governador é a resistência do PT à pré-candidatura do pedetista. O Partido dos Trabalhadores reuniu o diretório estadual e publicou uma nota dura contra o PDT de Ciro Gomes. O partido acusa os ex-aliados de serem os responsáveis pelo rompimento da aliança.

Uma reunião entre o ex-governador Camilo Santana com os partidos PT, PV, PCdoB, PP e MDB na noite desta terça-feira (19) foi marcada para definir os rumos do grupo. Nesse encontro, os presidentes das siglas definiram que seguirão juntos para a disputa eleitoral.

A expectativa é de que essa frente partidária construa uma candidatura ao Palácio da Abolição contra o PDT. Os dirigentes dessas legendas já haviam se recusado a compor chapa com a indicação de Roberto Cláudio.

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Ainda em abril deste ano, o deputado federal José Guimarães (PT) já havia externado a preferência do partido. "Não estamos impondo nada, mas nossa preferência é por Izolda Cela", escreveu nas redes sociais.

Roberto Cláudio após decisão do diretório do PDT
Legenda: Roberto Cláudio após decisão do diretório do PDT
Foto: Thiago Gadelha

Logo depois que o PDT anunciou o nome de Roberto Cláudio como pré-candidato, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) declarou que "foi uma demonstração clara de que o PDT não queria o apoio do PT".

Em maio, o deputado estadual Zezinho Albuquerque (PP) pediu apoio à reeleição da governadora.

"Comecei a ver como seria a gestão Izolda. Fui observando, andando no Interior e conversando. (...) Esse projeto tem que continuar. Tem correções a serem feitas? Tem, mas é bom que tenham correções, ninguém é perfeito", declarou.

Adversário de Roberto Cláudio, o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) já deixou claro que não apoiaria o nome do pedetista para a eleição ao Palácio do Abolição.

Oposição à direita

Indicado como pré-candidato ao Governo do Estado desde o ano passado, Capitão Wagner (UB) tem viajado o Ceará para tentar reunir lideranças regionais em apoio ao grupo liderado por ele no União Brasil.

Os partidos Solidariedade, Avante, PTB e Pros já anunciaram que estarão no palanque de oposição à direita na campanha eleitoral. Wagner ainda mantém conversas com PP, MDB e PSD em busca de pactuação.

O principal foco, no entanto, é o PL, do presidente Jair Bolsonaro. Neste domingo (17), o presidente estadual da sigla, Acilon Gonçalves, condicionou o apoio da legenda ao pré-candidato caso o deputado reforce a campanha à reeleição presidencial.

Bolsonaro com Capitão Wagner durante Marcha para Jesus em Fortaleza no sábado (16)
Legenda: Bolsonaro com Capitão Wagner durante Marcha para Jesus em Fortaleza no sábado (16)
Foto: Thiago Gadelha

"Sempre me posicionei em defesa da candidatura própria e ainda estou a defendê-la. Porém, sempre coloquei que a executiva nacional do PL e o presidente Bolsonaro hoje, e hoje mais do que ontem, tem uma tendência de que o PL apoie o Capitão", ressaltou Acilon.

O deputado estadual André Fernandes (PL), um dos parlamentres próximos do presidente Bolsonaro, disse que aguarda uma decisão do PL sobre o assunto.

"Independente da decisão que o PL tomar, tem que ser rápido. Eu vou seguir meus dois presidentes: Jair Bolsonaro e Acilon Gonçalves", disse o parlamentar. 

O vereador de Fortaleza Carmelo Neto (PL), por sua vez, disse que a fala de Bolsonaro reflete a vontade do presidente e da maioria de seus apoiadores no Ceará, que é de apoiar Capitão para o governo". 

Candidatura própria do PT?

De acordo com o deputado federal José Guimarães, os próximos passos, a partir da escolha do PDT, será reunir partidos aliados para discutir o futuro.

No PT, a tese da candidatura própria ganha força, já que a possibilidade já era ventilada internamente a partir desse cenário com Roberto Cláudio protagonizando a chapa governista.

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"Nós vamos conversar com o MDB, do Eunício, com o PP, do Zezinho Albuquerque, com o PV, com o PCdoB, amanhã à noite (terça-feira, 19). Com calma, cabeça fria, coração quente, para buscarmos o nossos caminhos no Ceará e o nosso palanque", disse o dirigente.

Ao Diário do Nordeste, a deputada federal Luizianne Lins também disse esperar que o partido lance candidatura própria.

"Em boa parte que se manifestou do PT tinha muita clareza de que sendo o nome o Roberto Cláudio o PT ia buscar um espaço próprio e acredito que assim seja", disse a parlamentar.

Luizianne e Izolda Cela após encontro em fevereiro
Legenda: Luizianne e Izolda Cela após encontro em fevereiro
Foto: Divulgação

Nomes como José Airton, Luizianne Lins, Fernando Santana e José Guimarães chegaram a ser ventilados para a empreitada. Pesquisas qualitativas e quantitativas foram contratadas pela legenda.

Oposição à esquerda 

O Psol lançou a pré-candidatura de Adelita Monteiro ao Palácio do Abolição. O partido no Ceará fará palanque para o ex-presidente Lula na campanha presidencial.

No dia 12 deste mês, a pré-candidata se reuniu com o ex-governador Camilo Santana para discutir "o cenário político no Ceará e no Brasil".

Ainda no campo da esquerda, o partido Unidade Popular lançou o nome de Serley Leal para disputar o governo. O partido faz oposição à esquerda ao grupo hoje liderado pelos irmãos Ferreira Gomes.

*Colaborou o repórter Felipe Azevedo.

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