Fortaleza tem média de 10 farmácias por bairro, mas só um chega a quase 100; veja ranking
Juntos, apenas três bairros reúnem cerca de 16% de todas as farmácias cearenses ativas.
Fortaleza possui 1.164 farmácias ativas espalhadas pela cidade, de acordo com dados de setembro da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec). Considerando que a Capital tem 121 bairros, a média é de nove a 10 farmácias por bairro.
No entanto, essa distribuição não é equilibrada. Ao analisar por região, observa-se uma concentração em apenas 10 bairros, como o Centro, que lidera com 97 unidades, seguido pela Aldeota (51) e pelo Mondubim (38). Juntos, esses bairros reúnem cerca de 16% de todas as farmácias ativas em Fortaleza.
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Confira os 10 bairros com mais farmácias na Capital
- Centro: 97
- Aldeota: 51
- Mondubim: 38
- Messejana: 38
- Jangurussu: 30
- Prefeito José Walter: 28
- Meireles: 25
- Passaré: 25
- Bom Jardim: 22
- Parangaba: 22
21,9% das farmácias são de apenas duas redes
Por toda a cidade, a alta quantidade do comércio é visualmente sentida pela população fortalezense. Fatores como a aglomeração desses estabelecimentos em áreas muitos próximas, as cores chamativas das marcas e a padronização de logos, tótens e fachadas trazem a sensação de abudância dessa atividade econômica.
Sozinhas, as duas maiores redes de farmácias em Fortaleza - Pague Menos e Drogasil - somam 255 filiais espalhadas por todo o município. O quantitativo corresponde a 21,9% do total registrado por esse mercado na Capital cearense.
De acordo com Cláudia Buhamra, professora de Marketing da Universidade Federal do Ceará (UFC), "o negócio de farmácia em si" é um fator próprio de seu aumento, pois ele "apresenta muitas oportunidades por trabalhar com estoque baixo, categorias de produtos de altas margens de lucro, venda de produtos em consignação".
Outro fator, aponta, a própria estrutura física, que é bem simples, sem custos elevados de estruturação e manutenção".
Por que alguns bairros têm mais farmácias?
A especialista aponta dois fatores comerciais para a escolha estratégica dos pontos de venda das farmácias pelos bairros da cidade: a população passante e a residente.
O Centro lidera o ranking quantitativo dessa atividade econômica devido à preferência dos comerciantes em instalá-las próximo a fluxos intensos de pessoas, a chamada população passante. Dessa maneira, eles estimulam o consumidor a aproveitar um passeio ou o trajeto ao trabalho para ir às compras no estabelecimento.
A população residente, por outro lado, está ligada ao público que habita determinada região da cidade. Assim, bairros como o Mondubim passam a também usufruir de um alto número desse comércio para atender aos moradores do local.
A tendência é que cada bairro assuma identidade própria, assumindo características de “mini cidades”, oferecendo muitas oportunidades para novos empreendimentos
Por que tanta farmácia pelas ruas?
O mix amplo de produtos, a oferta de medicamentos que não exigem prescrição e o envelhecimento populacional são os principais fatores que impulsionam o setor, segundo Buhamra.
Diferentemente do que ocorria no passado, os medicamentos representam hoje apenas uma das categorias disponíveis nas farmácias, que ampliaram o portfólio e assumiram o perfil de verdadeiras lojas de conveniência".
Para a especialista, a mudança na demografia brasileira também tende a elevar o consumo de medicamentos. Para se ter ideia, dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que quase 40% da população do Ceará será composta por idosos até 2070.
Cláudia acrescenta ainda que a ampla oferta de remédios que permitem a automedicação contribui para o aumento do consumo e reforça a presença das farmácias no cotidiano dos consumidores.
*Estagiária sob supervisão do jornalista Hugo R. Nascimento.