Entenda o impacto da redução de tarifas impostas por Donald Trump para o Brasil

Na prática, as tarifas para o Brasil tiveram redução de 10 pontos percentuais, reduzindo de 50% para 40%.

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 18:54)
Foco em um vendedor despejando um cesto cheio de açai no Ver-o-Peso, maior feira livre da America Latina, em Belem, no Para.
Legenda: O açaí está entre as frutas que tiveram a tarifa adicional de 10% eliminada com a ordem executiva do governo dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos anunciaram, na noite da última sexta-feira (14), a retirada da chamada taxa de reciprocidade, imposta a diversos países em abril deste ano. A medida, porém, manteve tarifa de 40% especificamente para produtos do Brasil. Com isso, na prática, as tarifas impostas sobre diversos alimentos brasileiros, como café, carne e sucos de frutas, além de frutas como açaí, goiaba, abacaxi e banana, tiveram redução de 10 pontos percentuais.

Além da taxa de reciprocidade aplicada em abril, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou, em julho, uma sobretaxa de 40% para produtos brasileiros, o que fez a tarifa chegar a 50% para o Brasil. Dessa forma, representantes do Governo Federal classificaram o recuo como uma boa notícia, mas disseram seguir atentos a itens que ainda não foram flexibilizados.

Setores da economia avaliam que a redução trouxe desvantagem para o País frente a concorrentes. Ao g1, o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, afirmou que muitos dos países que também vendem produtos aos Estados Unidos já conseguiram avançar nas negociações.

“Enquanto a redução anunciada por Trump baixou as taxas do Brasil de 50% para 40%, outros países tiveram suas taxas zeradas”, afirmou Matos.

Representante da indústria, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, também destacou a urgência de o Brasil avançar nas negociações.

“É muito importante negociar quanto antes um acordo para o produto brasileiro voltar a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras”, afirmou ele ao g1.

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Mais produtos isentos

Em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que o governo vai trabalhar para "corrigir distorções" contra as tarifas que continuam em vigor.

Conforme a Agência Brasil, Alckmin lembrou que, antes dessa ordem executiva publicada pelo governo norte-americano, 23% das exportações do Brasil para os Estados Unidos tinham tarifa zero. Após o anúncio, essa porcentagem de itens isentos de taxas subiu.

“Com essa decisão, aumentou para 26% a exportação brasileira zerada, sem alíquota. Então foi positivo e vamos continuar trabalhando. A conversa do presidente Lula com o presidente Trump foi importante, no sentido do diálogo e da negociação. E também o encontro do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado, Marco Rubio”, afirmou.

Sobre a manutenção da tarifa de 40% sobre o café, Alckmin disse que essa taxação ainda é alta. “Nós vamos continuar trabalhando para reduzir mais. Realmente, no caso do café, não tem sentido. Ainda é alta. E o Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos, especialmente, arábica. Agora, são avanços sucessivos”, afirmou.

“Há uma distorção que precisa ser corrigida. Esse é o empenho que deve ser feito agora para melhorar a competitividade (do café brasileiro)”, afirmou Alckmin.

Impacto da redução para carnes e frutas

Representantes de setores de carnes e frutas ficaram mais otimistas sobre a redução das tarifas. Ainda conforme o g1, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, avalia a decisão dos EUA como “uma boa sinalização para o mercado brasileiro”.

A mudança foi “um avanço relevante para o setor”, na visão da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), mas ainda preocupa o fato de a uva, segunda fruta brasileira mais exportada para os EUA, não estar na lista das exceções.

Dados da associação apontam que as exportações da fruta para os EUA caíram 73% em valor e quase 68% em quantidade, considerando o terceiro trimestre deste ano e o mesmo período de 2024.

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