Bares de Fortaleza se posicionam em meio a casos de metanol em SP e PE

Não há registros de casos semelhantes em cidades do Ceará; Abrasel cobra reforço de fiscalização

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 08:13)
Imagem de bartender preparando caipirinha em bar
Legenda: Fortaleza não tem registro de intoxicação por metanol associada ao consumo de bebidas alcoólicas
Foto: Shutterstock/Maksym Fesenko

Bares e restaurantes de Fortaleza reforçam os protocolos de segurança na compra de insumos diante dos casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. Não há casos suspeitos ou confirmados no Ceará.

A intoxicação pela presença substância inflamável nas bebidas causou seis mortes, até o início desta quarta-feira (1º), em São Paulo, que concentra a maioria dos registros. Há também três casos investigados em Pernambuco, incluindo dois óbitos.

Segundo o Governo Federal, há suspeita de uma possível rede de distribuição ilícita entre estados.

Diversos bares de Fortaleza tem se pronunciado com notas oficiais nas redes sociais, informando aos clientes que utilizam produtos de fornecedores homologados.

Treinamentos e fiscalização

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE) cobrou das autoridades locais o reforço da fiscalização da produção de bebidas alcoólicas e orientou aos estabelecimentos que verifiquem a credibilidade dos fornecedores.

A associação fará treinamentos sobre adulteração de bebidas para os empresários do setor. Segundo Taiene Righetto, presidente da Abrasel-CE, as medidas são preventivas e não há registro de diminuição do consumo em estabelecimentos de Fortaleza por receio da intoxicação.

“Redobramos a atenção dos restaurantes não só de onde comprar, mas como avaliar problemas: bebidas não lacradas, rótulos tortos, um cheiro diferente. São vários fatores e precisamos treinar todos para minimizar esse problema, também cobrando fortemente as autoridades para combater essa pirataria”, afirma.

Os bares devem comprar os produtos de indústrias homologadas, se atentando às informações presentes nos rótulos dos produtos, informações de venda e nota fiscal. Outra orientação é quebrar as garrafas antes de enviar à reciclagem, evitando que sejam utilizadas pelos grupos criminosos que falsificam bebidas. 

“Estamos também orientando consumidores a desconfiar de estabelecimentos com produtos muito baratos, que não demonstram higiene e padrão de qualidade. Principalmente quando você consome na rua ou em estabelecimentos sem registro”, aponta Taiene.

RECOMENDAÇÃO É OBSERVAR RÓTULO E EVITAR ESTABELECIMENTOS SEM REGISTRO

Os consumidores devem exigir a nota fiscal para comprovar a procedência das bebidas adquiridas, orienta Eneylândia Rabelo, presidente do Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon-Fortaleza). 

“Além disso, observar o lacre e os rótulos. Com a adulteração, costuma-se ter erros evidentes na impressão dos rótulos. Para a bebida pronta é mais complicado, porque o ideal é verificar a embalagem original da bebida antes de consumidor”, explica.

Eneylândia destaca a importância de denunciar estabelecimentos com suspeita de adulteração, para evitar que consumidores sejam lesados e identificar os suspeitos da ilicitude. A informação do lote é uma das principais a ser comunicada às autoridades. 

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“Colocar em risco a vida do consumidor interfere em direitos básicos. Se for comprovado que houve má-fé do estabelecimento, seja o fabricante ou o fornecedor final, pode ser penalizado em interdição do estabelecimento e multa de até R$ 18 milhões”, afirma. 

Para produzir, engarrafar, exportar e importar bebidas, os estabelecimentos devem ter registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A pasta avalia realizar ações de fiscalização, considerando o padrão inédito dos casos.

“As ocorrências de intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou população em situação de rua, ambos a partir de ingestão de álcool em postos de gasolina adulterados com a substância”, diz o ministério.

MAIS DE 20 CASOS DE INTOXICAÇÃO NO PAÍS

O Governo Federal estabeleceu um plano de ação para os casos de intoxicação por metanol. Todas as unidades de saúde devem informar casos suspeitos imediatamente. 

Conforme o último levantamento, foram registrados 22 casos no país: 7 confirmados e 15 em investigação. Até então, o Brasil contabilizava cerca de vinte casos em todo o ano. 

Há registros de intoxicação em diferentes tipos de bebidas, como gin e vodka. Um dos casos ocorreu em um bar na zona nobre de São Paulo. Ainda não foram identificados, entretanto, responsáveis pela adulteração das bebidas. 

O metanol é uma substância altamente inflamável, que provoca intoxicação grande já em pequenas quantidades. Quando ingerido ou em contato com a pele, pode provocar cegueira e até a morte.

Os principais sinais são visão turva, perda de visão e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese). Em casos de identificação dos sintomas, é preciso procurar serviços de emergência média e entrar em contato com pelo menos uma das instituições:

  • Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
  • Ciatox Ceará: 3255-5012/ 3255-5050; WhatsApp: (85) 984397494; 
  • Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país. 

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