O que é metanol e o que se sabe sobre as mortes após ingestão de bebida alcoólica com a substância

Os dois casos com mortes ocorreram na cidade de São Paulo e em São Bernardo do Campo

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Imagem mostra recipientes transparentes semelhantes aos de um laboratório com líquido translúcido amarelado, o metanol, em um fundo branco.
Legenda: O metanol, quando ingerido, inalado ou absorvido pela pele em contato prolongado, pode provocar náusea, tontura, perda da visão e até a morte
Foto: Freepik

Duas pessoas morreram e oito foram internadas em menos de um mês no estado de São Paulo após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, substância altamente inflamável, tóxica e dificilmente identificada. Há outros dez casos em investigação.

Os episódios vêm ocorrendo desde o dia 1º de setembro, nas cidades de São Paulo, Limeira, Bragança Paulista e São Bernardo do Campo. As duas mortes ocorreram em São Paulo e em São Bernardo do Campo.

A vítima que morreu que morreu em São Paulo é um homem de 54 anos que apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu no dia 15.

Veja também

A outra vítima foi atendida no Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo. Em nota ao g1, a Prefeitura de São Bernardo disse que a morte foi por suspeita de contaminação por metanol, mas que não serão repassadas mais informações em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Veja o que se sabe

  • Duas pessoas morreram em São Paulo no mês de setembro, uma em São Bernardo do Campo e outra na capital São Paulo;
  • Houve ainda uma intoxicação de várias pessoas durante confraternização; quatro jovens, sendo dois homens e duas mulheres, foram internados;
  • Um dos jovens está na UTI e teve sintomas como náuseas, vômito e cegueira;
  • A intoxicação na confraternização ocorreu por causa de um gin adulterado;
  • Secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos afirma que casos podem estar subnotificados e situação "pode evoluir para surto".

Intoxicados durante confraternização

Quatro jovens, dois homens e duas mulheres com idades entre 23 e 27 anos foram internados após consumirem duas garrafas de gin no dia 1º de setembro.

O grupo comprou as garrafas de gin em uma adega na cidade de Dutra, em São Paulo. Após isso, eles consumiram a bebida na casa de um dos jovens, durante uma confraternização que seguiu até por volta de 3h.

Na manhã seguinte, o dono da residência passou mal, apresentando náuseas e vômitos. Ele acreditava serem sintomas de ressaca, mas segundo a tia do rapaz, ele começou a gritar que estava cego.

O jovem foi levado ao hospital e está intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). As garrafas foram examinadas e foi constatada a presença de metanol.

Os demais jovens que participaram da confraternização foram chamados ao hospital e também foram internados.

Gin, whisky e vodka

Entre as bebidas envolvidas estão gin, whisky e vodka compradas em diferentes locais: conveniências, mercados informais e bares. As vítimas também tem perfis variados, incluindo jovens e adultos que consumiram álcool em festas, bares e outros locais.

Em meio à recorrência de casos em menos de um mês, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu no último sábado (27) uma recomendação urgente a bares e outros estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas em São Paulo e regiões próximas.

O que é o metanol?

O metanol, quando ingerido, inalado ou absorvido pela pele em contato prolongado, pode provocar náusea, tontura, perda da visão e até a morte.

Pequenas quantidades já são suficientes para provocar intoxicação grave.

Em casos de suspeita de ingestão, a orientação das autoridades é procurar imediatamente o Sistema Único de Saúde (SUS) diante dos primeiros sintomas.

De acordo com Marta Machado, secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, a detecção precoce é fundamental para o tratamento.

"O tempo de detecção é um fator muito importante para o tratamento, que pode ser feito via antídotos ou até hemodiálise", afirmou a secretária.

Ela também classificou a situação como grave e afirma que o número real de intoxicações pode estar subnotificado e o cenário “pode evoluir para surto”.

Assuntos Relacionados