Projeto cearense revitaliza bibliotecas e incentiva a prática da leitura em escolas públicas

Em pouco mais de dois anos de atuação, o “Ventos do Saber” doou mais de mil livros e reestruturou oito bibliotecas em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza

Escrito por Redação , metro@svm.com.br

O estímulo à leitura é uma das estratégias pedagógicas mais eficientes para que o estudante desenvolva habilidades de interpretação de texto e senso crítico. Em um universo cada vez mais conectado, esse hábito se tornou um desafio. No Ceará, porém, um projeto vem transformando bibliotecas de escolas públicas como incentivo ao letramento através dos livros. Com quase dois anos de atuação, o "Ventos do Saber" celebra os ganhos entre alunos, professores e comunidade.

Já são mais de dois mil livros doados, 200 brinquedos, 24 violões e 12 computadores para reforçar a estrutura das bibliotecas. Além disso, o projeto realizou 16 oficinas literárias, oito contações de histórias e quatro oficinas de violão. Somando todas as atividades, cerca de 1.050 alunos foram assistidos e 130 professores capacitados. 

Ventos do Saber
Legenda: Quatro instituições de ensino de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, tiveram suas bibliotecas equipadas.
Foto: Divulgação

Ainda em 2019, quatro instituições de ensino de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, tiveram suas bibliotecas equipadas. São elas: Escola Aba Tapeba, Escola Alice Moreira de Oliveira, Escola Luiz Rocha Mota e Escola Saul Gomes de Matos. Em agosto deste ano, outras quatro unidades do mesmo município também foram contempladas: Escola Luzia Correia Sales, Escola Antônio Dias Macedo, Escola Domingos Abreu Brasileiro e Escola Plácido Monteiro Gondim.

O Ventos do Saber tem como objetivo democratizar o acesso ao livro em escolas públicas de ensino infantil e fundamental, formando leitores com um olhar mais crítico não só direcionado para a leitura, mas para o mundo, além de fortalecer as habilidades textuais e de argumentação oral. 

Ganhos

Segundo o diretor da iniciativa, Emídio Sanderson, a revitalização das bibliotecas as tornam não só um ambiente de leitura e de difusão de conhecimento, mas um espaço de sociabilização com trocas, afetos e inúmeros frutos. 

"A autoestima das crianças, dos professores e de toda a escola aumenta bastante. Tanto é que nas quatro escolas onde a gente fez o trabalho no ano passado, tiveram um aumento de matrículas porque as crianças queriam estudar na biblioteca do Ventos do Saber. Então, elas passaram a ter o prazer de ir para a escola", justifica.

A diretora da Escola Aba Tabeba, Rejane Sousa, ainda lembra do antigo espaço de leitura reservado para os alunos. "Pequeno e com poucos livros", resume, detalhando como está a nova biblioteca após a chegada do projeto. "Deu uma inovada geral, porque além da biblioteca, eles trouxeram computadores que possibilitam aos nossos alunos fazer pesquisa, já que em casa eles não têm esse acesso". 

Para além da mudança estrutural, Rejane comemora o envolvimento e a assiduidade dos alunos nas atividades escolares. "É muito gratificante perceber que eles descobrem novas possibilidades e aprendem com os livros. Muitos deles pedem livros emprestados e voltam contando a história”, destaca.

Conhecimento

O João Paulo, de 12 anos, é um dos estudantes que “viaja no mundo dos livros”. O gosto pela leitura ele carrega desde criança, mas o acesso à nova biblioteca permite “novas aventuras” por meio das palavras. Tem sido assim, sobretudo, com os livros de ciências, pelos quais ele nutre um apreço maior, já que tem o desejo de tornar-se um cientista na vida adulta.

“Eu quero ser cientista e fazer muitos experimentos do mesmo jeito que eu vejo nos livros”, espera. Enquanto isso, João Paulo também aproveita o tempo para aprimorar os conteúdos. “A gente consegue aprender muitas coisas com a tecnologia que tem na biblioteca”, conta. 

Ainda neste, a ideia do projeto é promover mais quatro oficinas presenciais com atividades educativo-culturais aos alunos, seguindo as recomendações sanitárias para evitar a transmissão do novo coronavírus. Caso não haja autorização do governo, a programação será feita de forma virtual. 

“O projeto está sendo transformador porque chega em comunidades com pouco ou nenhum acesso a atividades culturais. Essas escolas talvez nunca tiveram uma atenção tão especial tanto do poder público como da iniciativa privada”, avalia Emídio Sanderson.