Professores e alunos de medicina atendem pessoas em situação de rua com projeto social em Fortaleza

O projeto teve início com o agravamento das dificuldades enfrentadas pela população em situação de rua com a pandemia do coronavírus

Escrito por Redação ,
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Legenda: Busca por atendimento humanizado norteia as ações.
Foto: Divulgação

Em meio a questões de vulnerabilidade social ampliadas pela pandemia da Covid-19, professores e alunos do curso de medicina do Centro Universitário Christus (Unichristus) estão prestando assistência a pessoas em situação de rua, na capital cearense, em parceria com a Comunidade Católica Shalom, por meio dos projetos ‘Pé na Rua’ e ‘Shalom Amigo dos Pobres’.

Voltada à área da Saúde da Família, a ação realizou, durante o mês de julho, atendimentos médicos e psicológicos, além de fornecer assistência social e espiritual, bem como a coleta de material para exames laboratoriais e a disponibilização de medicações, banhos e alimentação à população que vive nas vias de Fortaleza.

De acordo com o médico e professor da Unichristus, Júlio César Telles, o projeto, além de fornecer amparo a esse grupo, também forma médicos mais humanos. “Dá uma certa empatia, porque, às vezes, o paciente é encaminhado [aos consultórios] depois de anos esperando um atendimento, então é preciso ter uma atenção especial”.

Acho que isso traz os estudantes para um choque de realidade, torna-os mais empáticos e aí eles conseguem entender que, às vezes, as demandas não são só para medicamentos, às vezes é preciso uma conversa, um acolhimento olho no olho, que é algo que todo mundo precisa, mas que essa população em vulnerabilidade precisa ainda mais”
Júlio César Telles
Médico e professor da Unichristus

Para o estudante e diretor da Educação Médica Jovem da Associação Médica Cearense (AMC), Nickson Maniçoba, o projeto tem sido essencial, pois “a formação médica não envolve apenas um corpo biológico, ao meu ver, ela envolve também o lado humano de saber lidar com as dificuldades, saber ouvir, orientar da forma adequada”.

Maniçoba relata também que as pessoas em situação de rua precisam de um suporte amplo. “Trabalhar a educação e a saúde com essa população nos ajuda com algumas situações. Falar um pouco da higiene bucal, do uso de preservativos ou, até mesmo, trabalhar com redução de danos”.

Neste contexto, o médico e docente Júlio César Telles destaca que essa parcela da sociedade sofre ainda com a falta de preparo nos atendimentos promovidos por alguns hospitais e unidades primárias de saúde. “Então eles [grupo vulnerável] não conseguem lidar muito bem, têm vergonha de ir e acabam negligenciando o próprio bem-estar”.

Diversas doenças costumam acometer, em maior grau, essa população, principalmente por conta do ambiente de suscetibilidade no qual estão inseridos. “É muito comum, infelizmente, haver a dependência química de álcool e outras drogas. Além de problemas gerais, a gente nota muitas lesões na pele e quadros de tosse, visto que muitos deles fumam, então têm problemas respiratórios com frequência”, prossegue o especialista.

O estudante Nickson Maniçoba reitera que, nas ações, eles resolvem o que está ao alcance de ser solucionado. “[Quando] a gente tem disponível o arsenal terapêutico - seja com curativo, com a limpeza da ferida ou com os próprios medicamentos -, a gente já resolve ali”. No entanto, muitas vezes, há a necessidade de encaminhar essas pessoas aos postos de saúde para tratamentos específicos e contínuos.

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Legenda: Ampliação do projeto é prevista com a implementação de ambulatório móvel.
Foto: Divulgação

Além disso, com o intuito de ampliar a escala das ações sociais, o professor Júlio César Telles explica que eles pretendem ainda implementar um ambulatório móvel. “Hoje em dia, a gente vai às praças, onde eles nos procuram. No futuro, a ideia é que a gente comece a andar por áreas mais carentes e consiga fazer, além da parte assistencial de saúde, doações de roupas, alimentos e livros”.

Atendimento Médico Voluntário

Local: Praça do 5º Batalhão da Polícia Militar

Rua Floriano Peixoto, Centro, Fortaleza

Datas: 24, 26, 27, 28 e 31 de julho de 2021

Horário: 9 às 12h

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