Relatório sobre prejuízos causados pelo incêndio no Parque do Cocó será entregue até sexta (2)

O Governo do Ceará afirmou que considera "100% debelados" os focos de incêndio que atingiram a Unidade de Conservação

Escrito por Luana Severo e Gabriela Custódio , ceara@svm.com.br
Incêndio no parque do cocó
Legenda: O Corpo de Bombeiros do Ceará garantiu que não há mais nenhum foco de incêndio no Parque do Cocó
Foto: Thiago Gadelha

O Governo do Ceará convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (30) para anunciar que considera “100% debeladosos focos de incêndio que atingiram o Parque Estadual do Cocó, com início no último 17 de janeiro. A secretária estadual do Meio Ambiente, Vilma Freire, também informou que o relatório produzido pelo Grupo Técnico de Trabalho responsável pelo diagnóstico da área afetada pelo fogo será entregue ao governador Elmano de Freitas (PT) até sexta-feira (2).

O documento, segundo Vilma Freire, vai apresentar medidas — tanto urgentes quanto de médio e longo prazo — para sanar o que foi afetado e prevenir novos incêndios. Instituído por meio da Portaria nº 07/2024, publicada no Diário Oficial do Estado na quarta (23), o Grupo Técnico de Trabalho é formado por representantes da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Durante a coletiva, a secretária evitou falar sobre prejuízos do incêndio ao Parque. Em entrevista ao Diário do Nordeste, porém, Freire havia informado que a área afetada “é de aproximadamente 10 hectares”.

Dos prejuízos, a gente prefere não dizer agora porque a gente precisa falar isso de forma muito clara para a sociedade. A gente está falando do maior patrimônio verde do nosso povo, então, quero trazer números precisos. Esse trabalho está sendo feito pela Pefoce, juntamente com os fiscais da Semace. Nos próximos dias, a gente vai estar trazendo esse número exato.
Vilma Freire
Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema)

Também não se sabe ainda se o incêndio foi acidental ou criminoso. Na coletiva, a delegada geral adjunta da Polícia Civil, Teresa Cruz, informou apenas que estão sendo feitas diligências e que ainda aguarda o laudo da Perícia Forense para dar seguimento às investigações e concluir o inquérito.

“Depois que a Polícia Civil termina o inquérito policial, esses documentos todos são encaminhados à Justiça e só então a gente pode dar alguma informação sobre o que foi levantado. (…) Nós temos um prazo de 30 dias para finalizar (o inquérito), mas temos diversos atores que precisam ser ouvidos. Como o fogo já foi debelado, vamos precisar ouvir as pessoas que trabalharam aqui, estamos verificando as câmeras que estão nas imediações”, afirmou.

O cientista-chefe do Meio Ambiente, Luis Ernesto Arruda Bezerra, afirmou, contudo, que uma parte do capim do parque, formada, basicamente, por taboa, foi o “principal combustível” do incêndio. “Tem um capim que foi o principal combustível do incêndio. E tem uma área de mangue que foi afetada, mas uma área pequena. A maior parte do incêndio, de fato, que fez aquela grande fumaça, foi desse capim, que regenera super fácil. Se vocês descerem lá agora, vão ver que já está ficando verde de novo”, explicou o especialista.

Parque do Cocó incendiado
Legenda: O incêndio no Parque do Cocó começou no último dia 17 de janeiro
Foto: Thiago Gadelha

Ernesto disse também que, à priori, o impacto do fogo na fauna também não foi grande. “De fauna, a gente não conseguiu fazer esse levantamento, mas a gente já entrou em dias depois do incêndio e, à priori, pelo que fiquei sabendo, pouca coisa foi afetada. Não foram resgatados muitos animais”, garantiu.

O professor explicou que o relatório traz opções de restauração das áreas atingidas, considerando aspectos da atividade salineira, “que ocorreu no passado e até hoje impede que a área restaure naturalmente”. Segundo o cientista-chefe, ainda não é possível saber em quanto tempo a região será recuperada.

“Qualquer estudo de recuperação, no mínimo, você consegue começar a observar os resultados a partir do final do primeiro ano. Com um ano, essa área vai estar bem regenerada. Principalmente se chover bem. As previsões de chuva [para o Ceará, de maneira geral] são ruins, mas, se chover bem esse ano, pelo menos na média, você vai ver que já começa a recuperar a área verde rapidamente”, projetou.

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Trilhas ficarão fechadas

De acordo com Freire, o acesso às trilhas do parque continuará fechado e não tem previsão, ainda, para reabrir. “A gente teve que fechar o acesso às trilhas, todo mundo acompanhou, foi pelo bem da população. Uma vez que os animais estavam se sentindo afetados pela fumaça, pelo fogo, eles fugiram para as trilhas. Então, por questão de segurança, nós fechamos”, justificou a secretária. “A partir do que o estudo apontar, quando a área estiver livre, com segurança, a gente vai liberar”, continuou.

A titular do Meio Ambiente disse ainda que o Governo tem tomado medidas para prevenir novos incêndios, como ampliar a área fiscalizada, inclusive, com aumento de câmeras de segurança, aumentar as equipes que ficam no entorno do parque e trabalhar educação ambiental. 

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Bombeiros garantem não ter mais foco de incêndio

Segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Ceará, o coronel Cláudio Barreto, foram deslocadas, em média, 17 viaturas por dia para debelar o fogo no Cocó. Além disso, ele afirmou que teve um dia em que a Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) fez cerca de 60 lançamentos de água. “Cada lançamento desses com uma média de 500 litros [d'água]”, afirmou. 

O coronel garantiu ainda que, no momento, “não tem nenhum tipo de foco” de incêndio no parque. “Ontem [29] à noite, colocamos um drone termal para verificar se existia algum tipo de foco de calor, algum tipo de foco de incêndio. E a gente percebeu que não tinha”, disse. “A partir de agora, vou determinar para que sejam retiradas as nossas viaturas e todo o apoio dos bombeiros, mas, claro, temos aqui rajadas fortes de ventos, altas temperaturas, pode acontecer [novo foco]. Pode acontecer. É natural acontecer. (…) Mas tenho aqui Corpo de Bombeiros muito próximo, no Mucuripe, tenho na Messejana e no Cisp, o Centro Integrado de Segurança Pública. Dessa forma, tenho certeza que chegaremos aqui com brevidade, basta apenas ligar para o 193”.

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