'Não é justo professor de R$14 mil não dar aula para aluno que família ganha R$1,4 mil', diz Elmano

Docentes cobram valorização da categoria e melhorias estruturais para universidades que possuem demandas históricas

Escrito por Redação ,
Governador avaliou greve de professores como injusta politicamente
Legenda: Governador avaliou greve de professores como injusta politicamente
Foto: Ismael Soares/SVM

O governador Elmano de Freitas (PT) avaliou a greve de professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece), da Universidade Regional do Cariri (Urca) e Universidade do Vale do Acaraú (UVA) como injusta politicamente, ao comparar o valor da remuneração de docentes com a renda da população do Ceará, durante entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste. O movimento paredista completa dois meses nesta terça-feira (4).

“A média salarial dos nossos professores universitários é de R$ 14 mil. Eu sou o governador de um estado em que o povo cearense vive com dois salários mínimos, e olhe lá. Grande parte no mercado informal. (...) Não é justo esse professor de R$ 14 mil não dar aula para um aluno que a família dele ganhou R$ 1.400, R$ 1.500, R$ 2.000. Não acho justo, politicamente. Estou falando não como um governador, como cidadão”, afirmou Elmano. 

Apesar da fala do governador, nem todos os professores das universidades estaduais recebem esse valor, há docentes que ganham valores maiores, no entanto, há muitos outros que ganham montantes muito abaixo do mencionado. No Portal da Transparência do Governo do Ceará é possível constatar os valores de todos eles.   

As demandas dos professores são históricas, se acumulam há várias gestões. Além do reajuste salarial, a mobilização dos professores requer soluções para questões que envolvem demandas estruturais em espaços das universidades, recomposição do orçamento, reestruturação da carreira docente e falta de professores, principalmente na Uece. 

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O governador aponta que ofereceu um reajuste acima da inflação, de 5,6%, para a classe, além da atualização que permite uma ascensão funcional sem, necessariamente, ser por meio de concurso público. Segundo Elmano, a Urca teria sido a única a aceitar a proposta.

Greve dos professores completa 2 meses

Procurada pela reportagem, a Seção Sindical do ANDES-SN na UECE (Sinduece) enviou nota informando que "repudia, veementemente, as seguidas tentativas do governo estadual de desmoralizar o movimento grevista dos professores das universidades de ensino superior do estado".

Segundo a instituição, ao longo dos 2 meses de greve, Elmano negociou uma única vez, "porém sem retirar a criminalização do movimento, colocando os Sindicatos em uma posição desigual. A proposta, todavia, não atendeu as reivindicações da categoria, principalmente na questão salarial."

A Sinduece disse ainda na nota que segue aberta ao diálogo e "pressionando" para que o governador aceite receber o Sindicato para apresentar a contraproposta aprovada em assembleia docente, para pôr fim à greve. 

Nesta semana, a agenda de mobilizações continua em Fortaleza, com exibição do CineGreve e nos Campi do Interior, com ocupação e atividades de greve. Na próxima terça-feira (11), a categoria conseguiu uma nova mesa de negociação com os representantes do Governo.

Mesmo assim, o Sindicato dos e das Docentes da Urca (SINDIURCA) segue sua agenda de mobilização, conforme apurou a reportagem. A entidade havia anunciado que só discutiria a finalização depois da suspensão da ação judicial que buscava criminalizar o movimento paredista. A Justiça do Ceará revogou a medida na última quarta-feira (29), mas a greve continua.

O Sindicato dos Docentes da UVA (SINDIUVA) anunciou, para esta terça (4), a discussão de uma contraproposta unificada envolvendo os três sindicatos. No mesmo dia, o Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece) realiza uma assembleia para marcar os 60 dias de greve.

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