La Niña: veja previsão atualizada para fenômeno que favorece chuvas no Ceará

Resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico trazem menos calor e mais chuva em algumas regiões do planeta

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Mulher caminhando de costas com um guarda-chuvas em Fortaleza
Legenda: La Niña depende de outros fenômenos climáticos para trazer boas chuvas para o Ceará
Foto: Davi Rocha

As condições climáticas do início de cada ano são preponderantes para compreender o cenário de chuvas na quadra invernosa (fevereiro a maio), principal período para acúmulo de água nos reservatórios do Ceará. A La Niña é um dos fenômenos que favorece as precipitações no Estado e está prevista para 2025, mas, até o momento, não foi configurada.

As condições de La Niña – caracterizada pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico – podem se desenvolver nos próximos três meses, mas devem ser “relativamente fracas e de curta duração”, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado na última quarta-feira (11).

Segundo o documento, o fenômeno tende a ter um efeito de resfriamento de curta duração e não reverte o aquecimento global induzido pelo homem a longo prazo. A Organização lembra que 2024 deve ser o ano mais quente já registrado na história. 

Atualmente, prevalecem condições de neutralidade no Pacífico, ou seja, nem La Niña nem El Niño (fenômeno oposto de aquecimento das águas e de impacto negativo no regime de chuvas no Nordeste brasileiro).

Contudo, as últimas previsões dos Centros Globais de Produção de Previsões de Longo Prazo da OMM indicam chance de 55% de uma transição de neutralidade para condições de La Niña entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. Outros 45% supõem permanência da neutralidade.

O comunicado revela uma perda de força em relação à atualização anterior, emitida em setembro, quando os cientistas previam probabilidade de 60% do fenômeno, no mesmo período de análise. Em junho, a chance era de 70% para ocorrência entre agosto e novembro.

“As temperaturas da superfície do mar estão ligeiramente abaixo da média em grande parte do Pacífico, mas esse resfriamento ainda não atingiu os limites típicos de La Niña”, descreve o novo relatório.

Uma possível razão para o desenvolvimento vagaroso são as fortes anomalias de vento de oeste observadas durante boa parte de setembro até o início de novembro, que não são propícias para a La Niña. 

Pelo possível caráter efêmero, o órgão internacional também informa 55% de chance do retorno das condições neutras entre fevereiro e abril de 2025.

Sobre um cenário mais negativo para as chuvas no Nordeste, a OMM é enfática: “a chance do El Niño se desenvolver é insignificante durante o período de previsão”. No entanto, as condições permanecerão em monitoramento.

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Como funciona a La Ninã?

A La Niña se refere ao resfriamento de 0,5°C ou mais, em larga escala, das temperaturas da superfície do Oceano Pacífico, juntamente com mudanças na circulação atmosférica tropical, como ventos, pressão e precipitação. Como reflexo, há menos calor e mais chuva em algumas regiões, sobretudo tropicais.

No Brasil, historicamente, aponta o Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden), períodos sob a influência do La Niña são associados com chuvas acima da média em áreas das regiões Norte e Nordeste, e chuvas abaixo da média nas regiões Centro-Oeste e Sul.

No entanto, eventos climáticos naturais assim estão ocorrendo no contexto mais amplo das mudanças climáticas induzidas pelo homem, “que estão aumentando as temperaturas globais, agravando condições climáticas e meteorológicas extremas e impactando os padrões sazonais de precipitação e temperatura”, diz a OMM.

Celeste Saulo, secretária-geral da Organização, frisa que, mesmo na ausência de condições de El Niño ou La Niña desde maio, diversas localidades vivenciaram uma “série extraordinária de eventos climáticos extremos, incluindo chuvas recordes e inundações”.

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La Niña sempre traz boas chuvas ao Ceará?

Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), normalmente, a La Niña não prejudica as chuvas no setor norte do Nordeste, incluindo o Ceará.

Contudo, ela não traz necessariamente um bom volume de chuvas no Estado e depende de uma conjuntura associada a outros sistemas meteorológicos.

Como exemplo, o órgão cita o ano de 2012, quando foi confirmada uma situação de La Niña, mas a estação chuvosa ficou abaixo da média. Isso revela que “as condições do oceano Atlântico são decisivas para definir a qualidade da estação chuvosa no Estado”.

A Funceme, inclusive, já divulgou que o Ceará tem 45% de probabilidade de chuvas abaixo da média na pré-estação, entre dezembro e fevereiro. Já a chance de precipitações acima da média no mesmo período é de apenas 20% 

Quais as condições para plantar?

O mais recente Boletim Agroclimatológico Mensal do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), publicado em novembro, confirma esse prognóstico.

Até janeiro de 2025, a previsão indica chuvas abaixo da média climatológica em toda a Região Nordeste, com seca mais acentuada no Piauí, no Ceará e no Maranhão.

Quanto à temperatura do ar, espera-se que fique acima da média histórica em toda a região, com destaque para o sul do Maranhão e do Piauí, onde as temperaturas podem ser mais elevadas.

A previsão ainda aponta para baixos níveis de água no solo, na maior parte da região. Mas, no Maranhão, sul do Piauí e na Bahia, pode haver “ligeiro aumento em janeiro/2025”.

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