Fenômeno que causou fortes chuvas no Grande Recife pode chegar com menos intensidade ao Ceará

Meteorologista da Funceme explica que áreas de instabilidade podem provocar precipitações de fracas a moderadas.

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Chuva em Fortaleza durante a quadra invernosa de 2022.
Foto: Fabiane de Paula

Cidades do Grande Recife, em Pernambuco, continuam em alerta por causa das fortes chuvas que ocorrem na região desde o fim de semana. Como resultado, mais de 90 pessoas morreram e 26 estão desaparecidas, de acordo com as autoridades. Contudo, o sistema meteorológico que está provocando desastres por lá deve ter pouca influência no Ceará.

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A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) atribui essas chuvas ao Distúrbio Ondulatório de Leste (DOL). Segundo o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Agustinho Brito, esta época do ano é favorável à ocorrência do fenômeno.

O DOL se caracteriza por perturbações em campos de pressão e vento no sentido de leste para oeste, na costa leste do Nordeste, sobretudo no período pós-estação chuvosa no Ceará, que começa em junho. 

“É normal ocorrer, mas nem todo ano ele atinge o Ceará. Podem sobrar algumas áreas de instabilidade que cheguem para o Cariri e sul da região Jaguaribana, a princípio de fracas a moderadas. Também pode ser que atinja a faixa litorânea, mas não é o prognóstico para agora”, detalha Agustinho.

Legenda: Radar meteorológico mostra situação do Nordeste no início da tarde desta segunda-feira (30).
Foto: Satélite GOES/Inmet

Na análise atual para o Ceará, as precipitações com influência do DOL tendem a ocorrer à noite e durante a madrugada. Porém, o meteorologista ressalta que “não devem ter a mesma proporção” das que aconteceram em Pernambuco. 

Conforme a Funceme, para terça (31) e quarta-feira (1º), a tendência é que os maiores acumulados de chuva ocorram nos extremos do estado, ou seja, na faixa litorânea, Cariri e sul do Sertão Central e Inhamuns.

Situação de emergência

Desde o dia 27, a Apac emitiu alerta de nível vermelho, o maior da escala e que indica risco elevado de desastres. O último boletim da Agência, emitido no domingo (30), reduziu o alerta para amarelo, de “observação”. Em Pernambuco, o período chuvoso ocorre entre abril e julho.

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A previsão da Apac para os próximos dias é de continuidade de chuvas, mas com intensidade moderada, de até 50 milímetros. No fim de semana, o órgão registrou chuvas de mais de 300 milímetros em algumas cidades próximas. Alagamentos, deslizamentos e quedas de árvores foram registrados. 

5 mil 
pessoas estão desabrigadas, principalmente na Região Metropolitana do Recife e na Zona da Mata, conforme o Governo de Pernambuco.

Agentes das forças de segurança, Defesa Civil, Exército e órgãos municipais atuam em 7 pontos de deslizamento na busca por desaparecidos. Alertas oficiais de novas ocorrências continuam porque o solo permanece encharcado.

Até o último domingo (29), 14 cidades pernambucanas decretaram situação de emergência. O Governo Estadual liberou R$100 milhões para trabalhos de busca, salvamento e reconstrução de infraestrutura. 

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