Contra a podridão seca, fungicida criado no Ceará protege plantações de caju e mais 500 espécies
Foram utilizadas apenas substâncias naturais e a descoberta já possui patente aprovada; pesquisa busca uso como medicamento
Cientistas da Universidade Estadual do Ceará (Uece) criaram um fungicida natural capaz de proteger mais de 500 espécies de plantas, como cajueiro, coqueiro e pé de acerola, contra doenças como a podridão seca (causada pelo Lasiodiplodia theobromae). A descoberta recebeu carta-patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Os próximos passos dos pesquisadores serão para comercializar o produto e para realizar outros testes na avaliação do uso farmacológico da substância. As informações foram divulgadas pela comunicação da Universidade.
A patente conquistada pela Uece envolve 9 fórmulas produzidas a partir de 3 tipos de extratos da raiz do neem, óleo vegetal ou óleo essencial de eucalipto ou óleo essencial de cravo.
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Todas as fórmulas possuem ações fitossanitárias e farmacológicas, principalmente, contra os fungos Lasiodiplodia theobromae, Candida albicans, Candida brasilienses e Trichophyton rubrum – comuns no Nordeste.
O fungicida pode proteger plantações inteiras, com baixo custo e de forma natural, o que pode beneficiar muitos que dependem da agricultura familiar para o sustento. Além disso, há possibilidade de uso como medicamento para humanos conforme o estudo avance.
A pesquisadora Ana Lúcia Eufrázio Romão explicou que a podridão seca prejudica de forma intensa, principalmente, a cultura do caju e por isso houve um direcionamento do estudo para a erradicação da praga.
“Trata-se de produtos bioativos que inibem a proliferação e o crescimento de fungos vetores de doenças em humanos e plantas. As formulações desenvolvidas por nosso grupo, e agora patenteadas, podem ser utilizadas no combate à podridão seca”, contextualizou.
Vantagens do fungicida
Também atuaram na pesquisa Carlucio Roberto Alves e Katiany do Vale Abreu. Carlucio Roberto Alves, orientador da pesquisa, analisou o produto como resultado de estudos para identificação dos princípios ativos para inibir o crescimento de fungos, como o da doença.
“É um fungo muito resistente que contamina cerca de 500 espécies de plantas, causando prejuízos para a agricultura familiar e o agronegócio brasileiro. Esse fungicida, por ser um fitoquímico, possui algumas vantagens quando comparado a outros defensivos, como a baixa toxicidade, bios seletividade e ser biodegradável”, frisou.
Ana Lúcia acrescentou que foram realizados muitos testes para avaliar o nível de toxicidade e, como é um produto natural, não há prejuízo ambiental com o uso.
“Pode ser usado nessas culturas sem trazer prejuízos às plantas, aos animais ou ao ser humano, apresentando inibição do crescimento dos patógenos e fitopatógenos em até 100%. Durante o desenvolvimento desse produto, realizamos testes de ecotoxicidade, não apresentando nenhum efeito negativo aos organismos”, concluiu.
É necessário apenas uma porção de 5 a 10 ml para 1 litro de água para cada aplicação, o que já garante a eficácia do produto e a segurança na utilização sem provocar efeitos nocivos.
