Cearense passa por transplante de fígado após sobreviver a chá emagrecedor

O diagnóstico de hepatite aconteceu após usar remédio de perda de peso; caso é similar ao da enfermeira de São Paulo que morreu na última sexta

Escrito por Redação ,
Legenda: Servidora pública também alerta para os riscos, apontando que não existe remédio que vá resolver os problemas
Foto: Flávio Rovere

A busca por um corpo dentro dos padrões foi o que motivou a servidora pública Janyne Luna, a recorrer a um remédio de emagrecimento indicado por uma amiga. Em 2019, depois de copiar a receita por mais de um mês, começou a sentir enjoos e indiposição. Após ir ao médico, foi diagnosticada com hepatite e logo precisou passar por um transplante de fígado. 

Depois do transplante, os médicos analisaram as causas que poderia ter resultado no mau funcionamento do fígado e logo confirmaram que havia sido hepatite medicamentosa.

Esse é um caso semelhante ao que aconteceu com a enfermeira Maria Abreu, de 42 anos. A enfermeira do Hospital Santa Joana foi internada com hepatite após tomar cápsulas de um chá emagrecedor. No entanto, ela morreu na última sexta-feira (4), em São Paulo, após sofrer a rejeição de um transplante de fígado.

BUSCA POR EMAGRECIMENTO

A decisão de tomar um remédio ocorreu depois que Janyne descobriu que tinha um casamento para ir. "Queria dar uma secada rápida. Não fazia dieta, nunca fui de fazer isso, sempre tive um corpo atlético, mas tinha uma barriguinha que me incomodava". 

Então, quando sua amiga explicou que estava fazendo um acompanhamento com um nutrólogo, que tinha passado um remédio manipulado para emagrecer, a servidora pública logo pegou a receita. Ficou manipulando a medicação por volta de 20 dias, mas parou depois de não ver resultado

"Um mês depois, comecei a sentir uma indisposição, um enjoo, achei estranho e procurei um médico. Fiz um exame de sangue e quando saiu o exame de sangue apareceu essa hepatite, uma inflamação no meu fígado e a gente foi investigar qual poderia ser a causa"
Janyne Luna
Servidora Pública

Depois de quase um mês de investigação, enquanto fazia tratamentos para tentar alguma reação de seu fígado, precisou ser listada para o transplante. "A gente não fechava o diagnóstico e também não melhorava", detalha.

HEPATITE MEDICAMENTOSA

As causas foram descobertas depois de um mês e meio do início do transplante. "Foi feita uma biópsia no meu fígado antigo e nessa biópsia foi que constatou que era mesmo uma hepatite medicamentosa", detalhou Janyne. 

Os médicos lhe perguntaram se ela havia tomado algo e, depois de olhar seus remédios, lembrou que havia tomado um medicamento quando copiou a receita da amiga. "Na fórmula desse remédio tinha uma tal de 'maca peruana' e a equipe médica do transplante atribuiu o meu transplante a essa maca peruana", declarou.

Quando foi liberada para fazer atividades físicas, descobriu que existiam campeonatos para transplantadas e declarou que não queria parar de fazer exercícios. "Não é porque fui transplantada, que vou parar de fazer isso". 

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FALA DO MÉDICO

O médico Huygens Garcia, chefe do serviço de transplante de fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio, alertou para os perigos de chás emagrecedores, principalmente quando o medicamento não possui aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Esses chás chamados emagrecedores tem uma falsa promessa de perder peso muito rápido. Isso não existe na medicina". 
Huygens Garcia
Médico especialista

Segundo aponta, esses chás são uma associação de vários produtos que não são naturais, que tem orgiem vegetal e podem ter, inclusive, outras drogas. "Essa concentração muito alta pode causa uma lesão grave no fígado, mesmo que o fígado tenha uma capacidade de reserva funcional muito grande", apontou.

Para que alguém tenha uma hepatite fulminante, o médico explica que o fígado precisa ser lesado de forma contínua com altas doses de princípios ativos de várias substâncias. Por isso, reforça que não se pode utilizar chás que não se sabe o conteúdo.

"Então a recomendação é não utilizar chás emagrecedores que prometem perda de peso muito rápido, porque tem drogas tóxicas que podem lesar o fígado de forma fulminante", concluiu.

CASO MARIA ABREU

A enfermeira Maria Abreu foi internada após tomar cápsulas de um chá emagrecedor morreu na última sexta-feira (4), em São Paulo, depois sofrer a rejeição de um transplante de fígado. Ela teve que se submeter ao procedimento por complicações de uma hepatite.

Maria tinha 42 anos e era enfermeira do Hospital Santa Joana. O corpo dela rejeitou o transplante no último domingo (30). A família estava à espera de um novo doador, apontou o g1.

A profissional de saúde foi internada no dia 18 de janeiro com fortes dores abdominais. Ela foi diagnosticada com problemas no fígado, que rapidamente se agravaram. 

No dia 21, ela foi transferida para o Hospital das Clínicas, onde aguardou a fila de espera por um transplante. 

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