Castanhão teve apenas 5 dias sem recarga de água da chuva nos últimos 6 meses

O salto no volume do açude, que quase triplicou neste primeiro semestre, deve-se à regularidade diária das recargas

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Construído há duas décadas, o Castanhão é o maior e mais importante açude cearense
Foto: Thiago Gadelha

Ao longo dos 180 dias deste ano, em apenas cinco oportunidades o Açude Castanhão - maior reservatório público do Brasil - não conquistou recarga hídrica advinda das chuvas. Nos demais 97,23% dos dias de 2022, o açude obteve aporte. Este cenário positivo possibilitou que o Castanhão quebrasse importantes marcas que já se arrastavam há anos.

O açude iniciou o ano com apenas 8,49% de seu volume armazenado, um índice baixo e que causava preocupação, uma vez que o reservatório é o principal responsável pelo abastecimento de mais de 4 milhões de cearenses, a maior parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Seis meses depois, o reservatório passou para 24,64% de volume acumulado.

Esta porcentagem, além de ser a melhor dos últimos 7 anos, garante conforto hídrico para, pelo menos, dois anos. Isto é, mesmo que as próximas quadras chuvosas (2023 e 2024) não sejam benevolentes, o Castanhão conseguirá honrar com sua missão-mor, que é o abastecimento humano.

Aportes consecutivas

O salto no volume do Castanhão, que quase triplicou neste primeiro semestre, deve-se à regularidade diária das recargas. Em janeiro, mês que antecedeu a quadra chuvosa (fevereiro-maio), houve aporte ao longo dos 31 dias, com destaque para os dias 8 e 9 de janeiro. Somados, os aportes destas duas datas equivalem a 5 mil piscinas olímpicas.

Naquele período, conforme levantamento realizado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), a pedido do Diário do Nordeste, o gigante das águas aportou 5 milhões de metros³ em cada um dos dias. Fevereiro, único mês até agora nas quais as precipitações ficaram abaixo da média, teve quatro (dos cinco) dias sem recarga.

Legenda: Há três anos, o Castanhão tinha apenas 4,48% se capacidade total de armazenamento
Foto: Arquivo/Diário do Nordeste

Este foi o mês com menor recarga hídrica. No entanto, nos meses subsequentes, os aportes voltaram a subir, tendo apenas um dia de março com lacuna de recarga. Para mensurar o quão significativo foram as recargas em 2022, em 9 datas, o Castanhão aportou mais de 30 milhões de metros³ em intervalos de apenas 24 horas.

O maior aporte em um ínterim de 24 horas foi no dia 28 de março, cuja recarga somou impressionantes 46.359.836 metros cúbicos. No dia anterior, a recarga foi semelhante, somando 46.082.954 m³.

De janeiro ao fim de junho, o aporte total no Castanhão foi de 1,2 bilhão de metros³. Este volume representa 63% da capacidade máxima do Orós, segundo maior açude cearense. 

Ao longo de todo o ano passado, os 157 reservatórios cearenses monitorados pela Cogerh tiveram 1,7 bilhão de m³ aportados. Ou seja, o Castanhão, sozinho, em 6 meses, teve o equivalente a 70% de toda água aportada no ano passado. 

Segundo o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Estado, Francisco Teixeira, o salto exponencial do volume do Castanhão não possui qualquer dependência das águas da Transposição do Velho Chico. Conforme o titular da pasta, mais de 90% da recarga advém exclusivamente das chuvas. 

 

  

 

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