Após 114 anos, espécie de ave ameaçada, periquito cara-suja, retorna à Caatinga no Ceará

No processo, 18 exemplares da espécie foram reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA)

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(Atualizado às 06:40, em 16 de Dezembro de 2024)
imagem do periquito-cara-suja em um galho de árvore com folhas verdes ao fundo
Legenda: Durante cinco meses, os 18 periquitos permaneceram em recintos de aclimatação dentro da reserva,
Foto: Divulgação Semace

Nesta semana, a Caatinga cearense presenciou o retorno do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) , após mais de 100 anos sem registros da ave na região do Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI).

A volta aconteceu após 18 exemplares da espécie ameaçada serem reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), no Ceará, na quinta-feira (12).

A Reserva Natural Serra das Almas é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do estado e o periquito-cara-suja teve os últimos espécimes confirmados na região há 114 anos. 

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O retorno ao habitat natural agora ocorreu por meio do projeto Refaunar Arvorar, promovido pelo Parque Arvorar, do Beach Park, em colaboração com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis. 

Antes da soltura, os periquitos passaram por avaliações realizadas por biólogos, veterinários e zootecnistas, que garantiram a saúde das aves e a adaptação ao novo ambiente.

Como foi a reabilitação?

Por cinco meses, os 18 periquitos ficaram em recintos de aclimatação dentro da reserva, um período crucial para a familiarização com o local. Nesse processo estabeleceram vínculos familiares e fortaleceram a adaptação ao ambiente. 

Isso ocorre na tentativa de aumentar consideravelmente as chances de sucesso da reintrodução e da sobrevivência das aves.

A seleção dos indivíduos para a reintrodução na Serra das Almas seguiu critérios adotados na soltura realizada na Serra da Aratanha, em 2022, conforme a Semace. 

Entre os requisitos estão:

  • A pertença dos animais a grupos familiares de vida livre, o que garante maior coesão social e facilita a adaptação ao novo ambiente.
  • Estarem habituadas ao uso de caixas-ninho, o que facilita o manejo durante o processo de soltura. 
  • O treinamento prévio para o uso de comedouros, uma preparação essencial para a aclimatação gradual e bem-sucedida dos indivíduos ao habitat natural.

Além disso, diz a Semace, três periquitos que haviam sido apreendidos pelo Ibama e acolhidos no Parque Arvorar também serão transferidos para a reserva. As aves devem passar por um novo processo de aclimatação antes de serem soltas definitivamente.

Proteção de espécies nativas do periquito cara-suja

Segundo a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) a inciativa está alinhada ao Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga, um projeto do Ministério do Meio Ambiente destinado à proteção de espécies nativas ameaçadas. 

A ação contou com a participação do fiscal ambiental, Roberto Cavalcante e da gestora ambiental, Marina Lopes, além de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

A Reserva Natural Serra das Almas já havia registrado o retorno de outras espécies como a paca, o tatu-bola e o guariba-da-caatinga. 

Mas no caso de espécies extintas localmente, como o periquito-cara-suja, as emas e as araras, a Semace destaca que "requerem intervenções diretas, como a reintrodução, para se reintegrarem ao seu habitat original". 

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