2022 tem o maior número de meses com chuvas acima da média dos últimos 13 anos

Neste ano, março foi o que obteve o maior volume absoluto, com 265.5 milímetros acumulados em média

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Ceará registrou bons volumes de chuva em 2022
Legenda: Em 2022, a pós-estação chuvosa no Ceará - período entre os meses de junho e julho -, foi de chuvas acima da normal climatológica
Foto: Fabiane de Paula

Dos sete meses iniciais deste ano, apenas um (fevereiro) fechou com pluviometria abaixo da média. Outros cinco meses ficaram com chuvas além da média histórica e apenas um, o mês de abril, terminou com precipitações em torno da média.

Este é o melhor cenário dos últimos 13 nos. Em 2009, todos os primeiros sete meses do ano fecharam com pluviometria acima da normal climatológica de cada um dos períodos. 

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Neste ano, março foi o que obteve o maior volume absoluto, com 265.5 milímetros acumulados em média. Já o mês de junho conquistou a maior variação em comparação percentual com a média histórica.

Aquele mês fechou com 76,5 milímetros, o que representa mais que o dobro (104.1%) superior à normal climatológica.

"Desde 2004, não observamos tanta chuva no Estado, no mês de junho. Em 2004, o volume acumulado foi de 79,4 mm, ou seja, 111,9% acima da normal climatológica mensal", pontuou Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

  • Janeiro: 163.7 mm (65.9% acima da média)
  • Fevereiro: 64.5 mm (45.6% abaixo da média)
  • Março: 265.5 mm (30.5% acima da média)
  • Abril: 182.4 mm (em torno da média)
  • Maio: 108.8 mm (20.2% acima da média)
  • Junho: 76.5 mm (104.1% acima da média)
  • Julho: 26.1 mm (69.7& acima da média)

Pós-estação chuvosa 

Em 2022, a pós-estação chuvosa no Ceará - período entre os meses de junho e julho -, foi de chuvas acima da normal climatológica. Conforme explica Meiry, "as precipitações observadas foram ocasionadas por áreas de instabilidade que favoreceram a formação de nuvens de chuva em todo o Estado".

Sempre é bom lembrar que a climatologia das chuvas dos meses da pós-estação chuvosa, ou seja, a média de 30 anos de dados, são baixas, 37,5 mm e 15,4 mm, respectivamente, para junho e julho.
Meiry Sakamoto
Gerente de meteorologia da Funceme

Ano positivo

A soma desses volumes dos meses iniciais contribuiu para que o ano de 2022 - mesmo ainda faltando 4 meses para o final - superasse a média histórica anual em 12,2%. Até agora, dia 4 de agosto, a Funceme já contabiliza o acumulado médio de 898,6 milímetros, superior à normal climatológica que é de 800,6 mm.

Este já é o segundo melhor volume dos últimos dez anos, atrás apenas de 2020, cujo ano fechou com 958,6 mm acumulados, uma anomalia positiva de 19,7% ante à média pluviométrica. Neste intervalo, o pior ano foi o de 2012, com pluviometria final de apenas  363,8, isto é, menos da metade da normal climatológica. 

Cenário oposto

Neste mesmo recorte temporal (2009-2022) o cenário que mais se repetiu foi de anos com meses seguidos de chuvas abaixo da média. Em 2014 - oposto do que acontecera em 2009 - todos os sete primeiros meses do ano fecharam abaixo da média pluviométrica.

Em outras três oportunidades (2016, 2015 e 2012), seis dos sete meses ficaram abaixo da normal climatológica e, em outros três anos (2018, 2017 e 2013) cinco meses terminaram com pluviometria inferior à média histórica. 

Chuva do Caju

E para os próximos meses, o que esperar? A tendência é de continuidade das chuvas. Em apenas 4 dias deste mês, a média pluviométrica de agosto - que é de apenas 4,9 mm - já foi superada, alcançando o acumulado pluviométrico de 11,1 milímetros. 

A especialista da Funceme lembra, ainda, que em meados de setembro deve ocorrer o que popularmente é conhecida como "chuva do caju". Sakamoto, explica, no entanto, que essas precipitações não têm relação direta com o fruto. "Este nome foi dado devido à coincidência entre a época da chuva e a época da florada do caju", diz. 

A chuva do caju normalmente ocorrem por volta de setembro até novembro. Elas são ocasionadas principalmente por essas áreas de instabilidades e ocorrem mais na faixa litorânea.
Meiry Sakamoto
Gerente de meteorologia da Funceme

 

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