Rita Lee revelou estupro com chave de fenda na infância em autobiografia

Caso aconteceu na própria casa dela quando a cantora tinha apenas seis anos de idade: "Me contaram que eu brincava no chão da copa"

Escrito por
Diego Barbosa diego.barbosa@svm.com.br
(Atualizado às 10:23, em 06 de Setembro de 2023)
Legenda: Na biografia, Rita confessa acreditar que foi a partir do estupro que as mulheres da família passaram a relevar os "desajustes comportamentais" dela
Foto: Divulgação

"Foi o grito alucinante da minha mãe que me tirou o torpor e, vendo ela se desesperar, eu abri mó berreiro também": assim Rita Lee descreve a sensação quando, ao seis anos de idade, sofreu um estupro na própria casa. Memórias da cantora sobre o trágico acontecimento são narradas em "Rita Lee - Um autobiografia", livro publicado em novembro de 2016.

Apesar da carga bastante pesada do fato, Rita conta o episódio com irreverência. Começa escrevendo que, um dia, a máquina de costura Singer da mãe dela "engasgou" e veio um técnico da empresa. "Me contaram que eu brincava no chão da copa enquanto minha mãe mostrava pro cara onde a coisa estava enguiçada".

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Na sequência, o telefone tocou e a mãe saiu para atender. Quando voltou, encontrou a pequena Rita sozinha no mesmo lugar, "olhando petrificada" para o cabo de uma chave de fenda inserida no órgão genital, de onde escorria sangue. "O filho da p**a do técnico fez aquilo e sumiu do mapa".

Nas palavras da própria artista, ela não lembra de ter sentido dor nem do que aconteceu em seguida. "Certamente deletei esse capítulo". Só sabia que, desse dia em diante, as mulheres da família olhavam para ela como "a pequena órfã".

"A dor delas certamente foi muito, mas muito maior do que a minha. Chesa, Balú e Carú guardaram a tragédia como o grande segredo do fim do mundo de todos os tempos. Se meu pai ficasse sabendo, provavelmente iria atrás do sujeito para matá-lo e não seria bom para ninguém o chefe da família ir pra cadeia".

Por fim, para consolar a caçula e fazê-la jurar, pelo Menino Jesus de Praga, que nunca contaria sobre o “dodói” nem para ela mesma, as parentes fizeram uma vaquinha e compraram o álbum de Peter Pan "com uma porrada de figurinhas para colar". Rita afirma ter completado o álbum seis meses depois e que guarda a relíquia até hoje.

"Desajustes comportamentais"

Nesse mesmo capítulo da biografia, a cantora confessa acreditar que foi a partir daquele momento que as mulheres da família passaram a relevar os "desajustes comportamentais" dela.

"Nunca me castigaram, nem mesmo com aquele eventual tapinha na bunda que minhas irmãs volta e meia levavam. Me tratavam como uma espécie de aleijadinha psicológica. 'A Ritinha é nossa caçulinha, é justo protegê-la', explicavam elas".

Essa proteção extra, segundo ela, se seguiu inclusive na vida adulta. As saias justas pelas quais passou com drogas, prisão, críticas e boatos foram entendidas como “a dor que ela carrega na alma por causa ‘daquilo’, tadinha”. 

Partida

Rita Lee morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, segundo informou publicação no Instagram oficial da artista. Ícone do rock brasileiro, ela tratava um câncer de pulmão.

A saúde da roqueira estava debilitada desde 2021, quando ela anunciou estar com câncer. Em março deste ano, Rita retornou para casa após mais de uma semana internada no Hospital Albert Eistein. 

O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h. O corpo será cremado, segundo desejo da própria Rita, em cerimônia particular. 

A artista morre semanas antes do lançamento da outra autobiografia, marcado para 22 de maio, Dia de Santa Rita. 

 

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