Restauração do Museu do Ceará é anunciada pelo Governo do Estado
Montante de R$ 4,5 milhões será destinado para modernização, acessibilidade e atualização dos espaços dos circuitos expositivos do equipamento
Destino animador para o Museu do Ceará. Nesta segunda-feira (16), foi assinado pelo governador Elmano de Freitas um projeto de lei que autoriza a transferência de recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Estado para restauro e reforma do equipamento. O valor a ser repassado é de R$ 4,5 milhões.
O projeto abrange modernização da casa – fechada desde 2019 – bem como adequação às atuais orientações para garantir acessibilidade em museus e atualização dos espaços dos circuitos expositivos.
"Nós sabemos o desafio que é, mas eu não tenho nenhuma dúvida que, o que nós vamos ter de profissionais e de acompanhamento, para que efetivamente o museu que a gente devolva ao povo cearense esteja a altura do que o nosso povo merece", declarou Elmano durante coletiva de imprensa. O governador ainda afirmou que se for necessário colocará mais recurso para a obra.
A secretária de Cultura, Luisa Cela, pontuou que a população do Estado tem cobrado a obra. "A sociedade cearense reivindica muita a reabertura do Museu do Ceará e eu acho que com isso a gente faz o que é princípio do Fundo, que é de retornar, garantir a sociedade cearense um direito primordial que é o direito a sua memória", comentou.
Prazo da obra
A secretária confirmou ao Diário do Nordeste que a duração da obra deve durar cerca de oito a doze meses a partir do início da intervenção, que ainda não tem data prevista para começar.
Ela ainda conta que há intenção de realizar circuitos culturais com outros equipamentos públicos do Centro. "A gente tem conversado de resgatar ideias, que já foram inclusive realizadas em outros momentos, de construir circuitos entre os equipamentos culturais, viradas culturais, ideias que possam somar à presença de todos os equipamentos numa ativação", diz.
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Abandono
Reportagem do Diário do Nordeste publicada no último dia 24 de setembro mapeou o futuro do museu mais antigo do Estado. Foi apresentado o clima de abandono da instituição, com paredes pichadas, portas e janelas deterioradas e um quase completo desconhecimento da população acerca da presença e importância da entidade.
Em entrevista, a secretária da Cultura, Luisa Cela, frisou que ainda na gestão passada foi apresentado ao então governador, Camilo Santana, um plano de ampliação e modernização da Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais, incluindo o restauro do Museu do Ceará. Porém, devido a contingências financeiras e sanitárias, a agenda não avançou.
Ao assumir a pasta no início deste ano, Luisa colocou como prioridade a reabertura do imóvel. “É uma das instituições museais mais importantes de nosso Estado. Guarda um acervo que conta nossa história enquanto território, povo e instituições. Perdemos muito com um espaço como esse fechado há tanto tempo”, lamentou.
Também na reportagem, era previsto o anúncio, entre o final deste ano e início do próximo, da licitação das obras de restauro do museu. O tempo estimado de execução, a partir do início dos trabalhos, é de oito meses.
Acervo
Enquanto os próximos passos aguardam, no fim do ano passado o acervo do museu foi transferido para o prédio do Anexo Bode Ioiô, na Rua Major Facundo, 584 – ambiente onde também funciona a parte administrativa do equipamento. A passagem das obras para o espaço objetivou garantir melhores condições de guarda e preservação das relíquias.
Neste momento, a equipe técnica se dedica a cuidar, redimensionar e reorganizar as peças, bem como identificar itens que exigem intervenções no sentido de restauro. São quase 13 mil artefatos no total, distribuídos em três coleções que contam a história do Ceará: Paleontologia, Arqueologia/Antropologia Indígena e Mobiliário.
Apesar do fechamento ao público, o Museu firmou parcerias para realização de palestras, cursos e exposições, promoveu eventos on-line e continuou com o trabalho interno de salvaguarda do acervo, conforme destacou a secretaria.
Enquanto estes materiais ainda não estão disponíveis para visualização do grande público, há desejo de reabrir, ao menos para pesquisadores, o acesso ao acervo durante o restauro.
Não é de hoje
A reportagem também apurou que entraves relacionados ao Museu do Ceará não são de hoje. Em 3 de fevereiro de 1983, uma matéria destacava a falta de espaço da casa para comportar as mais de três mil peças sob sua posse. A questão se deu em virtude da inadequação da sede onde a entidade funcionava – à época, na rua Barão de Studart, 410.
Dez anos depois, em 1993, a reportagem “Peças do Museu não teriam relação com o Estado” salientava que o prédio estava precisando de pintura interna e externa, sistema de iluminação adequada e necessitava combater infiltrações. Além disso, embora tendo nome e endereço fixo para figurar nas referências turísticas da cidade, ele não “existia”, conforme o texto.
A Secult afirmou que este é um momento para refletir e problematizar a história e a memória do Museu do Ceará. De acordo com a pasta, apesar dos percalços, o espaço planeja o futuro realizando uma maior aproximação com a sociedade por meio da proposta “Museu do Ceará - rumo aos 100 anos: histórias e memórias das lutas dos povos cearenses”, quando da reinauguração do Palacete Senador Alencar, após a obra de restauro da edificação.