Que Nem Tu: Atriz Solange Teixeira diz que é preciso talento, dom e sorte para ser artista no Brasil
Com mais de 30 anos de carreira no teatro, TV e cinema, a cearense afirma que não vai deixar de morar no Ceará para conseguir bons trabalhos
Patrimônio cultural do Brasil, grande dama do teatro cearense. A atriz Solange Teixeira coleciona personagens, premiações, histórias para contar. São mais de três décadas de carreira no teatro, na TV, cinema e agora também no streaming. Com papéis de destaque, ela renega o posto de realeza e prefere se vestir como operária da arte. Consciente do seu papel e sem deslumbres sobre a profissão, a cearense reforça o coro de que é possível ser relevante e fazer grandes produções sem precisar abrir mão de viver em sua terra.
Solange Teixeira é a entrevista desta quinta-feira (7), do Que Nem Tu. O podcast que entrevista nordestinos de destaque em várias áreas faz um passeio pela história e trajetória profissional da atriz do Ceará. Em uma conversa divertida, ela pontua momentos de destaque. A primeira revelação é que a vida de atriz começou quando nem mesmo ela sabia que era atriz ainda na escola.
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No ar, na terceira temporada de Cine Holliudy, como Belina, na Globo, Solange vê o reconhecimento de mais pessoas ao seu trabalho. Ela que dedicou muitos anos ao teatro, viajando pelo país, nos últimos anos também experimentou o cinema e a série como Halder Gomes. Apesar de se divertir, ela leva tudo muito à sério.
"Hoje se criou o sonho de ser artista. Antigamente você tinha até pena. Mas hoje em dia tem glamour", diz ela, que reforça que a dramaturgia é um ofício cheio de desafios e exige muita dedicação. Para gravar um filme, por exemplo, ela cita que teve que lidar com "com cobra, mosquito, grilo, sol... Foi difícil. É divertido, mas é difícil".
Solange comemora que com os streamings a decisão de permanecer vivendo no Ceará ganha mais peso. É mais fácil continuar vivendo fora do eixo Rio-SP e poder fazer produções audiovisuais. "Eu ouvia muito isso: 'Quando você vai morar no Rio?' Eu não quero ir embora. Por que não posso trabalhar aqui também? Depois dos streamings, então? Lá já tem muita gente lutando. Deixa eu aqui. Passei agora oito meses gravando".
No entanto, a cearense pontua que nem sempre talento, dedicação e dom é suficiente para ter bons resultados na arte e na cultura. É preciso, para ela, sorte.
"Eu tive uma sorte muito grande porque embora tenha talento tem que ter uma sorte. Eu ser chamada pra fazer essa série foi..., claro que talento e dom eu tinha, mas tem outras que tem talento e dom aqui. Tem muita gente que tá lutando pra caramba, gente mais velho do que eu e nunca teve oportunidade. Não é fácil. Deus sabe o sacrifício que é pra manter um artista, num é nem no Ceará, é no Brasil"
Entre as histórias divertidas que passou a colecionar, ela dividiu quando foi confundida com a atriz Denise Fraga enquanto se apresentava no Interior. A carioca estava no filme O Auto da Compadecida e a cearense fazia turnê no teatro. Solange até tentou explicar que não era essa atriz, mas não acreditaram e ela teve até que assinar um autógrafo fake. Anos depois, o cineasta Luiz Villaça, marido de Denise Fraga, a encontrou e comentou a semelhança entre as duas.