Professora chama atenção nas redes sociais por semelhança com Clarice Lispector
Natural do Rio Grande do Norte, Idalina Mesquita é fã da escritora.
Clarice Lispector está viva? A julgar pela semelhança de Idalina Mesquita de Morais, 55, com a escritora, a pergunta faz todo o sentido. Desde o último domingo (2), a professora, natural do Rio Grande do Norte, tem chamado atenção nas redes sociais devido à fisionomia bem próxima a um dos principais nomes da literatura brasileira e mundial.
O rosto sério, de formato anguloso e expressão um tanto entediada, embora firme, faz com que a comparação seja inevitável. Foi, inclusive, o que motivou o filho de Idalina, Vicente Buccarini, morador de Fortaleza, a publicar uma foto da mãe no perfil dele no X, antigo Twitter, e conquistar inúmeras visualizações. Até o fechamento desta matéria, já são 478 mil.
No post, ele traz a público o print de uma mensagem enviada por Idalina junto a uma foto dela mesma, na qual escreveu: “Eu com cara de sono sou a Clarice Lispector”. Foi o suficiente para conquistar a audiência literária e fazer da potiguar a nova sósia da romancista. Apesar da evidente correspondência, a professora não se acha parecida com a escritora.
mainha: pic.twitter.com/uZSK90mmvA
— hilda hilst do bairro de fátima (@vicentepoirot) November 2, 2025
“Adoraria – acho ela linda, perfeita. Creio que minha expressão visual parece mais do que realmente os traços fisionômicos, se isso não for muito confuso. Quando estou séria, me acho meio brava, meio triste – e essa era uma característica dela, ter uma cara meio assim, como se estivesse entediada. Então acredito que é coisa mais do comportamento mesmo”, palpita.
A observação, claro, não é de hoje, e foi a própria Idalina que começou a alimentar a parecença com Clarice entre pares. Ao Verso, ela conta que, a princípio, por ser fã de Lispector, professora de Língua Portuguesa e lidar diretamente com literatura, achou por bem iniciar uma brincadeira na qual a semelhança entre as duas seria destaque.
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“De vez em quando eu mandava fotos para amigos íntimos e falava, ‘Hoje estou de Clarice’. Mas mais por brincadeira. A foto que viralizou, especificamente, enviei para meu filho, e ele também, meio que de brincadeira, colocou na rede social dele e viralizou, sem nenhuma pretensão. Desde ontem, quando o alcance começou a crescer, eu só rio muito”.
Paixão por Clarice
Além do causo curioso, é bonito perceber que o gracejo também revela paixão inveterada de Idalina por Clarice. Atemporalidade, subjetividade e o fato de possuir texto merecedor de leitura atenta, são alguns dos atributos elencados pela educadora para descrever a ídola.
“Para ler Clarice, precisa ser aos pouquinhos. Além de subjetiva, ela também é muito abstrata. Tudo nela me é muito interessante”, diz. É com essas credenciais que elege “A Paixão segundo GH” como o livro favorito de Lispector, e “A Hora da Estrela” como a melhor obra para começar a desbravar o universo clariciano.
É também como mensura o apreço por ensinar Língua Portuguesa, vocação fruto do amor à leitura. Para além de Clarice, Idalina também aprecia escritores como José de Alencar, e reconhece que, uma vez dedicando-se ao mergulho nesses mestres da palavra, fatores como capacidade de argumentação e ampliação do repertório cultural tendem a ser naturais.
“Sempre digo aos meus alunos, sobretudo os que querem ser advogados: você ganha uma causa não por ter razão ou por fazer o certo, mas por ter a argumentação correta. Então, em qualquer profissão, se você é um bom leitor, será um bom escritor e, consequentemente, terá um discurso que convence qualquer pessoa a lhe dar razão”.
Clarice é um elogio
Por fim, quando questionada sobre a própria recepção diante da foto repercutida nas redes sociais, Idalina é categórica: “Não serei hipócrita de dizer que, primeiro, me sinto lisonjeada”, gargalha. “Segundo, me encantaram os vários desdobramentos dos comentários, que são muito engraçados”.
“Tenho 55 anos, então nada mais tem o poder de mudar a minha vida. Acho que a energia é de diversão mesmo. São muitos comentários engraçados – até agora, pelo menos os que me mandaram no privado, ninguém foi grosseiro. Mandaram até propostas”, surpreende-se.
Ucraniana de nascença, mas naturalizada brasileira, Clarice Lispector tem densa e variada obra, com contos, crônicas e romances, além de livros infantis. Na escrita, recusou todos os rótulos e o enquadramento em escolas ou sistemas literários.
Buscou sempre a universalidade e a prospecção do próprio interior. Resultado: a produção de uma literatura de excelência incontestável e estilo inimitável, estabelecendo-se como uma das maiores escritoras da língua portuguesa de todos os tempos.
No Brasil, toda a obra de Lispector é publicada pela editora Rocco.