Fóssil dinossauro Ubirajara e mais 6 peças curiosas do Museu de Paleontologia do Cariri

Acervo promove viagem a outras eras sem sair do Ceará; nele, é possível ver fósseis de libélula e peixe até aranha e planta

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: A libélula Cordulagomphus fenestratus, escolhida como símbolo do Museu de Paleontologia do Cariri
Foto: Divulgação

Descoberto no Ceará e levado ilegalmente para a Alemanha, o fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus foi repatriado ao Brasil e já se encontra no Cariri. A nova morada é o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, cujo acervo resguarda outras peças e materiais indispensáveis para conhecer a História do mundo.

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Um recorte desse patrimônio você confere abaixo. Com auxílio do diretor da instituição, Allysson Pinheiro, separamos seis peças curiosas presentes na casa, abraçando desde fósseis de libélula e peixe até aranha, planta e dinossauro. Os excelentes exemplares demonstram a perfeita preservação dos fósseis da Bacia do Araripe, celeiro de seres pré-históricos.

Alguns estão disponíveis para visualização do público, outros ficam na reserva técnica. De qualquer forma, um jeito superinteressante de viajar para outras eras sem sair do Ceará. Veja:

Dastilbe crandalli

Legenda: Fóssil se tornou um símbolo contra a delapidação do patrimônio cientifico-cultural
Foto: Divulgação

Fósseis da espécie de peixe Dastilbe crandalli são os mais frequentes nas rochas da Formação Crato, da Bacia do Araripe. Este peixinho, por exemplo – da mesma linha evolutiva dos bagres e caris atuais – ocorria aos milhares dentro de lagos, há milhões de anos.

Feito o sertanejo, o Dastilbe era acima de tudo um forte, pois as condições onde vivia eram extremamente restritivas. A água tinha poucos nutrientes e apresentava variações abruptas de salinidade, o que tornava a vida bastante difícil no Cretáceo Inferior do Araripe. 

Coincidentemente, o fóssil com número de tombo MPSC P 001 – o primeiro do Museu de Paleontologia – é um Dastilbe. Nada mais justo. A peça se tornou um símbolo contra a dilapidação do patrimônio científico-cultural, ingressando, de forma pioneira, na coleção paleontológica do Museu de Paleontologia da Urca.

Cretapalpus vittari

Legenda: O nome do fóssil homengeia Pabllo Vittar devido à grande representatividade da artista nas causas LGBTQIAPN+
Foto: Divulgação

As aranhas também são excelentes exemplares da perfeita preservação dos fósseis da Bacia do Araripe. A Cretapalpus vittari ocupa esse lugar. Este, por exemplo, é um fóssil da família Palpimanidae, o mais antigo fóssil desse grupo de aranhas registrado na América do Sul. 

O fóssil foi retirado ilegalmente da região e estava na Universidade do Kansas (EUA), sendo repatriado juntamente a outros 35 fósseis de aranhas que agora fazem parte do acervo do MPPCN. E tem um detalhe pra lá de curioso.

O nome da aranha é uma homenagem à cantora e drag queen brasileira Pabllo Vittar devido à grande representatividade nas causas LGBTQIAPN+. O responsável pela homenagem foi o cientista americano Matthew R. Downen.

Cordulagomphus fenestratus

Legenda: Fóssil foi identificado cientificamente como Cordulagomphus fenestratus
Foto: Divulgação

Esta libélula foi escolhida como símbolo do Museu de Paleontologia por ser um belíssimo exemplar da exímia preservação de detalhes anatômicos importantes. O fóssil foi identificado cientificamente como Cordulagomphus fenestratus. 

É uma espécie da família Proterogomphidae que não possui mais representantes atuais. De maneira geral, as libélulas são insetos com asas delicadas e corpo alongado, cuja simplicidade da estrutura exibe beleza e exuberância desde o período Cretáceo até hoje.

Cratosmilax jacksoni – Angiosperma

Legenda: De acordo com pesquisadores, esse é o mais antigo registro de “Smilacaceae”
Foto: Divulgação

Esta é uma planta da família Smilacaceae. São monocotiledôneas basais que ocorrem em todos os continentes e estão relacionadas à origem de plantas com flores. Fósseis dessa família são conhecidos desde o período Cretáceo Superior

De acordo com pesquisadores, esse é o mais antigo registro de Smilacaceae. O fóssil descrito é baseado em uma folha com características semelhantes às do gênero Smilax, recorrente nas Américas, Europa e no sudeste Asiático. Uma raridade!

Kariridraco Dianae

Legenda: Cientistas têm a hipótese de que o animal usava a estrutura para atrair parceiros e se comunicar com outros da mesma espécie
Foto: Divulgação

O bicho, assim como os demais tapejarídeos, também possuía uma bizarra crista óssea no topo do crânio. A hipótese dos cientistas é de que o animal usava a estrutura para atrair parceiros e se comunicar com outros da mesma espécie.

Embora conhecido apenas pelo crânio e algumas vértebras do pescoço, os cientistas estipulam que o bicho poderia chegar a até três metros de envergadura. O bico sem dentes era adaptado para buscar alimentos – provavelmente pequenos animais – como fazem as garças.

O animal recebeu o nome que homenageia os índios Kariris, originários da região, e de Draco, palavra latina para dragão. A espécie também homenageia Diana Prince, a Mulher-Maravilha dos quadrinhos.

Aratasaurus museunacionali

Legenda: O nome desse fóssil quer dizer “Dinossauro nascido do fogo”
Foto: Divulgação

O Aratasaurus faz parte de um grupo denominado Coelosauria, fazendo dele um parente mais antigo do que o conterrâneo, Santanaraptor placidus, e também de dinossauros famosos, a exemplo do Velociraptor mongoliensis e do Tyrannossaurus rex – assim como dos dinossauros atuais que conhecemos como aves.

Seu nome – do tupi, “Ara”(nascer) + “Ata”(fogo), e do latim, “Sauro”(lagarto) –  quer dizer “Dinossauro nascido do fogo”. O nome é uma homenagem ao Museu Nacional, relembrando o triste incêndio ocorrido na instituição em 2018.

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