Com 25 anos de história, Paixão de Cristo de Quixaba reúne 12 mil em espetáculo ao ar livre

O evento mobiliza mais de 300 pessoas da comunidade, que produzem e encenam a apresentação

Escrito por
Gabriela Custódio gabriela.custodio@svm.com.br
(Atualizado às 17:47)
Cena da Última Ceia encenada por atores caracterizados como Jesus e seus discípulos, na Paixão de Cristo de Quixaba, em Aracati
Legenda: Mais de 12 mil pessoas acompanharam a Paixão de Cristo de Quixaba, encenada pelos próprios moradores da comunidade
Foto: Reprodução

Toda Sexta-feira Santa, há 25 anos, a praia de Quixaba, em Aracati, transforma-se em um grande palco a céu aberto. Nessa data, pescadores, rendeiras, marisqueiras, artesãos e outros moradores da vila transformam-se em atores e atrizes para encenar a Paixão de Cristo à beira-mar. Com público recorde, a estimativa é que mais de 12 mil pessoas tenham prestigiado o espetáculo neste ano.

Com trajeto de cerca de 1 km, o espetáculo retrata momentos da vida de Jesus Cristo, do batismo à crucificação, e é organizado e encenado por moradores da comunidade. A peça tem mais de 2h30 de duração e percorre ruas do vilarejo até a arena, onde ocorre o ponto forte da apresentação.

Mas nem sempre o evento teve essas dimensões. Tudo começou na casa de Raymundo Simplicio, que é conhecido como seu Raimundinho e hoje tem 91 anos. O objetivo inicial era “evangelizar e compartilhar a história de Jesus com o máximo de pessoas possível”, conta a filha dele, Silvania Mascarenhas.

Representação da Via Crucis, com o ator que interpreta Jesus carregando a cruz
Legenda: O espetáculo mobiliza os moradores de Quixaba ao longo do ano, com ensaios, planejamentos e renovação de vestimentas e cenários
Foto: Reprodução

Do começo “modesto” nos anos 2000, com vias sacras de casa em casa, a comunidade foi abraçando a iniciativa e o espetáculo foi crescendo, ano após ano. Até que começou a atrair pessoas de outras cidades. “Entendemos que não podíamos mais parar. Isso também foi nos fortalecendo e aumentando a responsabilidade”, conta.

Hoje, nossa Paixão se consolidou, é tradição e referência no Ceará. Do início até agora muita gente passou passou pelo espetáculo. Pessoas que começaram a se apresentar ainda criança, hoje são adultos que ocupam papel importante na encenação, como é o caso do Jesus.
Silvania Mascarenhas
Fundadora da Paixão de Cristo de Quixaba

A peça é uma criação coletiva, feita a muitas mãos. E só assim ela vira realidade. “Com muito compromisso, trabalho, amor e união tudo isso é possível”, diz Silvania, ao destacar a união e o trabalho de toda a comunidade na confecção das roupas e na realização de oficinas.

Durante todo o ano, pessoas da comunidade dedicam-se a esse momento. Realizam ensaios e oficinas, produzem o figurino, renovam os cenários. Ao todo, a Paixão de Cristo de Quixaba conta com a participação de mais de 300 pessoas, contando com elenco, figurinistas, equipe técnica, operadores de som e iluminação.

Momento da crucificação representado ao ar livre com o ator que interpreta Jesus pendurado na cruz
Legenda: Mais de 300 pessoas estão envolvidas na produção do espetáculo, incluindo elenco, figurinistas, equipe técnica, operadores de som e iluminação
Foto: Reprodução

Daniel Barbosa, ator que interpreta Jesus Cristo, destaca o empenho da comunidade para a realização da Paixão de Cristo. “Durante todo o ano trabalhamos renovando as vestimentas, cenários, ensaiamos, planejamos e fazemos o melhor para que todos os nossos visitantes possam viver esse momento de forma inesquecível e se emocionar”, diz ele.

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Além da importância para a cultura local, a encenação também tem impacto econômico para a comunidade, movimentando a hotelaria, a gastronomia, o comércio e o transporte. “É a cultura transformando vidas de verdade e movimentando a economia”, afirma Bruno Brasil, um dos organizadores do evento.

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