Comediantes cearenses fazem sucesso nas redes sociais com conteúdo sobre a quarentena

Longe dos palcos, Jéssika Angelim, Moisés Loureiro, Mateus Cidrão e Titela fazem do isolamento social uma inspiração para divertir os seguidores à distância

Escrito por Redação ,
Legenda: Mateus Cidrão, Titela e Jéssika Angelim aproveitam para divertir o público virtualmente
Foto: Reprodução / Instagram

Apesar dos problemas relacionados à pandemia, a quarentena tem oferecido novas oportunidades de produção de conteúdo nas redes sociais, além de proporcionar o aumento da demanda de pessoas que os consomem. Por isso, humoristas cearenses continuam se dedicando à comédia, mas dessa vez de forma virtual e mais rápida, por meio de vídeos que divertem o público à distância.

Em sua maioria, esses produtos digitais abordam a situação que o mundo está vivendo, com um toque do humor cearense. Jéssika Angelim fazia Stand Up antes da quarentena, e agora ela aproveita o tempo livre para se dedicar aos vídeos direcionados ao isolamento social. “Tem a ver com o período, mas sempre reflete como eu estou vendo aquele momento. Eu já tenho o costume de olhar pra tudo com comédia. A criatividade vem da forma que a gente olha a situação. Quem gosta de comédia vai fazer onde dá pra fazer”, observa.  

A ideia de ter este período como pauta, para Moisés Loureiro, precisou ser refletida a princípio. “Eu pensava se deveria mesmo falar sobre a pandemia, mas inevitavelmente eu vou ter que lidar com o que está acontecendo no mundo, e isso tem a ver com a comédia que eu faço, que tem relação com o cotidiano”, explica.    

Também produzindo mais durante a quarentena, o comediante Mateus Cidrão esclarece que seus vídeos seguem um formato diferente, mas que está muito em alta: as dublagens. “Vídeo de comédia eu sempre fiz. Quando eu comecei as dublagens, tive mais visibilidade, e quando começou a quarentena eu comecei a postar todo dia. O quadro mais conhecido é o ‘Vazou o Áudio’. Eu transformo a situação que todo mundo está vendo no vídeo e deixo mais engraçada”, declara.

O sucesso desses produtos deve-se à identificação. Jéssika afirma que “quando muita gente está sentindo algo parecido, muita gente compartilha’. E a dedicação é o caminho. “Eu busquei muito fazer os vídeos mais rápido. Quando as pessoas param para perceber que o produtor tem certo cuidado com o trabalho que está fazendo, elas se identificam”, relata Mateus.

Engajamento  

Um fato indiscutível é que os vídeos geram maior engajamento nas redes sociais dos comediantes, e consequentemente, os números aumentam. Segundo o comediante Titela, os compartilhamentos são os responsáveis pelo crescimento. “Percebi que os próprios colegas do humor começaram a compartilhar. Minhas redes sociais meio que pularam. Eu estava com 42 mil seguidores quando comecei os vídeos e estou com 56 mil seguidores agora, duas semanas depois”.  

Para Mateus, quem está produzindo bons conteúdos, com certeza verá o engajamento crescer. “Nessa quarentena eu já estou para bater 200 mil seguidores. Teve um aumento muito grande, acho que porque as pessoas estão procurando isso. Semanalmente, os vídeos atingem quatro milhões de perfis. Todo mundo que está se dedicando a produzir um conteúdo de qualidade, é normal que as pessoas passem a confiar e acreditar”.

Para distrair

É necessário ressaltar a importância do trabalho dos humoristas sempre, principalmente durante este período de pandemia. O isolamento social pode acarretar doenças, como depressão e ansiedade, e por isso, o papel de distrair o público é essencial para a manutenção do bem estar psicológico.  

“O humor é aquilo que te distrai do mundo e da dificuldade que você passa nele. Traz leveza a vida das pessoas e atinge todo mundo, é a barreira mais fácil de ultrapassar. As pessoas estão assustadas, estão ansiosas, não temos só o vírus como doença”, reflete Cidrão, que sofreu de depressão e ansiedade no ano passado.  

“Eu sei como uma pessoa que tem crise de ansiedade tem dificuldade de ficar em casa. Eu faço vídeos todo dia para que, pelo menos uma vez por dia, as pessoas que assistem se distraiam”, completa.

Para Moisés, é importante repensar sobre o papel da cultura em geral. “O que seria de todo mundo sem bons filmes, boas músicas? Todo mundo tem uma importância gigantesca. A essa altura do campeonato, essa situação serve também para as pessoas perceberem como a cultura é essencial”, observa.

Enquanto o isolamento permanece, Titela espera melhora quanto ao comportamento social ao final da crise. “Durante o período de quarenta a gente tem uma responsabilidade maior. Agora que está todo mundo em casa, entediado, sendo bombardeado de informação, a nossa missão é tentar quebrar isso. O problema está aí, é gravíssimo, mas tem um lado que não está sendo explorado. Já já vamos sair desse negócio bem mais humanos”, afirma Titela.

Mateus Cidrão também compartilha do mesmo pensamento. “A importância do humor é fazer a gente lembrar de como somos humanos. Se não tiver humor, a gente vai achar que só existe coisa ruim, que não vai passar. Com humor e alegria é a forma que a gente tem de lidar com o problema”, relata.  

Produzindo na pandemia

As dificuldades para produzir também afetaram os artistas. Se hoje os humoristas conseguem retratar o isolamento social de forma mais engraçada, inicialmente eles passaram por momentos de desmotivação, também consequência da pandemia. “Eu não conseguia produzir nada. Eu fui consumir outras coisas, já que eu não conseguia externar nada”, diz Moisés.

Por causa do aumento da frequência de postagens, os usuários das redes acabam repercutindo os conteúdos e sempre esperando pelo próximo. “Acaba tendo uma cobrança maior porque cria um vínculo com o público. Comecei a ter o hábito de postar todo dia e a galera pergunta”, explica o comediante Titela. Jessika concorda: “No começo estava rolando essa pressão social porque agora a gente tem tempo pra produzir mais. Tinha uma expectativa, mas agora está mais suave”.

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