Com mãe fã de dorama, cearense cria vídeos de humor e faz sucesso nas redes sociais
Micael Naz e Marilene Lima somam mais de 800 mil seguidores na internet a partir de esquetes retratando o hilário dia a dia dos dois e a mudança de vida a partir do alcance das produções
Se você perguntar quem é Micael Naz, ele mesmo responderá: “Um artista que tenta se virar com as ferramentas que possui”. Faz sentido. Desde 2022, o cearense de 25 anos se une à mãe, Marilene Lima, para povoar as redes sociais de vídeos sobre a hilária rotina dos dois. O humor é justificado. Dona Marilene é fã de dorama e arranca risadas devido ao modo genuíno de lidar com as produções coreanas, incorporando-as ao próprio dia a dia.
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Assim nasceram esquetes como “Dorameiros quando saem de casa”, “A pessoa que não assume o vício em dorama” e “Como é viver com uma dorameira”, entre várias outras. “O que minha mãe é no vídeo, ela de fato é. E eu também. O público sente essa identificação e normalmente se engaja nas publicações. Sentem-se muito próximos”, explica o influenciador.
Não à toa, os números impressionantes: são mais de 800 mil seguidores nas diferentes plataformas de conteúdo digital. Gente que acompanha cada vídeo a partir de postagens quase diárias, pensadas e roteirizadas pelo próprio Micael na casa da família.
Nascido e criado no bairro Parque Santa Rosa, periferia de Fortaleza, ele conta ser ligado à arte desde pequeno – do teatro à pintura, passando pelo desenho e a dança. Atuar nas redes sociais surgiu devido à paixão por comédia e diante da habilidade com fotografia e vídeo, uma vez ter trabalhado nessas áreas durante algum tempo.
O início aconteceu pelo YouTube, mas logo o jovem percebeu a audiência não funcionar da forma desejada. Migrou, então, para o Tik Tok, recebendo grande adesão. Foi por investir os primeiros vídeos em participantes do Big Brother Brasil que a semente do sucesso brotou. Alguém notou que, ao fundo, dona Marilene assistia a um dorama e comentou com Micael.
“Notei que existia um público, conteúdos específicos sobre isso, pessoas produzindo dentro do universo da cultura asiática e, principalmente, do dorama, que estava muito em alta”. O próximo passo foi, de fato, notar que a mãe dedicava muitíssimas horas em frente à TV assistindo a essas produções. Não deu outra: o filão estava aberto e eles mergulharam.
Como tudo acontece
Uma das chaves para esse alcance é a originalidade dos vídeos, aponta Micael. Observação, criatividade e timing são elementos essenciais, e ele faz questão de investir em cada um.
“Copiar vídeos é simples – pegar algo que está bombando, adaptar e fazer funcionar. Mas, na minha visão, isso não necessariamente te marca. O que costuma marcar é um vídeo seu, com a sua marca, seu jeito e modo de fazer. Logo, priorizo ao máximo essas ideias”.
O fato de ser estudante do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará abre margem para outros atributos. Desenvolver roteiros para cada produção se torna mais descomplicado, por exemplo, e auxilia nos passos sonhados. O artista tem curtas-metragens roteirizados e quer que ganhem o mundo um dia.
Até lá, não cansa de pensar em possibilidades para que o modus dorameiro entre em ação. Na própria descrição do perfil no Instagram, é possível ler: “Mãe e Filho com Humor, Comida e Dorama”. Top 5 romances de dorama na Netflix? É possível encontrar por lá. Três piadas que só dorameiros entendem? Também. A fila é longa e só aumenta.
“Quando fiz um vídeo em tom de piada falando que minha mãe havia trocado o próprio filho por séries coreanas, notei o potencial desse tipo de produção. Foram quase quatro milhões de visualizações apenas no Tik Tok”. Dona Marilene, não sem motivo, celebra junto cada conquista. Confessa ser tímida, mas coloca a insegurança no bolso para alimentar o projeto.
O apreço pelas tramas que assiste vira combustível. “Pousando no amor”, um dos primeiros doramas conferidos, revolucionou tudo. Já não tão afeita a novelas na TV aberta, a matriarca – cuja casa divide com o filho e a neta – resolveu apostar em mais enredos desse tipo e se apaixonou. “Quando ligo a televisão, já vou pros meus doramas, não tem jeito”, ri.
“Depois da pandemia, quando passamos por tantas coisas ruins, não assisto mais nada que me faça sentir mal. Só vejo coisas boas, alegres”. Um bônus vindo junto a esse movimento foi conhecer mais dorameiras por meio da internet. Ao ficar famosa na rede, dona Marilene hoje tem contato com gente até de outros Estados, dividindo a mesma afeição pelas tramas.
Há muito o que comemorar. “O que a gente passa para os vídeos é o que a gente realmente é. Às vezes encontramos pessoas na rua e elas dizem, ‘Nossa, vocês são mesmo aquilo que mostram’. Acho que passamos muita verdade. Tudo bem que eu repito as cenas várias vezes. Mas ainda bem que o resultado está dando certo”.
Ao infinito e além
Tão certo que a família já colhe os frutos da dedicação. Mudaram de casa, compraram móveis novos e até uma televisão de 55 polegadas – nunca antes ocupante do lar. Fecham parcerias, sentem o carinho nos comentários de cada post. Sorriem com mais facilidade.
“Eu seria falso se dissesse que nossa renda mudou drasticamente – porque também não é dessa forma. Não necessariamente os números que acontecem na internet retornam em dinheiro na conta. Mas, de fato, houve uma melhora, alcançamos coisas que não tínhamos. São simples, mas, pra gente, faz muita diferença”, vibra Micael.
Acredita no passo a passo, no fazer todo dia. Não sem motivo, deseja continuar investindo na originalidade, em modos criativos de gravar diferentemente aquilo que rende graça. E emplacar outros projetos, claro. Um deles tem potencial de acontecer muito em breve.
O artista quer subir nos principais palcos de Fortaleza e de outras cidades para apresentar o show “Pousando no humor”. Isso porque, antes de viralizar nas redes sociais, já realizava esse tipo de trabalho no qual o standup comedy é bússola. Ali incorpora trejeitos e a herança divertida dos comediantes que acompanhava na infância, de Shaolin a Adamastor Pitaco.
Do estudante engraçado em sala de aula ao humorista engajador de alegrias, Micael, ao lado da mãe, mira o infinito e além. “Pra gente já é muita coisa, mas, ainda assim, estamos bem no início da jornada”.