Amelinha entrega mensagem de amor em disco versátil e repleto de canções inéditas
Gravado há 10 anos, “Todo Mundo Vai Saber” tem produção de Robertinho de Recife e reúne músicas compostas pelos amigos cearenses Caio Silvio e Ricardo Alcântara
“Eu guardei tudo em segredo. Mas agora vou dizer”. É com este recado que Amelinha inicia o repertório de “Todo Mundo Vai Saber”. Ícone da canção brasileira, a cantora celebra a chegada de um disco repleto de composições inéditas e muita história para contar.
Gravado há 10 anos, o álbum estava muito bem guardado, na espera do instante ideal de chegar até o público. As 12 músicas do novo trabalho são assinadas pelos cearenses Caio Silvio e Ricardo Alcântara.
Além dos conterrâneos, Amelinha contou com a produção de Robertinho de Recife e um time de músicos de primeira. “É um filho. Um nascimento de algo que aconteceu de forma natural”, descreve em entrevista.
A memória da cantora nos leva até 2007. Durante uma das muitas passagens pela Fortaleza querida, aconteceu o reencontro com Caio Silvio. “Ele me disse, olha eu estou com umas músicas...”, faz questão de pontuar a intérprete.
A poesia de Caio Silvio já fazia parte do universo sonoro de Amelinha. É o caso da composição “Sertão da Lua”, gravada no LP “Romance da Lua Lua” (1983). Em 2022, a obra ganhou nova roupagem e pode ser apreciada em “Todo Mundo Vai Saber”.
Após ouvir e se encantar com o material apresentado, a cearense entendeu ser preciso a ponte com o amigo Robertinho. As gravações, descreve, aconteceram em meio à tranquilidade do estúdio criado pelo pernambucano no Rio de Janeiro. “Ele é um mago. Fez tudo, só não masterizou”, contabiliza e se diverte.
Em família
“Todo Mundo Vai Saber” ilumina temas como a noite da metrópole, o sertão, o desejo, amor e a solidão. Tem jazz, blues, MPB e arranjos que flertam com a música pop. Para costurar essa mistura de influências, as sessões contaram com Chico Chagas (acordeom), Francisco Casaverde (teclados e programação de bateria), Jorge Helder (baixo), Luiz Antônio (teclados), Mingo Araújo (percussão) e Pantico Rocha (bateria).
Completam a seleção Paulinho Trompete (trompete, trombone e flugelhorn), que nos deixou em 2019, além de Caio Silvio (violão de aço e violão de nylon) e Robertinho de Recife (guitarra, guitarra slide, violão de aço e viola portuguesa).
Outra grata surpresa do registro é a participação do filho da cantora, João Ramalho, filho dela com o cantor Zé Ramalho. O músico gravou os arranjos da faixa título com sua banda (a João Ramalho Trio - JPG) e participa dos vocais na balada com clima havaiano “Noites de verão” e no jazz “Noites do Rio”.
“Não gosto de apressar as coisas não. Eu já era um pouco assim, mas vamos caminhando pela vida e nunca paramos de aprender, vamos tendo mais paciência, entendendo que determinadas coisas têm que acontecer naquele momento, no momento que é favorável
Nesse intervalo de 10 anos, Amelinha se envolveu com uma série de projetos fonográficos e audiovisuais. Lançou “Janelas do Brasil” (2012) e “Primeira Grandeza - as Canções de Belchior” (2017), obra que homenageia o amigo e poeta que partiu tão cedo.
Para os fãs
Mesclando diferentes expressões musicais, Amelinha mostra-se bem à vontade com o clima em família que “Todo Mundo Vai Saber” propiciou. Nas palavras da cearense, a obra é um presente às pessoas que a acompanha, que a conhecem pelos sucessos ao logo das décadas.
"Cantar para mim, hoje, entendi que é já uma missão. Recebi tantos retornos emocionantes por conta do meu canto. Fui compreendendo a missão de cantar e esse disco está maravilhoso e estamos mostrando agora. ‘Agora todo mundo vai saber’”, costura.
A pandemia, divide, tirou os abraços calorosos que trocava com o público ao final das apresentações. Mas, o tom da artista é de otimismo. O repertório do novo disco já está sendo estudado pela banda e logo esse reencontro com a plateia será possível.
Sobre o caráter atual de seu repertório, marcado por obras como “Frevo Mulher”, "Mulher Nova Bonita e Carinhosa", “Foi Deus Quem Fez Você”, entre outros sucessos, Amelinha reflete que a força desse feminino tem origem na relação única em família com a mãe, tias e primas.
“Já tínhamos uma maneira de pensar mais à frente, com mais clareza, embora vamos aprendendo pelo caminho. Elas diziam tudo. Não se iludir com determinadas coisas, de conhecer bem, de não enfrentar certas situações, saber se colocar”, descreve.
Amor é a ideia
Sem aperreios e pressas dadas à ansiedade, Amelinha entrega um registro versátil, cuja atmosfera criativa das gravações é perceptível em cada faixa. Como se costurasse uma filosofia para os assuntos que canta em “Todo Mundo Vai Saber”, a cantora defende que o novo disco guarda uma mensagem de amor “maravilhosamente lúdica”.
“Lúdico de uma relação amorosa e de uma declaração de amor, dedicação ao companheirismo, onde só o amor permite. De dizer, vamos nos amar mais, não vamos deixar de falar dessas partes lúdicas que fazem parte de uma relação”, compartilha.
Sem segredos e aprimorando a leveza e maturidade, Amelinha comemora a consolidação de um disco valioso, como gosta de definir. Nesse reencontro especial com os fãs, a mensagem de cantora é de um até logo nos palcos. “Um beijo para o Ceará”, finaliza.
Todo Mundo Vai Saber
Amelinha
Deck. 12 faixas.