A equipe de transição do governador eleito Elmano de Freitas (PT) tem uma nova data para a entrega dos relatórios sobre os trabalhos pré-posse. Nessa segunda-feira (19), a partir das 14 horas, os nove grupos de trabalho apresentarão um diagnóstico sobre a atual gestão e desafios para a próxima, no auditório da Vice-Governadoria.
A entrega estava marcada para a última quarta-feira (14), mas teve que ser adiada.
A primeira reunião da equipe de transição, coordenada por Eudoro Santana, pai do senador eleito e ex-governador Camilo Santana (PT), aconteceu no dia 9 de novembro.
Na ocasião, Elmano defendeu mudanças na organização administrativa do governo, podendo criar ou extinguir secretarias em seu mandato.
Veja quem são os coordenadores de cada grupo de trabalho
- Eudoro Santana: Ciência, Tecnologia e Educação Superior e Segurança
- Luísa Cela: Proteção Social e Cultura
- Alfredo Pessoa: Fazenda e Planejamento e Gestão
- Augusta Brito: Saúde e Cidades
- Max Quintino: Infraestrutura, Recursos Hídricos e Casa Civil
- Ana Maria Fontenele: Educação
- Salmito Filho: Desenvolvimento Econômico e Trabalho e Meio Ambiente
- Valdeci Rebouças: Desenvolvimento Agrário e Esporte
- Vladyson Viana: Turismo e Desenvolvimento Econômico e Trabalho
O que se sabe sobre o novo governo
Elmano ainda vive impasse sobre o seu secretariado, já que a escolha do ministério do presidente Lula (PT) influencia diretamente nas definições estaduais.
Isso, porque o ex-governador e senador eleito Camilo Santana (PT) é o principal nome cotado para o Ministério da Educação (MEC), após enfraquecimento da indicação da atual governadora Izolda Cela (sem partido) para o cargo.
Se a nomeação se confirmar, o seu posto no Senado pode ser ocupado pela primeira suplente, a deputada Augusta Brito (PT). Esta também é estudada para o secretariado de Elmano e compõe a sua equipe de transição.
"Eu imaginava que a definição em plano nacional se resolvesse mais cedo. Então como isso ainda não está definido, estou aguardando um pouco, porque isso tem consequência na montagem aqui do nosso Estado. Quando isso se concluir, eu começo", explicou o petista.
Outro nome oriundo do Legislativo cotado para o novo governo é o do deputado estadual Salmito Filho (PDT). Ele pode integrar uma secretaria na gestão ou mesmo ser o novo líder do governo na Assembleia Legislativa. O partido de Salmito, no entanto, ainda vive impasse sobre apoio ao próximo governador.
Segundo o colunista Inácio Aguiar, dois integrantes do atual governo já sinalizaram que não pretendem continuar na próxima gestão: o atual chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, e a secretária de Proteção Social, Onélia Santana, esposa do senador eleito Camilo Santana.
Até o momento, é certeza apenas a recondução de Fernanda Pacobahyba à Secretaria da Fazenda (Sefaz) do Estado, devido ao seu bom desempenho na gestão das contas públicas e liderança que construiu nacionalmente.
Elmano também já sinalizou que deverá esperar a composição do ministério de Lula para realizar as indicações locais. Uma das expectativas é espelhar a estrutura do governo estadual em termos de estrutura administrativa.
O anúncio dos integrantes do secretariado deve ficar, segundo o governador eleito, para a última semana de dezembro.
Prioridades da gestão
Na sexta-feira, Elmano adiantou alguns pontos de destaque para os primeiros meses de governo. Na área da saúde, o foco do governador eleito, no momento, é resolver o problema da fila de cirurgias no Ceará. "É um número significativo de cearense que esperam cirurgias, então nós devemos desenvolver uma campanha forte, um mutirão para cirurgias", disse em coletiva após a cerimônia de diplomação.
Elmano também pretende encaminhar, no primeiro semestre do próximo ano, a implantação do bilhete metropolitano gratuito para viabilizar o deslocamento da população na Grande Fortaleza.
O petista ainda afirmou que vai sentar com o presidente eleito, Lula, para debater uma campanha contra a fome no Estado. "É uma campanha que será realizada pelo Governo Federal, nós vamos estar de mãos dadas para combater a fome no Ceará, vamos chamar a sociedade civil, vamos chamar o setor empresarial, vamos chamar as igrejas, junto com prefeituras, para que no Ceará a gente possa enfrentar a fome do nosso povo", completou.
Acomodação de aliados
Outro ponto que desafia Elmano é a articulação com partidos no Estado. Na última sexta-feira (16), ele teve encontro com lideranças do PDT para discutir o futuro da relação, rompida nas eleições deste ano.
No mesmo dia, após a cerimônia de diplomação, o petista disse que entende que o PDT tem "grandes nomes para integrar um governo", o que é resultado de um processo iniciado ainda no governo Cid e continuado na gestão Camilo-Izolda.
"Vários do PDT ajudaram a construir esse projeto e eu quero que esses nomes possam colaborar efetivamente junto com outros partidos. Também tem outras lideranças e pessoas que também não têm ligação partidária, mas que podem dar uma contribuição ao povo do Ceará", observou.
Os partidos romperam ainda na pré-campanha, consolidando no âmbito estadual o desgaste que existia em Fortaleza. Agora, a intenção é retomar a aliança.
O que é mais certo neste momento é a acomodação de legendas que apoiaram a candidatura petista antes mesmo da campanha, como PP, MDB, PCdoB e PV. Estas colocam seus quadros à disposição do novo projeto político-administrativo, apesar de não declararem preferência sobre pastas específicas.
"É claro que desde a hora que se escolheu o candidato até a sua eleição no primeiro turno, e que trabalhamos e contribuímos muito, a gente vai querer participar do Governo nos próximos quatro anos. Mas essa é uma decisão do governador Elmano", diz o deputado estadual Zezinho Albuquerque, presidente do PP Fortaleza e pai do presidente do PP Ceará, AJ Albuquerque.
"Nós vamos sentar para discutir isso de uma forma muita harmoniosa. (...) O MDB tem quadro e vai adequar à participação que o governador ache conveniente. Quando ele disser: 'tem essas e essas secretarias aqui', obviamente eu vou escolher alguém adequado para a secretaria", afirma Eunício Oliveira, que chefia o MDB estadual.
Luis Carlos Paes, líder do PCdoB Ceará, confirmou a realizou de reuniões para tratar sobre o assunto. "Nós temos vários quadros capacitados com condições de ajudar.[...] Nós não estamos exigindo, por enquanto, nenhuma secretaria. Estamos abertos para o diálogo e, a partir dessa conversa, a gente determina. O PCdoB é um partido que tem uma inserção e tem história", frisa.
"A gente está à disposição. A nossa posição foi de apoiar um projeto, em que estava todo mundo dentro desse projeto. Um projeto que tem como parâmetro a governabilidade e que Deus quis que fosse vitorioso", pontua, ainda, o deputado estadual Walter Cavalcante, interlocutor do PV Ceará.
Além do fator partidário, o novo governador afirmou que o currículo, o conhecimento das áreas específicas, a capacidade de liderança de equipe e o alinhamento com o compromisso que assumiu para os próximos quatro anos serão critérios importantes para a escolha. Assim, abre espaço para que pessoas sem ligações partidárias componham o governo.