Legislativo Judiciário Executivo

Cabos eleitorais na campanha, partidos aliados aguardam acomodação na gestão de Elmano no Ceará

Os dirigentes aguardam ser chamados para reunião com o governador para discutir a participação no novo Governo

Escrito por Alessandra Castro , alessandra.castro@svm.com.br
Elmano
Legenda: Elmano venceu a disputa pelo Poder Executivo do Ceará ainda no primeiro turno
Foto: Kid Júnior

A menos de três semanas para a posse do novo governador eleito do Ceará, Elmano de Freitas (PT), partidos que apoiaram a candidatura petista antes mesmo de saber quem seria o candidato ainda aguardam ser chamados para integrar a nova gestão do Palácio da Abolição. Ainda que em um tom mais moderado e sem fazer exigências públicas sobre pastas, PP, MDB, PCdoB e PV esperam ser acomodados no novo Governo Estadual.

As legendas estiveram ao lado do PT quando o partido decidiu romper com o PDT na disputa pelo Governo do Ceará. Juntas, elas alegam que houve consenso para definir o nome de Elmano de Freitas como o cabeça de chapa, que saiu vitorioso do pleito ainda no primeiro turno. Agora, os cabos eleitorais na campanha querem fazer parte do projeto político-administrativo.

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Sem revelar quais pastas preferem, mas sempre frisando que têm quadros técnicos "à disposição", os dirigentes das agremiações devem se reunir ainda nesta semana com Elmano para saber como irão participar da nova administração. 

'Certeza' do PP

Para o presidente municipal do PP e uma das principais lideranças políticas do Estado, o deputado estadual Zezinho Albuquerque, "com certeza" o petista deve contemplar aqueles que contribuíram para sua vitória nas urnas no staff do Estado. 

"É claro que desde a hora que se escolheu o candidato até a sua eleição no primeiro turno, e que trabalhamos e contribuímos muito, a gente vai querer participar do Governo nos próximos quatro anos. Mas essa é uma decisão do governador Elmano"
Zezinho Albuquerque
Presidente do PP Fortaleza

Fechado com o grupo sucessor desde 19 de julho deste ano, quando o acordo para lançar uma chapa para rivalizar com o PDT foi selado, Zezinho Albuquerque relembra que o PP decidiu romper com os pedetistas após eles escolherem o ex-prefeito Roberto Cláudio para a disputa em detrimento da busca pela reeleição da governadora Izolda Cela (atualmente, sem partido).

PP, PCdoB, PV, MDB, PSDB
Legenda: Reunião em que os partidos PT, PP, MDB, PCdoB, PV e PSDB (que depois apoiou chapa adversária) anunciaram que se uniriam em estratégia eleitoral no Ceará
Foto: Divulgação

Assim, um compromisso foi firmado com o ex-governador Camilo Santana (PT), que liderava as articulações petistas pela sucessão estadual, para dar continuidade ao atual projeto.

Com articulação principalmente no Interior, Zezinho Albuquerque foi secretário de Cidades durante a gestão de Camilo, de 2019 ao início de 2022 - quando reassumiu o mandato na Assembleia Legislativa para concorrer a eleição como deputado estadual.

"Nós tínhamos um compromisso com a governadora Izolda Cela, mas como o partido (PDT) não lhe deu legenda, nós assumimos com o governador Camilo que iríamos trabalhar por um nome juntamente, antes de saber que o nome era o Elmano. E os nomes foram para a mesa e na mesa nós decidimos que, para esta eleição, para dar continuidade a esse projeto, seria o nome do Elmano. Então, o PP desde o início que participou das decisões, inclusive de quem seria o candidato", explica.

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Aguardando sinal sobre secretaria(s)

Presidente do MDB no Ceará e um dos principais caciques político no Estado, o deputado federal eleito Eunício Oliveira disse que a legenda aguarda "sem angústia" ser chamada para compor o governo de Elmano, porque já faz parte da nova administração. A vice-governadora eleita, Jade Romero, foi o nome indicado pela sigla para integrar a chapa.

"Eu participei ativamente da campanha em si e dos compromissos que nós assumimos na praça pública em conjunto. A campanha que foi para a rua foi: Camilo, Elmano e Eunício. (...) Nós não somos agregados, nós somos parceiros, nós somos sócios dessa empreitada vitoriosa"
Eunício Oliveira
Presidente do MDB Ceará

Ainda conforme Eunício, o petista está aguardando a formação do staff de Lula para definir os nomes e moldes de secretarias do Ceará. Por isso, segundo ele, o MDB está esperando apenas o sinal de Elmano sobre as pastas que devem ser geridas por nomes ligados aos emedebistas.

"Nós vamos sentar para discutir isso de uma forma muita harmoniosa. Ele está esperando que o presidente Lula seja diplomado, que nós sejamos diplomados. O MDB tem quadro e vai adequar à participação que o governador ache conveniente. Quando ele disser: 'tem essas e essas secretarias aqui', obviamente eu vou escolher alguém adequado para a secretaria", frisou.

'Sem exigências, por enquanto'

Já o dirigente do PCdoB Ceará, Luís Carlos Paes, afirma que o partido "apoiou" e "pretende" participar do Governo Estadual, tendo em vista que tem nomes técnicos capazes de atuar nas "mais diversas áreas". Ele reforça, ainda, que, nos últimos anos, membros do PCdoB estiveram presentes na gestão do Ceará - como, por exemplo, o suplente de deputado federal Inácio Arruda, que é titular da secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação (Secitece).

"O nosso partido apoiou e pretende participar do Governo. Está aí para ajudar. Nós temos quadros do nosso partido nas mais diversas áreas, na área da Assistência Social, Cultura, Cidades, Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia, Esportes. Nesses últimos anos nós já tivemos secretários da Saúde do partido, de Esporte, de Ciência e Tecnologia", ressalta.

Além disso, segundo Luís Carlos Paes, não há exigências sobre nenhuma pasta específica, "por enquanto". Todavia, ele pontua que o partido tem "inserção e história".

"Nós temos vários quadros capacitados com condições de ajudar. A partir da próxima (esta) semana, começarão a ocorrer essas reuniões. Nós não estamos exigindo, por enquanto, nenhuma secretaria. Estamos abertos para o diálogo e, a partir dessa conversa, a gente determina. O PCdoB é um partido que tem uma inserção e tem história"
Luís Carlos Paes
Presidente do PCdoB Ceará

Deputado estadual e filiado ao PV, Walter Cavalcante alega que o partido sempre esteve "à disposição", inclusive com o seu próprio nome. Ele esteve presente nas articulações políticas durante o período pré-eleitoral.

"A gente está à disposição. A nossa posição foi de apoiar um projeto, em que estava todo mundo dentro desse projeto. Um projeto que tem como parâmetro a governabilidade e que Deus quis que fosse vitorioso", pontua.

O PV e o PCdoB fazem parte da Federação Brasil da Esperança (Fe Brasil), que reúne as duas legendas e o PT. Por isso, os partidos são obrigados a permanecer aliados pelos próximos quatro anos.

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