Projeto que limita ICMS deve ser votado nesta terça (24); entenda impactos para o Ceará

O texto prevê a alíquota única para combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo

Escrito por Bruna Damasceno ,
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Legenda: Segundo o autor do projeto, a mudança poderá reduzir em R$ 0,74 e R$ 0,60 os custos da gasolina e do álcool no Ceará, respectivamente.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Pauta prevista na agenda da Câmara Federal desta terça-feira (24), o teto de 17% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para serviços considerados essenciais poderá entrar em vigor já em julho deste ano. Isso se o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/22, que propõe a mudança, não for derrubado no Congresso.

No Ceará, a previsão de perdas na arrecadação é da ordem de R$ 2,3 bilhões por ano, mas o impacto total pode chegar a R$ 3,2 bi.

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A previsão sobre a votação da matéria foi dada pelo deputado Danilo Forte (União-CE), autor da redação, durante entrevista, nesta segunda-feira (23), ao Sistema Verdes Mares (SVM). O texto prevê a alíquota única para os combustíveis, a energia elétrica, as comunicações e o transporte coletivo.  

Danilo Forte
Legenda: Deputado concedeu entrevista no programa Bom Dia Nordeste, da Rádio Verdes Mares/TV Diário
Foto: Reprodução/SVM

Atualmente, os percentuais variam de acordo com cada estado. O objetivo da proposta é que os itens sejam enquadrados como essenciais, diferenciando as taxas definidas para aqueles considerados supérfluos.

Reduções de preços no Ceará

No Ceará, as alíquotas variam de 18% a 30%. Segundo Danilo Forte, a mudança poderá reduzir em R$ 0,74 e R$ 0,60  o preço do litro da gasolina e do álcool no Estado, respectivamente.

Já a conta de luz ficaria até 11% mais barata para os consumidores finais do mercado cativo, conforme previsão do parlamentar. 

Produto Alíquota   atual Alíquota   proposta
Gasolina 29% 17%
Diesel 18% 17%
Álcool etílico hidratado 25% 17%
Comunicações  30% 17%

“No dia 11 de março, apresentei um PLP dizendo que vamos enquadrar tudo como bem de primeira necessidade. Ninguém vive, hoje no mundo, sem energia e sem combustível…O pão para chegar à padaria e ao supermercado precisa de combustível”, exemplificou. 

“Reduzindo isso, temos um ganho imediato e em todas as cadeias produtivas”, completou. 

A proposta também inclui os impostos sobre a produção, importação, comercialização e a prestação de serviços. Todavia, um ponto crítico a ser considerado pelos parlamentares será a derrubada de cerca de R$ 70 bilhões das arrecadações estaduais com esse tributo. 

Do montante recolhido, 75% são distribuídos para as unidades federativas, que repassam 25% para os municípios. Após a partilha, as cidades destinam os gastos para setores como Saúde e Educação.

No Ceará, a Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE) calcula perda de R$ 2,3 bilhões por ano, mas o impacto seria ainda maior, em torno de R$ 3,2 bilhões. 

Impactos aos cofres públicos

A secretária da Fazenda, Fernanda Pacobahyba, acredita que redação ocasionará duros impactos aos cofres públicos e, consequentemente, para o repasse de despesas com Saúde e Educação. Para ela, a redução do custo não chegará à ponta com a imposição do teto. 

“Primeiro, porque o Brasil alcançou um patamar de descontrole da sua inflação. Segundo, que algumas dessas questões dependem de outros fatores, especialmente, os internacionais, como é o caso dos combustíveis”, observa. 

Atualmente, a política de preços da Petrobras está atrelada ao valor internacional do barril do petróleo. 

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“Ao fazer uma desoneração do ICMS, no próximo aumento da Petrobras, você joga fora tudo que desonerou. Enquanto isso, a população vai ficar sem atendimento das suas necessidades básicas”, afirma. Pacobahyba critica, ainda, a articulação para aprovação do projeto.

“A forma como o deputado Arthur Lira conduz isso é algo absolutamente insuportável e inadmissível, atropelando os estados, e, basicamente, em negociação com o ministro Paulo Guedes para tentar reduzir a inflação do País, fazendo com que os estados paguem o preço”, afirmou. 

A redação tramita em regime de urgência. Na semanada passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, garantiu que a pauta seria votada nesta semana. 

Durante a entrevista, Danilo Forte destacou que a alta da inflação também traz ganhos aos cofres públicos com o aumento da arrecadação e que a política de preços da estatal é outro fator a ser avaliado para redução do custo dos combustíveis, apesar de não ser contemplada especificamente neste projeto de lei. 

 

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