Com imóveis menores e padrão mais elevado, compra para investir deve manter mercado aquecido em Fortaleza

Empreendimentos que atraem interesse de investidores estão, sobretudo, no Meireles e em áreas próximas de centros universitários, como o Guararapes

Escrito por
Ingrid Coelho ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: Nos primeiros dois meses de 2025, foram vendidos 1.864 imóveis em Fortaleza, crescimento de 18% na comparação com igual período do ano passado
Foto: Gustavo Pellizzon/Diário do Nordeste

A compra de imóveis para investir por meio da locação é um dos elementos que deve dar o tom do mercado imobiliário de Fortaleza em 2025. O cenário já vem sendo observado, sobretudo em empreendimentos que contam com unidades menores e em áreas mais nobres ou próximas de centros universitários.

A tendência foi apontada durante apresentação dos resultados do mercado imobiliário no primeiro bimestre deste ano pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), na manhã da última quarta-feira (26). Nos primeiros dois meses de 2025, foram vendidos 1.864 imóveis em Fortaleza, crescimento de 18% na comparação com igual período do ano passado. Os números consideram padrão econômico e demais padrões.

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Nos demais padrões, onde estariam inseridos esses imóveis adquiridos por investidores, foram 922 unidades comercializadas em Fortaleza no primeiro bimestre — 63 imóveis a mais do que no primeiro bimestre de 2024.

Apesar do crescimento em número de unidades, o Valor Geral de Vendas (VGV) teve queda de 18% no primeiro bimestre deste ano em relação ao primeiro bimestre do ano passado, chegando a R$ 810,1 milhões.

Sérgio Macedo, diretor de Estatística do Sinduscon-CE, exemplifica haver hoje em Fortaleza um empreendimento lançado com 102 apartamentos, dos quais 56 unidades foram vendidas. Do total vendido, 50 apartamentos foram adquiridos por investidores.

Questionado se esse movimento se fortalecerá em 2025 e se deve ser fator responsável por bons resultados no mercado imobiliário local, Machado respondeu que, "a partir do momento em que o mercado escolhe apostar em produtos mais compactos (fora do Minha Casa, Minha Vida), o investidor virá mais forte”.

Esses investidores, segundo ele, são de Fortaleza e estão procurando o imóvel como um investimento mais seguro, com o objetivo de fugir “da insegurança atual no mercado, com as recentes mudanças no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)”.

Investimento para locação

Além disso, ele pontua que, ao contrário do que se observava há alguns anos, os investidores que buscam a compra de imóveis o fazem para apostar na locação. Ele lembra que, anteriormente, havia um forte movimento de investidores que compravam, esperavam uma valorização do ativo e, posteriormente, vendiam.

“A taxa de retorno do aluguel está 6% ao ano, então, para o investidor, é interessante ter esse retorno em um investimento seguro como imóvel. E o imóvel também valoriza”, destaca Machado.

O bairro Meireles, segundo ele, tem a maior procura. “É o bairro mais valorizado, perto da praia”, destaca. Outro que desponta é o Guararapes, pela proximidade de importantes centros universitários. “É outra área muito boa, perto de faculdades, então investir ali oferece um retorno de locação muito bom”.

Durante a apresentação, o diretor de Estatística do Sinduscon-CE também ressaltou que esse movimento é fruto de uma certa migração de investidores que antigamente adquiriam salas comerciais para investir e ter retorno com o aluguel.

Econômicos menos econômicos?

A pesquisa do Sinduscon-CE revela ainda que os imóveis de padrão econômico (residencial vertical) ficaram mais caros. Em fevereiro de 2025, o metro quadrado chegou a R$ 5.961, alta de 12% na comparação com fevereiro de 2024. É o maior patamar em pelo menos dois anos.

Machado justifica que os preços estão relacionados à mudança no teto do Minha Casa, Minha Vida, o que permitiu às construtoras "a realização de um upgrade nos projetos". "Verticalizaram mais, colocaram elevador, colocaram acabamentos melhores. Além disso, há cada vez menos terrenos em Fortaleza, o que torna os terrenos existentes mais caros".

Além dos imóveis de padrão econômico, também houve elevação de preços nos residenciais verticais excluindo o padrão econômico. Nessas outras categorias, o metro quadrado em fevereiro de 2024 na Capital cearense chegou a R$ 12.380, alta de 8% na comparação com fevereiro de 2024.