Mesmo com a crise do Pix, usuários movimentaram R$ 81,5 bilhões no Ceará em dois meses
Confusão e fake news no início do ano após Receita Federal anunciar regras para o Pix não inibiu avanço do meio de pagamento no Estado

Por meio da ferramenta de pagamento instantâneo Pix, usuários no Ceará (Pessoa Física) enviaram R$ 81,5 bilhões no primeiro bimestre de 2025, crescimento de 24,5% na comparação com igual período de 2024, segundo dados do Banco Central. O valor recebido por pessoas físicas no Pix também cresceu 22%, para R$ 79,5 bilhões.
Na Pessoa Jurídica, o Pix também vem acentuando a sua consolidação no Ceará. Foram pouco mais de R$ 60 bilhões pagos no primeiro bimestre do ano, alta de 55% na comparação com igual período de 2024. Já o valor recebido por Pessoa Jurídica via Pix cresceu 59% no período, chegando a R$ 58,7 bilhões.
Em 2024, o valor pago por Pessoa Física no Ceará via Pix chegou a R$ 341,5 bilhões, enquanto o valor recebido por Pessoa Física foi de R$ 339,2 bilhões.
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Na Pessoa Jurídica, as cifras de 2024 também foram um pouco menores se comparadas à Pessoa Física. O valor pago via Pix foi de R$ 235,4 bilhões entre janeiro e dezembro do ano passado. Já o valor recebido chegou a R$ 220,8 bilhões.
O economista Ricardo Coimbra pontua que a tendência é a diminuição das operações em Ted e Doc e uso de mecanismos como o Drex. Ele acredita que o crescimento no primeiro bimestre de 2025, mesmo em meio às fake news após as regras anunciadas pela Receita Federal à época, está relacionado à consolidação e facilidade do meio de pagamento, além da segurança.
"É uma tendência de crescimento em todo o País e no Ceará o Pix também vem se consolidando como o principal meio", diz Ricardo Coimbra, lembrando ainda que, no comércio, muitas empresas cobram a mais para pagamento com o cartão de crédito, o que contribui para que as pessoas prefiram o Pix.
Média de transações por mês
Os cearenses fizeram, em média, 38 transações Pix por mês em 2024. Os dados são do estudo "Geografia do Pix", divulgado pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).
Segundo a pesquisa, a média no Ceará é a segunda maior do Nordeste, atrás do Maranhão, com média de 39 operações por mês no ano passado. O coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, Lauro Gonzales, destaca que estados do Norte e do Nordeste possuem média de transações mais elevada na comparação com o restante do Brasil.
"Podemos pensar que as pessoas de estados mais ricos fazem o uso de cartão por questões como a possibilidade de acumular milhas por exemplo", pontua Gonzales.
Média de valores no Ceará
O estudo também revela que a média mensal de usuários ativos do Pix no Ceará foi de 59,66% no ano passado e o valor médio das transações foi de R$ 145,59. A cifra ficou abaixo da média da região Nordeste, de R$ 151,47, e ainda mais distante da média nacional, de R$ 190,57.
Médias em outros estados
Os estados brasileiros com as maiores médias de valores das transações Pix foram Mato Grosso (R$ 272,44), Santa Catarina (R$ 248,96) e Goiânia (R$ 241,34). Já as menores médias foram observadas no Acre (R$ 143,17), Amapá (R$ 128,86) e Amazonas (R$ 119,07).
"Esse dado pode ser explicado pela desigualdade regional e sobretudo pelas diferenças de renda que existem entre as regiões, então é esperado que o valor médio seja maior em estados mais ricos. A renda me parece uma variável que ajuda a entender", avalia Gonzalez.
No País, 63% realizaram ao menos uma transação Pix em 2024, sendo que o Distrito Federal teve a maior adesão: 77% dos moradores usaram o meio de pagamento. O Piauí foi o estado com a menor adesão: 54,7%.