Duas cidades do Ceará terão terminais de carga conectados à Transnordestina

Terminais multipropósito funcionam de forma similar à infraestrutura de um porto seco.

Escrito por
Luciano Rodrigues luciano.rodrigues@svm.com.br
Foto que contém área de terra batida no futuro Porto Seco de Quixeramobim.
Legenda: Porto Seco de Quixeramobim atuará em conjunto com terminais na Grande Fortaleza, declara CEO da Value Global Group.
Foto: Davi Rocha/Diário do Nordeste.

A Value Global Group, empresa responsável pelo porto seco de Quixeramobim, confirmou investimento em dois terminais de carga na Região Metropolitana de Fortaleza. 

Os terminais devem ser instalados próximos à Transnordestina, principalmente, nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.

Em Caucaia está o último trecho da ferrovia, com 26 quilômetros (km). Já em São Gonçalo, a Transnordestina chega ao Porto do Pecém, ponto final da linha férrea.

Segundo o CEO da empresa, Ricardo Azevedo, os dois terminais multipropósito, com capacidade para receber e processar diferentes cargas, funcionam de forma similar a infraestrutura de um porto seco, mas sem a parte alfandegada. 

Azevedo não quis comentar os valores dos investimentos nos terminais de carga da Grande Fortaleza.

O CEO da Value deixa claro que acha "pouco provável" que ambos os terminais funcionem como porto seco, até pelo fato de atuarem em complementariedade com o equipamento de Quixeramobim, no Sertão Central, mas não exclui a possibilidade de que, futuramente, eles se tornem portos secos propriamente ditos.

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Os nossos terminais sempre serão multipropósito. Menores do que o de Quixeramobim, mas complementando-o. Quando houver a decisão de área alfandegada, Quixeramobim será um porto, mas de qualquer maneira, iremos funcionar mesmo sem área alfandegada. Nos outros dois, se houver uma decisão nesse sentido, não está descartado. Serão terminais de carga e descarga complementando o nosso porto seco".
Ricardo Azevedo
CEO da Value Global Group

Missão Velha, na região do Cariri, ganharia o segundo porto seco do Ceará, conforme frisado anteriormente pelo governador do Estado, Elmano de Freitas. De acordo com Azevedo, "não avançaram" as tratativas para um terminal no município, mas o empreendimento no local não está descartado.

Qual a diferença entre um porto e um terminal portuário?

O Ceará vai contar a partir de 2026 com um terminal portuário multimodal e multipropósito em Quixeramobim. O equipamento está sendo construído pela Value no município e, após autorização da Receita Federal, receberá uma área alfandegada.

No caso do terminal em Quixeramobim, trata-se, por enquanto, de um terminal multipropósito. É diferente da infraestrutura existente no Pecém e no Mucuripe, que são atualmente os únicos portos propriamente ditos no Ceará.

Segundo Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais, empresa especializada em despacho aduaneiro e frete internacional, o que diferencia um porto de um terminal portuário é a área alfandegada.

Foto que contém a entrada do portão 2 do Porto do Pecém.
Legenda: Porto do Pecém é um porto estruturado e ligado ao modal marítimo, embora conte com os modais ferroviário e rodoviário como complementares.
Foto: Fabiane de Paula.

Enquanto os terminais portuários podem contar ou não com áreas de alfândega, os portos obrigatoriamente necessitam ter estruturas alfandegárias, como um posto da Receita Federal.

"O Pecém, por exemplo, é tanto porto quanto terminal portuário. Entretanto, não consegue operar por si próprio as cargas e contrata empresas terceirizadas, como APM e Tecer. Estas são apenas terminais e operadores portuários, podendo ter ou não suas áreas alfandegadas. Já o porto necessariamente precisa ter área alfandegada pela Receita Federal. Do contrário, será apenas um terminal", classifica.

Burocracia impede novos portos secos

O empreendimento em Quixeramobim, embora seja divulgado como porto seco, entrará em operação como terminal portuário. Ainda estão em curso as tratativas para a instalação de infraestruturas da Receita Federal no empreendimento para que ele possa atuar como um porto de fato.

Para o CEO da Value, empresa que atualmente também é a contratante oficial da Transnordestina Logística S.A. (TLSA) — responsável pela construção da ferrovia de mesmo nome — o porto seco de Quixeramobim deverá ser o único ao longo de toda a extensão da via-férrea.

"Só terá um (porto seco) na Transnordestina. É muita questão burocrática ter mais de um porto seco nesse mesmo eixo. Devem ter outros terminais, com certeza mais de um", diz.

Placa com o nome do empreendimento: Porto Seco do Sertão Central.
Legenda: Espaço logístico cresceu 3,7 vezes após fusão com ZPE e polo industrial.
Foto: Davi Rocha/Diário do Nordeste.

Além dos dois terminais em negociação na Região Metropolitana de Fortaleza, a Value está em tratativas para instalar outro equipamento portuário no interior do Piauí. A TLSA já terá uma infraestrutura do tipo em Bela Vista do Piauí (PI).

"Serão terminais multipropósito, com mais de um tipo de carga. Teremos principalmente as cargas fracionadas (contêineres), e entra desde material acabado, de tecnologia, frutas, proteína animal, pescados, materiais têxteis, calçadistas, grãos, granéis, rações animais", destaca Azevedo.

 

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