Gente que inspira: auxiliar administrativa vende chocolates há 7 anos para realizar doações

Eleneide Silva promove ações para crianças com deficiência em Fortaleza. "Eu estou mais feliz ajudando do que eles recebendo”, afirma.

Escrito por Redação ,
Legenda: Doações realizadas por Eleneide Silva
Foto: Arquivo Pessoal

Foi ao ver crianças com deficiência aproveitando com alegria uma festa do dia das crianças em 2013, que a auxiliar admistrativa Eleneide Silva resolveu que poderia fazer com que aqueles sorrisos se mostrassem com mais frequência, apesar das dificuldades enfrentadas por cada um, no dia a dia. Ela passou, então, a se dedicar em levar momentos de alegria a essas crianças e seus familiares,  promovendo ações de doação de cestas básicas e realizando festas em datas comemorativas. Para arrecadar dinheito, ela vende chocolates e utiliza parte do 13º salário. 

Eleneide Silva, 38 anos, que já realiza essas ações sociais há 7 anos, foi indicada por leitor do Diário do Nordeste como sendo um exemplo de "Gente que Inspira" e que promove ações para o bem, para Dias Melhores em nosso Estado. 

O sentimento de trazer sorriso ao rosto das crianças, ajudar a quem mais necessita, dar apoio a ações que acolhem, é o que motiva Eleneide a continuar nessa jornada.

“É um contentamento tão grande, que eu nem tenho palavras. Quem me conhece sabe o quanto eu me motivo para isso, para chegar no dia das festinhas, e ao longo do tempo você acaba se envolvendo com a vida das crianças”, pontua. “Eu acho que isso faz toda a diferença na minha vida pessoal, não é nem [só] para deles. Eu tenho um crescimento pessoal muito grande. Eu estou mais feliz ajudando do que eles recebendo”, conclui
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Começo de tudo

Moradora do Jardim Iracema, bairro da periferia de Fortaleza, a auxiliar administrativa começou essa jornada quando participou de uma festa e hoje já ajuda no anexo do Instituto dos Cegos, que atende crianças com diversas deficiências, e na Fundação Projeto Diferente, que recebe crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

“Foi uma festa que fui, no Instituto dos Cegos e, quando eu cheguei, eu vi que era uma festa do Dias das Crianças e eles não tinham [nada], eles tinham o mínimo e para eles era o máximo. Então, eu perguntei ‘e no Natal, o que vocês fazem?’ e eles disseram que não tinham nada programado”, relembrou Eleneide. A partir desta data, a auxiliar administrativa não parou mais de praticar o bem.

Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de não ter um alto poder aquisitivo, isso não impediu Eleneide de continuar fazendo suas ações, que vão de entrega de cesta básica, para quem está passando por necessidade, até planejamento da festa de Natal, como a de 2019 que reuniu cerca de 200 crianças.

Legenda: Arquivo Pessoal

Venda de chocolates e biscoitos

“Nos locais que eu trabalho, eu vendo chocolates, biscoito, e o que aparecer para eu vender, eu faço”, conta Eleneide sobre como consegue dinheiro para realizar as ações, mas mesmo assim não é o suficiente. “E como são muitas crianças, no final do ano, eu não consigo fechar o percentual de dinheiro que eu preciso para festa, ai eu completo com o meu décimo terceiro salário”, completa.

Pandemia

As dificuldades impostas pela pandemia também atingiram o trabalho voluntário da auxiliar administrativa, que arrecadava dinheiro vendendo seus produtos em saídas de casa. Com o isolamento social, essa atividade teve que ser parada. “Quer dizer, as vendas diminuíram muito, porque quando podia sair, todo dia eu vendia um pouquinho, e como era que eu ia vender sem sair de casa?”, lamentou. Mas mesmo assim, o pensamento de parar de ajudar ao próximo não passa pela cabeça de Eleneide, que já pensou outra forma de arrecadar dinheiro, fazendo rifas. 

“Não tenho planos de não fazer [esse ano], para mim, vai ser o mesmo que quebrar [uma tradição] que já realizo há sete anos. Vão aparecer outras formas de completar esse dinheiro, seja em rifa, seja em doação, não sei, mas vai aparecer”, destacou positiva.

Foto: Arquivo Pessoal