EUA aprovam uso emergencial da vacina da Moderna contra a Covid-19, a 2ª no país
O país já tinha aprovado, na última semana, o imunizante produzido pela Pfizer em parceria com a BioNTech
A FDA, agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA, aprovou nesta sexta-feira (18) o uso emergencial de mais uma vacina contra a Covid-19, desenvolvida pela empresa de biotecnologia Moderna em parceria com o governo norte-americano.
Há exatamente uma semana, a agência deu aval para o imunizante produzido pela americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech. Até então, essa vacina era a única que tinha sido aprovada por agências regulatórias no mundo.
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A autorização de uso emergencial permite que a vacina seja distribuída nos EUA para uso em pessoas acima de 18 anos.
"Com a disponibilidade de duas vacinas para a prevenção de Covid-19, a FDA deu mais um passo crucial na luta contra essa pandemia global que está causando números vastos de hospitalizações e mortes nos EUA todos os dias", disse Stephen M. Hahn, chefe da FDA.
Vacina da Moderna
Em novembro, a Moderna anunciou que sua vacina apresentou eficácia de 94,5% em uma análise interina dos dados.
Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês), disse em entrevista na época que ficaria satisfeito já com uma eficácia de 75%. "Nós aspirávamos por 90%, 95%, mas não esperava encontrar esse resultado. Eu achei que teríamos um resultado razoável, mas 94,5% é muito impressionante."
Os dados preliminares da terceira fase de estudos clínicos da vacina foram avaliados por um comitê independente.
A diretora executiva da Moderna, Stéphane Bancel, disse que os resultados demonstravam "a primeira validação clínica que nossa vacina pode prevenir contra a doença Covid-19, incluindo proteção contra quadro severo".
Imunizantes genéticos
Tanto a vacina da Pfizer como a da Moderna utilizam uma plataforma genética para induzir resposta imune no organismo. A ideia é utilizar trechos do RNA do vírus, notadamente aqueles responsáveis pela codificação da proteína S da espícula do vírus, para induzir a produção de anticorpos e células de defesa. Ao ter contato com o vírus verdadeiro, o sistema imune estará preparado para impedir a infecção e a replicação viral.
Vacinas desse tipo eram inéditas no mundo, mas saíram na frente na corrida pelas vacinas contra a Covid-19.
Para Barry Bloom, pesquisador de saúde pública na Universidade de Harvard, as duas vacinas confirmam uma nova era em pesquisas de imunizantes. "O fato de duas vacinas distintas, que usam estruturas diferentes, em uma nova plataforma de RNA mensageiro, terem uma eficácia tão alta confirma a ideia para todos de que essa é uma estratégia viável não só para a Covid-19, mas para todas as doenças infecciosas futuras", disse.
Desafio no armazenamento
As vacinas genéticas, contudo, possuem uma dificuldade logística, já que necessitam de armazenamento em ultracongeladores em temperaturas muito baixas (-20ºC). Esse pode ser um fator complicador para o transporte e a entrega da vacina em países tropicais e mais pobres, uma vez que ultracongeladores são equipamentos caros e raramente disponíveis.
A Moderna afirmou que as suas vacinas podem ser armazenadas em refrigeradores por até 30 dias e que a vacina se mantém integra por até 12 horas em temperatura ambiente.