‘Treinados para pior cenário’: como os bombeiros combateram incêndio na Sucata Chico Alves
Equipes de plantão no Natal foram mobilizadas para ocorrência.
Era por volta de 23h30 da véspera de Natal. Enquanto milhares de famílias se reuniam para a ceia e troca de presentes em Fortaleza, agentes do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) recebiam um chamado para um incêndio de grandes proporções na conhecida Sucata Chico Alves, no bairro Jacarecanga. O trabalho para controlar as chamas durou quatro dias e deixou dois agentes feridos.
A operação mobilizou 23 viaturas do Corpo de Bombeiros e cerca de 70 bombeiros militares, que atuaram em regime de revezamento. Eles utilizaram viaturas-tanque, o Auto Bomba Tanque (ABTs) e a Auto Escada Mecânica e tiveram apoio de carros-pipa da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
Ao todo, cerca de 600 mil litros de água foram empregados nas ações de combate e rescaldo do incêndio.
De acordo com o Major Alandilson Forte, que atuou como supervisor de operações naquela noite, a corporação enviou imediatamente viaturas e um contingente preparado para o “pior cenário”.
Ao chegarem ao local, a primeira medida dos agentes foi o isolamento da área, afastando curiosos e veículos para realizar uma inspeção de riscos imediatos à população e às construções vizinhas à sucata.
Veja também
Paralelamente, o combate às chamas foi iniciado, priorizando sempre a salvaguarda de vidas. Devido à complexidade da ocorrência, várias equipes do CBMCE da Capital foram mobilizadas como reforço para atuar no momento inicial do sinistro.
O Major Alandilson afirma que a principal dificuldade enfrentada pelas equipes foi a grande quantidade de material combustível presente no local, como pneus e madeira. “Isso favoreceu uma propagação muito rápida do incêndio”, explica o oficial.
Além disso, a estrutura da edificação apresentava desafios geográficos: o fogo não se propagava apenas lateralmente, mas também para os andares inferiores e o subsolo, exigindo um posicionamento estratégico para manter as chamas confinadas dentro dos limites da sucata.
O controle do incêndio foi sendo estabelecido ao longo da madrugada, com as equipes debelando focos que ressurgiam conforme o material era revirado. O fogo só foi considerado controlado no último domingo (28).
Bombeiros feridos
O Corpo de Bombeiros informou que, durante a operação de combate ao incêndio, foram registrados quatro atendimentos médicos:
- Um bombeiro militar, com queimadura de 2º grau em uma das mãos;
- Outro bombeiro militar, com exaustão;
- Um adolescente, com ferimento leve, foi atendido e liberado após avaliação;
- Uma mulher, que teve um mal súbito, foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cristo Redentor.
Segundo o Major Alandilson, os bombeiros receberam atendimento imediato das ambulâncias da própria corporação que estavam de prontidão no local e, felizmente, passam bem.
Para o supervisor, a ocorrência serviu para reafirmar o papel de proteção do CBMCE mesmo em momentos de celebração, já que a corporação é disciplinada e treinada para intervenções de qualquer complexidade, independentemente da data.
“O interessante é que não haja (incêndios), mas se ocorrer, a população sempre pode contar com a presença do Corpo de Bombeiros”, conclui o oficial
Trabalho preventivo continua
Na manhã desta segunda-feira (29), uma guarnição dos Bombeiros foi ao local após ser acionada por alguns focos de fumaça presentes no local.
Segundo o tenente Auceny Marinho, ainda há material que segue em combustão. Para debelá-lo, é preciso fazer o rescaldo ou a remoção.
Após o controle do fogo, a operação entra na etapa de mitigação de riscos, avaliando a situação de árvores queimadas que podem tombar, e de muros fragilizados que podem rachar e cair.
O CBMCE, que faz parte da Defesa Civil estadual, atuará junto com a Prefeitura para averiguar o estado das residências do entorno. “Como não há risco imediato, fazer uma força tarefa para fazer a remoção e avaliação de risco”, explica Marinho.