Trabalhadores de ônibus temem demissões e sobrecarga após suspensão de linhas em Fortaleza
O presidente do Sintro, Domingos Neto, afirma que irá oficiar a Prefeitura e o Sindiônibus e mobilizar funcionários em dois terminais de integração
Como os usuários do sistema e a própria Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), os trabalhadores das 25 linhas de ônibus suspensas nesta segunda-feira (29) também foram pegos de surpresa com a decisão unilateral do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sindiônibus).
"Não houve conversa, reunião", disse ao Diário do Nordeste Domingos Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro-CE). Segundo o representante sindical, a categoria irá a dois terminais de integração da Capital, em Messejana e no Antônio Bezerra, definir com os profissionais o que será feito.
A princípio, Domingos informou que oficiará a Prefeitura e o Sindiônibus. "Quem paga o preço é a nossa categoria. Não estávamos sabendo de nada", reforçou.
Desde o fechamento da empresa Santa Cecília, em agosto deste ano, os trabalhadores do transporte coletivo na Cidade sofrem com o medo de demissões e piora nas condições de trabalho. "Estamos preocupados com condições de trabalho e com o desemprego que vai gerar na nossa categoria, que deve ser na faixa de umas 500 demissões, juntando com as [demissões] da [empresa] Santa Cecília", projetou.
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Mais demanda de passageiros e tempo de viagem reduzido
Segundo Domingos Neto, com a suspensão das 25 linhas de ônibus, os veículos que continuarão circulando pela Cidade receberão uma demanda maior de passageiros e os tempos de viagem terão de ser reduzidos.
"Numa tabela, se fizer dez viagens, vai aumentar para 20 ou mais. Nisso, os motoristas vão só [ficar] chegando ao terminal [de integração] e voltando, sem tempo de ir ao banheiro ou tomar água", disse.
Quais linhas de ônibus foram suspensas?
As linhas de ônibus que não circularão mais em Fortaleza a partir desta segunda-feira, conforme o Sindiônibus, são:
- 014 - Rodoviária/Aguanambi 2
- 020 - Campus do Pici
- 022 - Jardim das Oliveiras/Centro
- 081 - Conj. Ceará/Ant. Bezerra 2
- 091 - Expresso/Ant. Bezerra/Parangaba
- 097 - Ant. Bezerra/Siqueira
- 106 - Floresta/Centro
- 200 - Ant. Bezerra/BRT/Centro
- 217 - Estação/Pio Saraiva 2
- 302 - Rodolfo Teófilo/José Bastos/Centro
- 307 - Parangaba/Itaoca/Jardim América/Centro
- 352 - Solar das Águas/Green Park/Parangaba
- 374 - Aracapé/Centro
- 400 - Osório de Paiva/Siqueira
- 404 - Aeroporto/Rodoviária/Benfica/Centro
- 501 - Bairro de Fátima/Rodoviária/Centro
- 513 - Parangaba/UECE/Luciano Carneiro
- 614 - Curió/Terminal Wash. Soares/Messejana
- 633 - Passaré/Centro
- 653 - Santa Fé/Messejana
- 668 - Pq. Betânia/Messejana
- 701 - Pq. Americano/Centro
- 835 - Papicu/Câmara Municipal/Defensoria
- 903 - Papicu/Varjota/Centro
- 1310 - Siqueira/Hospital Universitário do Ceará
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O que diz a Etufor?
Em comunicado enviado à rádio Verdinha FM 92.5 na manhã desta segunda-feira, o presidente da Etufor, George Dantas, afirmou que a suspensão das 25 linhas de ônibus e a redução da frota de outras 29 foram decisões unilaterais do Sindiônibus e que o órgão municipal discorda.
"Essa diminuição dos serviços, anunciada hoje, é uma decisão unilateral do Sindiônibus, que nos pegou de surpresa, porque, em novembro, é a data-base da discussão do equilíbrio tarifário, de uma nova tarifa e novo subsídio. Então, essa decisão, muito próxima à data-base, nós não concordamos e não orientamos", afirmou o gestor.
Embora tenha dito que não sabia da mudança ocorrida nesta segunda, o dirigente da Etufor comentou que já havia conversado com as empresas sobre a possibilidade de reduzir e descontinuar algumas linhas. "A gente entende que tem que melhorar a qualidade do serviço, que temos que discutir. As empresas já contam com outros incentivos, como 50% de desconto no ICMS combustível. Então, não há motivo para antecipar a suspensão de linhas, antecipar equilíbrio tarifário", continuou Dantas.
O que diz o Sindiônibus?
Para o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, a suspensão das linhas é "consequência direta" do que chamou de "maior déficit financeiro" já registrado no sistema de transporte coletivo de Fortaleza. Segundo ele, faltam R$ 7 milhões mensais para a conta do transporte fechar mensalmente.
Atualmente, a Prefeitura repassa cerca de R$ 16 milhões por mês — valor que já recebeu um reforço de R$ 2,5 milhões nos últimos dois meses. "A conta completa, se somar os estudantes [gratuidade], seria quase R$ 23 milhões. Então, assim, por mais que eu sei que haja um esforço, vem acumulando [o déficit]. Este ano a gente vai fechar com o maior déficit da história seguindo nessa tendência. A gente já tem aqui, até este mês, um déficit maior do que o nosso maior déficit da história, que foi 2023", compartilhou Barreira.