Socorro Martins diz que ‘quem tem que resolver questão do IJF é a Prefeitura’, mas pedirá apoio

Futura secretária de Saúde de Fortaleza enfrentou crise no hospital há cerca de 10 anos

(Atualizado às 10:55)
Foto da secretária Socorro Martins segurando microfone em evento
Legenda: Para futura gestora municipal, qualificação do atendimento deve se alinhar à prevenção de doenças
Foto: Nah Jereissati

Médica escolhida para encabeçar a Saúde na gestão do prefeito eleito Evandro Leitão (PT), a partir de 2025, Socorro Martins voltará ao cargo para lidar com um problema complexo: o gerenciamento do Instituto Dr. José Frota (IJF), maior hospital de traumas do Ceará, hoje atravessado por denúncias de falta de insumos e atrasos em pagamentos de profissionais. 

Ela, que já foi secretária entre 2013 e 2016, sabe do desafio de lidar com um orçamento milionário e uma alta demanda devido a acidentes e casos de violência. Em 2015, a médica precisou lidar com outra crise, marcada por superlotação na unidade, tomógrafos quebrados e pacientes atendidos no chão

Em entrevista ao Diário do Nordeste, na última quarta-feira (11), Socorro ressaltou a “grandeza” do hospital e a necessidade de se alinharem todas as etapas de atendimento para impedir atrasos e acúmulo de demandas.

“Aconteceram períodos, e acho que na nossa época também tinha... períodos de ausência de prótese, porque o fornecedor muitas vezes não tinha determinada prótese, a pessoa ficava demorando mais, juntava um, juntava outro, e aquilo dificultava muito”, lembra.

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Para ela, o alinhamento político entre o Município de Fortaleza, o Governo do Ceará e o Governo Federal, todos liderados pelo PT, deve permitir maior integração entre as forças de financiamento da saúde, como prega o sistema tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS).

O cenário projetado por ela é contrário à relação entre o atual prefeito, José Sarto, e o governador Elmano de Freitas. Por conta de disputas políticas, Sarto entrou na lista de adversários de Elmano e promoveu uma série de acusações contra o petista. 

“Esse diálogo é muito importante”, ressalta Socorro Martins. “Estamos aqui para melhorar, para ajudar. Não somos problema, somos solução. E o princípio básico é essa integração, o respeito que a gente tem”.

Segundo a médica, ela tem bom relacionamento com a secretária estadual, Tânia Mara Coelho, bem como com os profissionais técnicos da Pasta. “Conheço quase todos. Vamos discutir isso, botar na mesa. Ela também não pode assumir tudo... Não, vamos assumir juntas”, reforça.

Não adianta a gente se separar do Estado. É o todo, um conjunto. A população está lá e precisa. Não podemos colocar só a responsabilidade no Estado, como está se cobrando hoje de o Estado resolver a questão do IJF.  Quem tem que resolver a questão do IJF é a Prefeitura, são as pessoas que estão lá agora. E se precisar de ajuda, deve dizer o que está precisando.
Socorro Martins
Futura secretária de Saúde da gestão Evandro

Para ela, é preciso “abrir o jogo” sobre a real situação do equipamento porque, “se encobrir algumas coisas, vai chegar ao caos mesmo”.

Fachada do IJF em dia de sol e nuvens
Legenda: Somando estrutura principal e anexo, IJF tem mais de 660 leitos de atendimento
Foto: Ismael Soares

Prevenção de saúde

Segundo a Prefeitura, o IJF é o maior centro médico de urgência e emergência de nível terciário da rede municipal e referência no Norte e Nordeste no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, como fraturas múltiplas, lesões vasculares e neurológicas graves, queimaduras e intoxicações.

Porém, a futura secretária entende ser necessário trabalhar a prevenção de doenças como o acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes, assim como acidentes externos, sobretudo os de motocicleta, que historicamente são responsáveis por boa parte da assistência no local.

“Por melhor que a gente possa fazer, não é tão simples resolver e deixar aquele cidadão satisfeito com tudo. Porque muitas vezes a quantidade e o quadro clínico são muito diversificados”, observa.

“Tem momentos, tem períodos que pode existir (problemas como a superlotação). Acho que a gente tem que ter essa humildade de reconhecer. Mas a gente precisa focar muito a questão da prevenção e trabalhar o sistema de saúde”, completa.

Regionalização

Outra estratégia indicada por ela para desafogar o serviço é explorar a rede regionalizada de saúde do Governo do Estado, atualmente composta por cinco hospitais-polo:

  • Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
  • Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral
  • Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte
  • Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim
  • Hospital Regional do Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte

“Os hospitais regionalizados vêm cumprindo um papel importante”, percebe Martins. “Teve um período que é só o IJF, mas hoje tem uma política regionalizada. São esses exemplos que a gente precisa”.

Ampliação do IJF

Após a série de problemas constatados no IJF, em 2015, a Prefeitura de Fortaleza decidiu ampliar a unidade e construir uma expansão anexa, apelidada de “IJF 2”. A ordem de serviço para o início das obras foi assinada no dia 12 de abril de 2016, ainda na gestão de Socorro, com previsão de entrega para 2018.

Porém, com atraso e com cronograma impactado pela pandemia, ele foi inaugurado no dia 29 de setembro de 2020, equipado com novos 203 leitos de enfermaria e outros 30 de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Com as adições, o hospital passou a funcionar com 664 leitos.

A Torre entregue recebeu o nome de Juraci Magalhães, ex-prefeito da cidade e idealizador do prédio principal, na década de 1990.

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