Padre cearense que viveu seis anos em Roma destaca humanidade do papa Francisco

Após o anúncio da morte do papa Francisco, pelo Vaticano, na manhã desta segunda-feira (21), diversos fiéis se manifestaram lamentando a partida e relembrando momentos da trajetória do pontífice.

O cearense Rafhael Silva Maciel, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Montese, em Fortaleza, teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o pontífice argentino.

Por meio da Arquidiocese de Fortaleza, Raphael pôde viver por seis anos em Roma, na Itália, tendo a oportunidade de acompanhar de perto algumas celebrações no Vaticano. Para ele, a notícia da morte do papa veio como uma triste surpresa. 

“Dá um susto imenso, porque você acaba pensando que é uma fake news. Foi com muito pesar que recebi essa notícia, porque eu conheci o papa Francisco, eu tive essa graça”, disse o sacerdote.

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No período na Itália, o papa chegou a rezar pela saúde da mãe de Rafhael, que estava doente.

“Falei pro papa pessoalmente, eu disse: 'minha mãe está enferma, o Senhor poderia rezar por ela?'. Ele me perguntou o nome da minha mãe. E eu disse: 'ela se chama Maria de Fátima'. O Papa olhou para o auxiliar dele e pediu um terço de pérola. Me entregou e disse: ‘entregue à sua mãe, diga que foi o Papa quem mandou’.”

Rafhael afirma que esse gesto simples traduzia a essência do pontífice: um líder espiritual e religioso próximo, que era sensível à dor alheia e atento às pequenas necessidades dos fiéis.

Além da marca pessoal, o sacerdote destacou que papa Francisco deixará um forte legado institucional, especialmente por seu estímulo ao diálogo e à sinodalidade, que significa a prática de "caminhar juntos". Esse é um modelo de escuta coletiva dentro da Igreja.

“Ele dava liberdade imensa para discussão, mas sem abrir mão da unidade da Igreja. O que a Igreja diz, é isso. Mas ele sempre quis ouvir as opiniões”, afirmou.

Expectativas após a morte do papa

Já sobre o futuro da Igreja, padre Rafhael acredita que o legado deixado por Francisco influenciará diretamente a escolha do próximo papa.

“O que ficou do papa Francisco, seja na vida espiritual da Igreja ou na maneira como a Igreja influenciou o mundo, será considerado. A atuação dele em temas como a pobreza, os conflitos armados e a organização interna da Igreja certamente será analisada pelos cardeais. Eles vão se debruçar sobre tudo isso”, destacou Rafhael.

Além do impacto espiritual, ele citou o estilo de governo do Papa, que promoveu ampla escuta e diálogo entre os bispos. “A escolha do próximo pontífice levará em conta o perfil que se construiu com essas mudanças.”

Diálogo dentro da Igreja

Em entrevista à rádio Verdinha FM, o pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida afirmou que uma das marcas mais fortes de Francisco foi sua disposição ao diálogo sem romper com as tradições da Igreja.

Talvez esse seja um dos grandes legados do papa Francisco: nos abrir ao diálogo com o diferente, sem perder a essência daquilo que a Igreja crê durante tantos e tantos anos.”

Ele citou ainda a forma como o pontífice promoveu discussões amplas, por meio dos sínodos e comissões, sempre guiado por um princípio de comunhão. “O papa dava liberdade imensa de discussão, mas nunca levou adiante algo que percebesse que não fosse para a unidade da Igreja.”

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