Nova vacina contra a dengue deve chegar ao Ceará até julho; veja valores

Imunizante pode ser aplicado na população de 4 a 60 anos de idade, e ainda não está disponível na rede pública

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Legenda: Nova vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue
Foto: Foto: Venilton Kuchler / ANPR

Uma nova forma de proteção contra o vírus da dengue estará disponível no Ceará até julho. A vacina Qdenga, do laboratório Takeda, chegará ao Brasil por meio das clínicas privadas, e poderá ser aplicada no público de 4 a 60 anos de idade, exceto gestantes.

O valor de uma dose do imunizante para o consumidor deve variar de R$ 350 a R$ 500, a depender do Estado, de acordo com a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC).

O esquema de imunização com a Qdenga contará com duas doses, com intervalo de 3 meses entre as aplicações, como reforça a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Atualmente, já existe um imunizante disponível contra a dengue (Dengvaxia), mas restrito a quem já teve a doença e tem idade entre 6 a 45 anos. A ampliação do público a ser protegido, então, é comemorada por profissionais de saúde, como pontua a pediatra Vanuza Chagas.

“Vivemos à sombra e sob o receio da dengue hemorrágica. Então, a chegada dessa vacina é muito festejada por quem trabalha com saúde pública, quem vive a realidade de ter pacientes internados e vindo a óbito”, reflete a médica.

A nova vacina mostra um nível de eficácia de mais de 80% de proteção contra a dengue, principalmente contra o tipo 2, que leva aos casos mais graves e tem maior incidência de morbidade e mortalidade.
Vanuza Chagas
Médica pediatra

O registro da Qdenga no Brasil foi aprovado pela Anvisa em março deste ano, por meio da Resolução RE 661/23. De acordo com a agência, “o valor de eficácia global da vacina atingiu o patamar de 80,2%”. Para cada sorotipo, os resultados foram diferentes:

  • Dengue 1: 69,8%; 
  • Dengue 2: 95,1%; 
  • Dengue 3: 48,9%; 
  • Dengue 4: não houve registro de casos suficientes para obter um resultado de eficácia estatisticamente relevante.

SUS não oferta vacina da dengue

A disponibilidade de uma nova forma de prevenção contra a dengue impacta no controle da disseminação e na redução de danos que o vírus pode causar, como avalia Robério Leite, infectologista pediátrico e membro da Comissão de Guias e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O médico reconhece, porém, que ampliar o acesso para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) “ainda é um sonho”. “Seria fundamental não só para proteção individual, mas coletiva. Seria muito importante ter a vacina no SUS, pelo menos para grupos prioritários, num momento inicial”, sugere.

Os números de óbitos no Brasil têm sido grandes a cada epidemia, é uma doença que tem ciclos: diminui, e depois volta com força. Avançou tremendamente para regiões como Sul e Centro-Oeste, às quais nunca imaginávamos que o mosquito e a doença chegariam.
Robério Leite
Infectopediatra e membro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

O infectologista frisa, então, a importância de intensificar os outros esforços e formas de prevenção de contaminação pela dengue, como foco no combate ao Aedes aegypti.

Qual o preço da vacina da dengue

De acordo com Vanuza, diretora da clínica Previne Vacinas, em Fortaleza, a dose do imunizante custará R$ 490. A pré-reserva para quem deseja adquirir será aberta na próxima segunda-feira (26).

A reportagem contatou outras clínicas da Capital para saber a previsão de chegada e de valor da nova vacina. Na Clínica Dra. Núbia Jacó, as doses devem chegar até o início de julho, e cada uma deve custar R$ 490. 

Na Amo Vacinas, o prazo é o mesmo, mas o valor não foi definido. Outros dois estabelecimentos não têm previsão de estoque.

Nosso anseio maior é que além de chegar na rede privada a vacina se estenda rápido ao SUS, diante do grande problema de saúde pública que é a dengue no Brasil.
Vanuza Chagas
Médica pediatra

Até o início de junho, o Ceará já somou 6.673 notificações de casos de dengue, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Do total, 7 foram classificados como graves e 3 pessoas morreram em consequência da infecção. 

Só em Fortaleza, também até a primeira semana deste mês, foram confirmados 2.323 casos, conforme monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

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