Média de atendimento em UPAs por influenza cresce em Fortaleza em março e crianças são mais afetadas

Imunização contra a gripe também é importante para evitar quadros graves com relação às doenças respiratórias

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
UPA
Legenda: Baixa cobertura vacinal contra a gripe e período chuvoso são fatores que podem favorecer o aumento de casos de gripe
Foto: Thiago Gadelha

Os casos de gripe têm levado mais pessoas, em especial as crianças, a buscar ajuda médica em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza em março. A média diária de atendimentos de pacientes com influenzas passou de 39,7, na primeira metade de fevereiro, para 47,2 na primeira quinzena deste mês - crescimento de 19% no período analisado.

Entre quem busca unidade de saúde por causa da gripe, os pequenos de até quatro anos concentram os casos. Os dados são da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) disponibilizados na plataforma IntegraSUS.

Esses registros consideram várias classificações das influenzas, como a manifestação de pneumonia, por exemplo.

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O cenário do começo de março apresenta leve aumento em relação ao igual período do mês anterior, mas bem menor do que a primeira quinzena de janeiro, quando as unidades de saúde receberam expressivo número de pacientes por causa da Covid.

Naquele momento, em relação às influenzas, as UPAs tiveram média diária de 244,47 casos. Ainda assim, março tem registro maior do que o período quinzenal observado nos últimos meses.

Os pequenos despontam entre os atendimentos registrados na primeira quinzena deste mês. Em 15 dias, 708 pacientes foram recebidos nas UPAs da Capital, sendo que 321 deles eram crianças de até 14 anos, ou seja: 45,3% do total.

Quantidade de atendimentos em crianças:

  • 0 a 4 anos: 187
  • 5 a 9 anos: 89
  • 10 a 14 anos: 45

Esse aumento já é esperado por causa do aumento da circulação de infecções respiratórias durante a quadra chuvosa, entre fevereiro e maio no Ceará.

"Nós vemos aumento da demanda de pacientes, principalmente, da faixa pediátrica em pronto atendimento e unidades de emergência por causa dessas viroses", alerta Vanuza Chagas, médica pediatra.

No entanto, a especialista contextualiza que a baixa cobertura vacinal contra as influenzas e o contexto de maior exposição nesse momento epidemiológico podem favorecer novos casos de gripe.

Com a flexibilização do uso da máscara, com as pessoas circulando e viajando mais, isso leva a um impacto grande no aumento de doenças que são transmitidas pelo contato direto com as pessoas
Vanuza Chagas
Médica pediatra

Além das crianças, os idosos, pacientes com doenças crônicas ou com baixa imunidade e as gestantes devem observar a gripe com mais atenção. Febre prolongada, abatimento e desconforto respiratório são sinais de quando buscar ajuda médica. Ouça as orientações:

Com a circulação do coronavírus e de arboviroses, como dengue, os pacientes devem realizar testes para entender a causa da doença.

"Uma característica mais forte das síndromes gripais são os sintomas respiratórios como tosse, coriza, espirros", detalhou Alessandra Leitão, coordenadora médica da UPA Praia do Futuro, à assessoria de comunicação das unidades de saúde.

Vacina
Legenda: Além da proteção contra a Covid, crianças pequenas devem receber imunizante para evitar quadros graves de gripe
Foto: Thiago Gadelha

A especialista explica que casos leves podem ser acompanhados em postos de saúde e os casos mais graves, ou pacientes de risco, devem procurar as UPAs. Em todos os casos é importante evitar a automedicação.

“Na maioria dos casos, tanto das síndromes gripais como de quadros virais de um modo geral, existe a necessidade de hidratação. O organismo precisa de água para combater o quadro infeccioso”, recomendou.

Síndrome Respiratória em Crianças

Os vírus respiratórios, como os causadores da gripe e da Covid, podem gerar uma condição respiratória delicada: a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O registro do novo Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na sexta-feira (24), alerta para a situação dos pequenos.

A média móvel de casos semanais deste tipo de síndrome cresceu 77% em crianças de 0 a 4 anos, independentemente do tipo de vírus associado, ao longo de fevereiro e março no País. Essa condição pode causar a necessidade do uso de suporte para facilitar a entrada de oxigênio nos pulmões.

O número de casos passou de aproximadamente 970 para cerca de 1.870 por semana do início de fevereiro ao dia 19 de março. E Fortaleza está entre as 4 capitais com sinal de crescimento na tendência de longo prazo para SRAG ao lado de Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Florianópolis (SC).

Nova vacina contra a gripe

A proteção contra as formas graves das influenzas está disponível nas vacinas, que têm a formulação atualizada todos os anos de acordo com os vírus da gripe mais circulantes.

“Ano passado nós tivemos uma baixa cobertura vacinal de influenza e nos deparamos com o sorotipo Darwin, que não estava na composição da vacina influenza 2021, e que circulou fora de época e levou a internamentos”, explica Vanuza Chagas.

O aumento de casos nesse início traz um recado: “nós estamos vendo esse quadro se desenhar novamente”, como frisa a especialista. Por isso, a importância de receber o imunizante.

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"A vacina deste ano vem com dois subtipos diferentes da composição do ano passado e isso já por conta da previsão e estudo feito pela Organização Mundial da Saúde de quais vírus vão circular no Brasil em 2022", explica.

A partir do dia 4 de abril a vacina da gripe já estará disponível para os idosos com mais de 60 anos e trabalhadores da saúde. Já no dia 3 de maio começa a vez do grupo que inclui crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade e gestantes.

Na rede pública, a vacina da gripe é trivalente: protege contra H1N1, H3N2 e o tipo B. Em clínicas particulares, o imunizante é quadrivalente contra quatro cepas (duas do vírus A e duas do vírus B).

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