Gripes, diarreia e urticária: veja sintomas e como prevenir doenças sazonais em crianças

Início do ano registra aumento das doenças e especialistas indicam quando deve ser procurado atendimento médico; calendário vacinal contribui para evitar quadros graves

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Hospital
Legenda: Período de chuvas está relacionado com o aumento de doenças em crianças
Foto: Natinho Rodrigues

Fevereiro registra aumento da procura por serviço médico entre crianças cearenses com sintomas gastrointestinais - diarreias e vômitos -, respiratórios, infecções de pele e arboviroses, como dengue. Os cuidados com higiene e esquema vacinal são recomendações de especialistas, que também elencam sinais de alerta.

Essa crescente do número de pequenos em unidades de saúde já é esperada nos meses de fevereiro e março, período do início da quadra chuvosa, como avalia Lucas Borges, coordenador do serviço médico na UPA do Itaperi.

“Aqui na unidade, agora em fevereiro, aumentou bastante o número de infecções respiratórias, infecções gastrointestinais, as afecções de pele, como as urticárias, muito comuns nesse período de chuva”, detalha.

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Junto com as chuvas há maior circulação do rotavírus, relacionada aos quadros de diarreia, das Infecções de Vias Aéreas Superiores (Ivas), como as influenzas, dengue, chikungunya e a zika vírus.

Izabella Tamira, médica pediatra endocrinologista, acrescenta que também são corriqueiros neste período do ano a chamada virose da mosca, que pode ser causada por vírus ou bactéria, Covid e infecções no ouvido, nariz e garganta.

Os grupos de pacientes mais vulneráveis vão ser os pacientes menores, principalmente, de cinco anos e com mais intensidade ainda nos menores de um ano de idade, porque a gente tem um risco de complicações mais fáceis para essas doenças
Izabella Tamira
Médica pediatra endocrinologista

A especialista aponta que doenças prévias, de ordem neurológica, cardíaca ou pulmonar também exigem mais atenção. Além disso, os pequenos em idade escolar estão mais expostos à transmissão das doenças, como pontua Lucas Borges.

“Essas crianças geralmente adoecem mais, naturalmente pelo contato com outras crianças e dos colegas nas escolas, são as principais crianças acometidas, mas isso não nos impede que crianças abaixo de dois anos como recém-nascidos também adoeçam”, frisa.

Conheça alguns sintomas listados pelo Ministério da Saúde

  • Doenças Inflamatórias Intestinais: desconforto abdominal, sensação de barriga estufada, dor, alternância entre períodos de diarreia e de prisão de ventre; excesso de gases.
  • Dengue: Febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas, manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar um sinal de alarme para dengue hemorrágica.
  • Urticária: Coceira intensa, sensação de ardor ou queimação. Pode ocorrer inchaço rápido, intenso e localizado, que atinge normalmente pálpebras, lábios, língua e garganta. Esse efeito pode dificultar a respiração e deve ser avaliado.

Os responsáveis por crianças devem estar atentos a sintomas que indicam quadros mais graves das doenças. Por exemplo, pacientes com desidratação, sem urinar regularmente e com a boca seca devem ser avaliados por um médico. 

“Também sinais de desconforto respiratório, cansaço, respiração mais ofegante, falta de ar e, no caso da dengue, quando houver realmente algum sangramento, nem que seja assim na pele”, destaca Izabella.

Febre persistente, sinais de fraqueza e perda do apetite também são indicadores importantes, como avalia Lucas. Escute outras orientações:

Preocupação dos pais

Com a piora da tosse, que parecia ser apenas alérgica, e o início da febre na pequena Ísis, de 3 anos, Suyanne Nogueira, de 40 anos, resolveu procurar uma assistência hospitalar. Foram feitos exames de sangue, Raio-X e de Covid, que deu negativo, mas foi indicada pneumonia.

“Foram passados antibióticos e outros remédios para ela tomar e (a orientação que) com dois dias eu voltasse pra refazer o exame. Fomos de novo para o hospital e ainda apresentou aumento (nas taxas) e aí ele teve que mudar o antibiótico”, detalha a assistente de coordenação escolar.

Isis
Legenda: Isis também já teve a doença conhecida como mão-pé-boca em uma outra quadra chuvosa
Foto: Arquivo pessoal

Nesse meio tempo, a menina começou a sentir uma dor na garganta que chegou ao ponto de dificultar a alimentação. “No domingo ela já estava se queixando da garganta só que o médico me falou que não estava inflamada, mas ontem ela não estava conseguindo comer. Quando eu fui ver, a garganta estava cheia de pus”, lembra.

Ver a pequena adoentada causa um desgaste físico e emocional, como compartilha Suyanne. Na rotina, com estudos presenciais e compromissos dos pais, a mãe considera um desafio se manter longe das doenças sazonais.

“Às vezes é até inevitável, porque você não tem como botar o filho numa bolha deixar sem sair de casa. Tem que ter convivência social, estudar, sair e nós precisamos trabalhar”, observa.

É muito difícil você ver sua filha doente e não poder fazer nada é muito difícil, são coisas que você realmente precisa deixar a medicação agir, porque tudo tem um tempo. Tem que esperar
Suyanne Nogueira
Assistente de coordenação escolar

Formas de prevenção

A higiene das mãos é uma boa estratégia para evitar as gastroenterites, infecções intestinais e das vias aéreas. No caso das influenzas e Covid, o uso de máscaras e distanciamento social devem ser seguidos com rigor.

“Em relação a dengue, vale aquele lembrete de não acumular água e tem que ser realmente um esforço conjunto, porque às vezes você faz, mas o do vizinho não está fazendo (as orientações) e ainda assim sua família pode acabar tendo um quadro de dengue”, destaca Izabella.

O coordenador de serviço médico também lembra a importância de manter o calendário vacinal atualizado. A nova formulação da vacina da gripe e o imunizante contra o rotavírus são exemplos.

“É essencial que esse calendário esteja atualizado e manter as mesmas medidas que a gente já está acostumado há três anos”, destaca sobre a prevenção contra a Covid.

Em casos de crianças com comorbidades, as visitas ao médico devem ser regulares. “Manter sempre o acompanhamento com o seu pediatra para evitar realmente que evolua com essas doenças é sempre essencial”, conclui.

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