Doença mão-pé-boca: o que é, quais os sintomas e como tratar
Síndrome causada pelo vírus Coxsackie afeta principalmente crianças antes dos cinco anos e costuma vir em surtos; entenda
Enfermidade altamente contagiosa, a doença mão-pé-boca é uma virose que acomete principalmente crianças antes dos cinco anos. Causada pelo vírus Coxsackie, ela leva esse nome pelo aparecimento de lesões em maioria nas mãos, nos pés e na região bucal.
Apesar de mais comum na infância, a doença também pode se manifestar em adultos. Segundo documento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a síndrome foi registrada pela primeira vez na Nova Zelândia e no Canadá em 1957.
A maioria das infecções apresenta padrão em países com clima temperado, entre o verão e outono. No Brasil, entretanto, esse indicador é menos característico. Um fator-chave sobre esta condição é que ela costuma vir em surtos, principalmente em locais com muitas crianças juntas.
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Nos últimos meses, no entanto, o alerta para a disseminação da doença mão-pé-boca foi aceso devido ao retorno das atividades presenciais de escolas e creches em meio à pandemia da Covid-19.
O Diário do Nordeste conversou com uma pediatra clínica para entender como a doença de manifesta, quais são os sintomas e como tratá-la.
Quais são os sintomas?
De acordo com a pediatra clínica Vanuza Chagas, a doença mão-pé-boca se manifesta primeiro com febre, que antecede o aparecimento de lesões na boca, em forma de bolhas.
Essas bolhas são muito comuns também ao redor da cavidade bucal, bem como na palma das mãos e nas plantas dos pés. A médica explica que as erupções são muito dolorosas e muitas vezes se expandem para áreas como os cotovelos e os glúteos.
Pela natureza das bolhas na boca, a deglutição de alimentos acaba dificultada, incorrendo em quadros de desidratação.
Informações da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde dão conta ainda de que mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia também são sinais característicos da síndrome.
Como é transmitida a doença mão-pé-boca?
O vírus da mão-pé-boca é transmitido por meio do contato próximo, gotículas, secreções, saliva e até fezes contaminadas. A pediatra Vanuza Chagas pontua que o pico de transmissão acontece na semana em que as lesões no corpo aparecem.
A doença facilmente se espalha em locais como creches e escolas, onde há muitas crianças. Um objeto que uma pessoa infectada encostou é um dos agentes de contaminação.
Vanuza pontua que o vírus se espalha no ar, então provavelmente quem tiver contato com uma criança infectada, por exemplo, contrairá a síndrome.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da doença geralmente é clínico, ou seja, é feito pelo médico no consultório após examinar o paciente. A avaliação do médico é importante para saber os passos do tratamento, já que sintomas similares aos da mão-pé-boca podem ser encontrados também em outras doenças, como a catapora.
Em casos mais graves, quando o paciente apresenta desidratação ou quando o vírus afeta o sistema nervoso central, é necessária a internação, segundo a pediatra Vanuza.
Alerta durante a pandemia
Atuante em consultórios pediátricos há 27 anos em Fortaleza, Vanuza Chagas pontua que os surtos de mão-pé-boca tiveram alguns picos no último ano.
"De três semanas para cá notamos um atendimento maior de crianças com sintomas no consultório, o que causa também uma demanda nas emergências. Em maio a gente também teve um outro surto", conta.
Ela atribui esse aparecimento da doença ao retorno presencial das atividades após a estabilização dos casos de Covid-19. A volta das crianças para creches e escolas e o retorno de pais e mães para o trabalho in loco pode ter contribuído.
Como tratar?
Não há um tratamento específico para a síndrome mão-pé-boca. O que se faz em caso de infecção, de acordo com a médica Vanuza Chagas, é tratar os sintomas à medida que eles aparecem e incomodam a criança.
O uso de antitérmicos para baixar a febre dos primeiros dias e analgésicos para mitigar a dor das lesões é indicado.
Vanuza pondera ainda que o uso de produtos emolientes — óleos e pomadas que hidratam a pele — em cima das bolhas pode aliviar a dor local.
Um alerta importante é que é preciso afastar as crianças infectadas imediatamente de escolas, creches e espaços de convivência coletiva.
A doença se cura naturalmente?
Sim. Na maioria dos casos, mesmo que não haja tratamento sintomático da doença, a mão-pé-boca se cura naturalmente assim como a evolução de diversos vírus.
Conforme a pediatra, a condição faz partes das chamadas doenças autolimitadas, pois não há remédio específico. O repouso e a hidratação são fatores benéficos nesses casos.
Como aliviar os sintomas?
A pediatra Vanuza Chagas indica algumas formas de aliviar os sintomas da doença mão-pé-boca. Confira:
- Aumentar a oferta de líquido, pois a doença causa desidratação por contas das lesões
- Ingestão de alimentos de fácil mastigação como pastosos e gelados
- Caso a criança esteja mamando, aumentar a frequência da amamentação
- Uso de pomadas, exceto as que possuem corticoide na composição
É uma doença perigosa?
A maioria dos casos da doença não são graves ou perigosos, pois se curam muitas vezes sozinhos e não evoluem para quadros mais sérios.
O que pode tornar a síndrome mais complicada de se lidar é a facilidade da transmissão.
Mão-pé-boca pode evoluir para meningite?
Em casos raros, a doença mão-pé-boca pode causar comprometimento neurológico e evoluir para outras doenças como meningite, de acordo com a pediatra Vanuza Chagas.
Esse tipo de evolução grave pode acontecer em pacientes imunocomprometidos, ou seja, que tem alguma condição que os confere baixa imunidade no corpo.
Quanto tempo dura a doença?
O tempo de duração da mão-pé-boca é entre 7 e 10 dias
Como prevenir?
O Ministério da Saúde, por meio de informações reunidas pela Biblioteca Virtual com especialistas e entidades, elaborou uma lista de recomendações que podem prevenir a síndrome:
- Evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar);
- Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;
- Manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas;
- Não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos;
- Lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes com água e sabão e, depois, desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa);
- Descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas.