Após primeiro caso de nova variante da mpox no Brasil, entenda o que é a doença e as formas de prevenção

A doença pode ser transmitida para humanos por meio do contato com uma pessoa doente, com materiais contaminados ou com animais silvestres (roedores) infectados

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Homem mostra as palmas das mãos com sinais da doença Mpox
Legenda: O Ministério da Saúde confirmou, na última sexta-feira (7), o primeiro caso de mpox no Brasil causado pela cepa 1b em São Paulo
Foto: Marina Demidiuk / Shutterstock

Depois de ter sido associada a um novo surto de mpox na República Democrática do Congo em setembro de 2023, a nova variante do vírus — chamada 1b — foi confirmada no Brasil na última sexta-feira (7). Com a chegada da cepa considerada mais letal ao País, entenda o que é a doença e as formas de prevenção.

A mpox é classificada como endêmica na África Central e na África Ocidental desde a década de 1970. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante 1b contém características que indicam uma adaptação do vírus devido à intensa circulação em humanos.

Os sintomas e sinais apresentados pelos pacientes geralmente incluem dores na cabeça e no corpo, calafrio, fraqueza, febre, linfonodos inchados (ínguas) e lesões na pele. O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dessas manifestações — o chamado período de incubação — varia de três a 16 dias, podendo chegar a 21 dias.

Casos da nova cepa vêm sendo registrados fora da República Democrática do Congo desde julho de 2024. Além do Brasil, já houve confirmações em pelo menos 21 países:

  1. Uganda
  2. Ruanda
  3. Quênia
  4. Zâmbia
  5. Reino Unido
  6. Alemanha
  7. China
  8. Tailândia
  9. Estados Unidos da América
  10. Bélgica
  11. Angola
  12. Zimbábue
  13. Canadá
  14. França
  15. Índia
  16. Paquistão
  17. Suécia
  18. Emirados Árabes Unidos
  19. Omã
  20. Catar
  21. África do Sul

Como ocorre a transmissão da mpox

A mpox é uma doença causada por um vírus — o mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae — e pode ser transmitida para humanos por meio do contato com uma pessoa doente, com materiais contaminados ou com animais silvestres (roedores) infectados.

Segundo informações do Ministério da Saúde, a transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com erupções e lesões na pele e com fluidos corporais, como pus e sangue de uma pessoa infectada.

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O vírus também pode ser transmitido por meio da saliva, quando há úlceras, lesões ou feridas na boca. Além disso, a infecção também pode ocorrer pelo contato com objetos recentemente utilizados por uma pessoa doente — como roupas, toalhas e roupas de cama ou utensílios e pratos.

Para que a transmissão ocorra por meio de gotículas, normalmente é necessário que haja contato próximo prolongado entre o paciente infectado e outras pessoas. Dessa forma, trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos desses pacientes têm maior risco de infecção.

“Uma pessoa pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam até a erupção ter cicatrizado completamente e uma nova camada de pele se formar”, informa o Ministério da Saúde.

Como se prevenir da mpox

A principal forma de prevenção é evitar contato direto com pessoas com suspeita ou confirmação da doença. No caso de cuidadores, profissionais da saúde, familiares próximos e parceiros, em que ocorre o contato, deve-se usar equipamentos como luvas, máscaras, avental e óculos de proteção.

Quando houver suspeita ou confirmação da mpox, a pessoa deve cumprir isolamento imediato. Objetos e materiais de uso pessoal não devem ser compartilhados até o término do período de transmissão.

Algumas indicações do Ministério da Saúde para prevenir a doença são:

  • Lave regularmente as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel, principalmente após o contato com a pessoa infectada ou com itens (roupas, lençóis e toalhas) ou superfícies que possam ter entrado em contato com as erupções e lesões da pele ou secreções respiratórias.
  • Lave as roupas de cama, roupas, toalhas, lençóis, talheres e objetos pessoais da pessoa com água morna e detergente.
  • Limpe e desinfete todas as superfícies contaminadas e descarte os resíduos contaminados (por exemplo, curativos) de forma adequada.

Tratamento e vacina para a mpox

Atualmente, o tratamento tem sido feito com medidas de suporte clínico par a aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e evitar sequelas. “A maioria dos casos apresenta sinais e sintomas leves e moderados. Até o momento, não se dispõe de medicamento aprovado especificamente para mpox”, informa a Pasta.

Na maioria dos casos, os sintomas da doença desaparecem sozinhos em poucas semanas. Em algumas pessoas, porém, o vírus pode provocar complicações médicas e até levar ao óbito. Recém-nascidos, crianças e pessoas com imunodepressão pré-existente correm maior risco de desenvolverem sintomas mais graves e de morte pela infecção.

A estratégia de vacinação tem como prioridade a proteção dessas pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da mpox, conforme definição feita por representantes dos conselhos municipais e estaduais, diante da avaliação técnica e científica de especialistas.

Vacinação Pré-exposição

  • Pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA): homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais; com idade igual ou superior a 18 anos; e com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses.
  • Profissionais de laboratório que trabalham diretamente com Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2), de 18 a 49 anos de idade.

Vacinação Pós-exposição

  • Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox, cuja exposição seja classificada como de alto ou médio risco, conforme recomendações da OMS, mediante avaliação da vigilância local.

Caso da cepa 1b da mpox no Brasil

Um caso de mpox causado pela variante 1b foi confirmado pelo Ministério da Saúde na última sexta-feira (7). A paciente é uma mulher que mora em São Paulo e teve contato com um familiar procedente da República Democrática do Congo.

O caso foi confirmado laboratorialmente, com a realização do sequenciamento para caracterizar o agente, obtendo o genoma completo, muito próximo aos dos casos detectados em outros países.

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De acordo com o comunicado da Pasta, emitido às 21h25 da sexta-feira, ainda não haviam sido identificados casos secundários, e a equipe de vigilância municipal mantém o rastreamento de possíveis contatos.

“Em 2024, o Brasil registrou 2.052 casos de mpox, sendo que, em 2025, até o início de fevereiro, foram notificados 115 casos das cepas em circulação. Nenhum óbito pela doença ocorreu nos últimos dois anos no país. A maioria dos casos apresenta sinais e sintomas leves ou moderados”, diz a nota.

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