Apenas um de 41 suplementos de creatina apresenta teor abaixo do indicado, aponta Anvisa
Para estar adequado, o teor de creatina não pode ter variação maior que 20% em relação ao declarado na rotulagem nutricional
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, nesta quarta-feira (23), resultado da análise de suplementos alimentares de creatina disponíveis no mercado brasileiro. Conforme o órgão, dos 41 produtos analisados, apenas uma marca possuía teor de creatina abaixo do previsto no regulamento de suplementos.
"O resultado da análise apontou um resultado de regularidade em relação ao teor de creatina esperado para esses produtos, sem variações que pudessem caracterizar infração sanitária", destacou a Anvisa.
A agência explica que, para estar adequado, o teor de creatina não pode ter variação maior que 20% em relação ao declarado na rotulagem nutricional, além de atender o valor de referência para este nutriente, que é de 3.000 mg.
A Anvisa informou ter verificado a regularidade dos produtos em três aspectos específicos:
- teor de creatina;
- adequação de rotulagem; e
- presença de matérias estranhas.
Para a análise, foi realizado um levantamento das creatinas mais vendidas no mercado brasileiro, em embalagens de 300 gramas, as mais comuns. A coleta de amostras foi realizada no segundo semestre de 2024, nas empresas fabricantes de suplementos.
O laboratório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi responsável por realizar as análises.
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Marcas analisadas
Conforme a Anvisa, a amostra do produto Creatine Monohydrate - 100% Pure, da marca Athletica Nutrition, fabricado por ADS Laboratório Nutricional LTDA "teve resultado satisfatório em todos os ensaios analíticos conduzidos". Os demais produtos apresentaram "incorreções de rotulagem".
"A única amostra com erro de teor de creatina está em processo administrativo e de apuração, o que não permite a divulgação da marca neste momento", informou a Anvisa.
Regulação
Os atuais resultados satisfatórios comprovados pela Anvisa mostram um cenário diferente de períodos anteriores. Em outubro de 2024, por exemplo, 18 marcas de creatina vendidas no Brasil foram reprovadas em teste pela Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri).
À época, o estudo da associação comparou as informações constantes no rótulo dos produtos com o respectivo conteúdo das suas embalagens. No total, foram 88 produtos verificados.
"A diferença entre os resultados pode indicar uma autorregulação do mercado entre as análises feitas no período de 2022 a 2024. Ou seja, alguns fabricantes podem ter ajustado seus processos produtivos após os resultados iniciais divulgados pelo setor produtivo", destacou a Anvisa.
A análise de laboratório também buscou a presença de matérias estranhas nos produtos analisados, e todas as marcas tiveram resultado satisfatório neste quesito.
Problemas de rótulo
Ainda conforme a análise da Anvisa, os principais problemas verificados nos produtos estão relacionados aos rótulos. Dos 41 suplementos, 40 tinham rotulagem com algum erro de informação ou alguma incorreção.
A regulamentação de suplementos diz que esses produtos devem atender a requisitos específicos de rotulagem, primordiais para a correta orientação do consumidor.
Entre os problemas mais comuns de rotulagem apontados pela Anvisa, estão:
- Apresentação de alegações não previstas, ou seja, o rótulo atribuía ao produto propriedades que não são autorizadas para a creatina, inclusive com alegações incorretas em língua estrangeira;
- Uso de palavras ou imagens que podem induzir o consumidor a uma informação incorreta ou insuficiente sobre o produto;
- Tabela de informação nutricional fora do padrão e não declarada no mesmo painel da lista de ingredientes;
- Frequência de consumo não declarada;
- Número de porções da embalagem não declaradas na tabela de informação nutricional;
- Tabela nutricional sem as quantidades de açúcares totais e açúcares adicionados.
Em relação aos erros de rotulagem, a Anvisa avalia que os resultados encontrados não representam risco de dano à saúde dos consumidores que exija ações adicionais de fiscalização.
No entanto, a agência enfatiza que as incorreções de rótulo poderão gerar ações de notificação aos fabricantes, já que as definições de rotulagem precisam ser atendidas para garantir a melhor informação ao consumidor.