IJF terá inteligência artificial para gestão de filas e exames, diz ministro: ‘transformar em hospital modelo’

Alexandre Padilha, ministro da Saúde, revelou que quer modernizar a unidade de saúde para resolver problemas históricos

Escrito por
Theyse Viana theyse.viana@svm.com.br
Fachada do IJF
Legenda: Fortalecimento do IJF é um dos focos do Governo Federal, segundo o Ministério da Saúde
Foto: Ismael Soares

Após uma grave crise no final de 2024, o Instituto Dr. José Frota (IJF) tem tido reforço de atenção do poder público. Além do aporte de R$ 180 milhões em recursos, o Ministério da Saúde (MS) pretende importar sistemas de gestão, incluindo inteligência artificial, para resolver problemas históricos do hospital, como as longas filas para procedimentos.

A informação foi dada por Alexandre Padilha, ministro da Saúde, em entrevista ao Diário do Nordeste na manhã desta quarta-feira (19). O gestor está no Ceará para acompanhar o presidente Lula na inauguração do Hospital Universitário do Estado (HUC), no campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), na tarde de hoje.

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De acordo com Padilha, o aumento do investimento federal no IJF já a partir de abril é uma determinação do presidente, e tem a intenção não apenas de reabrir leitos inativos e aumentar a oferta de exames, mas de “transformar essa unidade em um modelo no País”.

No último dia 13 de março, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, esteve em reunião com Lula, em Brasília, para solicitar que a União bancasse mais de 50% do valor necessário para o funcionamento do IJF. Até agora, o percentual não foi concedido.

“A orientação do presidente Lula foi fortalecer essa unidade em que existe Governo Federal, Governo do Estado e Prefeitura, para reduzir o tempo de espera para atendimento especializado em Fortaleza. Esse é um modelo para a gente poder fazer no Brasil inteiro”, declarou Padilha.

Alexandre Padilha, ministro da Saúde
Legenda: Alexandre Padilha, ministro da Saúde, afirma que prioridade do governo é reduzir filas no SUS
Foto: Davi Rocha

Entre as medidas práticas para chegar a esse objetivo está, além do aumento do repasse financeiro, a importação de modelos já aplicados com sucesso em outros hospitais federais de referência do Brasil, como o carioca Grupo Hospitalar Conceição.

“Vamos buscar experiências de gestão que apoiam a organização dos principais hospitais de excelência do Brasil, como o Sírio (Libanês), o (Hospital Israelita Albert) Einstein e o HCor (Hospital do Coração de SP)”, lista o ministro da Saúde.

“O principal aprendizado é unificar o fluxo do acesso do paciente, usar cada vez mais de forma informatizada, acompanhar todo o processo. Facilitar a navegação do cuidado do paciente dentro do hospital”, ilustra Padilha.

Essa é uma primeira ação: integrar os procedimentos, fazer o registro dos pacientes e mudanças de gestão de forma conjunta. Junto com a prefeitura, vamos entrar no IJF e identificar que outros serviços possam ser ampliados.
Alexandre Padilha
Ministro da Saúde

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Inteligência Artificial no IJF

As novas práticas devem ser apoiadas pela tecnologia, por meio de ferramentas de inteligência artificial já utilizadas em hospitais de excelência para otimizar prontuários, prescrições de exames e até filas para procedimentos.

“Já temos experiências, no Rio de Janeiro, por exemplo, de uso da inteligência artificial para mapear a necessidade de alguns exames ou não. Quando o médico solicita, o prontuário eletrônico já dá uma resposta: esse tipo de exame não está adequado à idade ou ao problema de saúde, solicite tal”, exemplifica Padilha.

“A IA também está ajudando, inclusive, a reduzir o tempo de espera, a melhorar esse fluxo de atendimento que existe.”

IJF, em Fortaleza
Legenda: IJF é o maior hospital de urgência e emergência do Ceará
Foto: Davi Rocha

No “Frotão”, como o ministro chama o IJF, a tecnologia deve ser aplicada principalmente para reorganizar a integração entre os sistemas municipais, o estadual e o federal, gerar análise do tempo de espera dos pacientes, e dos procedimentos que devem ou estão sendo realizados.

Essa integração de dados dos pacientes que precisam de transferências, por exemplo – chamada, na saúde, de “regulação” – é um dos principais gargalos que o Ceará enfrenta, como reconhece Padilha, e também será um problema “atacado” pelas novas medidas.

“O investimento em tecnologia de informação, saúde digital, é uma das grandes prioridades do nosso Ministério. Vai acontecer o congresso do Cosems (Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará) e viremos para tratar disso.”

O ministro destaca que, na última terça-feira (18), recebeu o Plano de Ação Regional de Saúde Digital das regiões do Ceará, e colocou o investimento nisso como “prioridade”.

‘Se prevenir, não precisa de hospital’

Outro pilar que tem sido trabalhado pelo MS, de acordo com o ministro, é o fortalecimento da Atenção Primária, que tem como pilares os postos de saúde nas cidades. Para Padilha, o País “só consegue enfrentar os problemas da saúde especializada se tiver uma saúde primária forte”.

“Se a atenção primária em saúde for forte, mais organizada, o atendimento começar ali perto da casa das pessoas, onde elas trabalham, você consegue reduzir o tempo de espera para atendimento especializado, porque a maior parte dos problemas são resolvidos ali”, analisa o médico.

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O gestor cita o programa Mais Médicos como uma das maiores estratégias federais para acelerar e qualificar o acesso da população a consultas e exames, que, em muitos casos, exigem esperas superiores a um ano.

O Ceará tem, hoje, 1.680 médicos do programa, dos quais 211 estão atuando pelo Mais Médicos em Fortaleza, de acordo com Padilha. A perspectiva, segundo ele, é de que, em maio deste ano, o Estado chegue a 1.879 profissionais, com 231 na capital cearense, após abertura de novo edital de seleção.

“Esse programa faz com que o Governo Federal coloque o médico aqui, na atenção primária, porque é a coisa mais difícil para o Município fazer: conseguir contratar esse profissional médico”, justifica o ministro.

2.100
novos profissionais devem ser contratados por meio de edital aberto pelo Ministério da Saúde nesta semana. O processo deve ser concluído em maio.

Padilha explica que “é muito importante que os municípios sinalizem se querem ou não esse profissional” e formalizem a adesão ao programa. 

“Se trata bem na atenção primária, não precisa ir para o hospital, reduz o tempo de espera para o paciente e para outras pessoas no atendimento especializado.”

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