Gestante perde criança no parto em Mulungu e família denuncia demora em atendimento

Mulher estava com nove meses e 20 dias de gestação e teve o parto recusado em duas ocasiões, antes de ser submetida a cesariana. Prefeitura investiga caso

Escrito por Redação ,
hospital municipal Waldemar de Alcântara
Legenda: Grávida perde criança e família acusa demora para fazer o parto em Mulungu
Foto: Reprodução

Uma grávida com mais de nove meses de gestação em Mulungu, na região do maciço de Baturité, Ceará, teve o parto recusado duas vezes no hospital municipal Waldemar de Alcântara, segundo denúncia da família. Na madrugada desta sexta-feira (27), a criança nasceu morta, e os parentes acusam os médicos de negligência. 

Segundo a avó da criança, a pensionista aposentada Maria Gorete Moraes, 60, a filha, Renata Moraes, era acompanhada semanalmente em razão da gestação já avançada. Na última terça-feira (24), a jovem de 27 anos foi encaminhada para a unidade de saúde, já com nove meses e 20 dias, para dar seguimento ao parto, que seria feito na maternidade de Baturité.

"A médica que estava de plantão não encaminhou para Baturité dizendo que ela não tinha entrado em trabalho de parto e mandou que viesse para casa esperar mais seis dias", afirma.

Veja também

Já na quinta-feira (26), Gorete disse que a filha começou a sentir dores e a ter um sangramento. Em retorno ao hospital, foi atendida por outro médico que novamente não a encaminhou para o parto

"Dois dias depois, ela começou a sentir dores. O agente de saúde ligou para o hospital, pediu um carro pra levar ela, mas lá o médico disse que o colo do útero não estava aberto suficiente para o parto e negou, dizendo para fazer nova avaliação no dia seguinte. Mas na noite do mesmo dia as dores e o sangramento pioraram", relata. 

Somente com a insistência do agente de saúde local em contato com o hospital, conforme acrescenta Gorete, a filha retornou à unidade e de lá foi encaminhada para a maternidade de Baturité, onde foi feita uma cesariana de emergência. O menino, no entanto, já estava morto. 

Para a avó, a demora no atendimento da filha foi determinante para o óbito do bebê. 

Tristeza na família

Gorete fala que Renan, como seria batizado, era o primeiro filho de Renata e sua chegada era bastante esperada na família. Ela destaca que o bebê nasceu com 51 centímetros, pesando três quilos e 300 gramas. 

"Seria um bebê super saudável, se tivesse nascido no tempo certo, estava super forte. Minha filha está arrasada, estava tudo preparado para a chegada dele. Estamos todos revoltados e queremos justiça, para o que aconteceu com ela não aconteça com outras", conclui.

A mãe teve alta hospitalar neste sábado (28).

Caso em apuração

Em nota, a Prefeitura de Mulungu disse se solidarizar com o caso e afirma que a Secretaria de Saúde apura o que aconteceu para tomar providências. 

"A Prefeitura Municipal de Mulungu se solidariza com a família enlutada e informa que a Secretaria de Saúde de Mulungu está apurando o que realmente aconteceu para tão logo tomar todas as providências cabíveis", disse. 

O prefeito da Cidade, Robert Viana, publicou nota de pesar informando que determinou "a abertura de procedimento administrativo para apurar mais profundamente os fatos e ouvir o maior número de pessoas possíveis para descobrir se houve erro ou negligência e para punição dos eventuais culpados".

O Município decretou luto de três dias. "Lamentamos profundamente o falecimento dessa criança e informamos que a Secretaria de Saúde está tomando todas as providências e medidas para apurar o procedimento de atendimento a mãe da criança em nossa rede de saúde. Destacamos que estamos apurando, minuciosamente, a conduta dos profissionais e tomaremos todas as medidas cabíveis."

A Prefeitura de Baturité informou que a maternidade para onde Renata foi encaminhada é filantrópica e, por isso, não vai se pronunciar. O Diário do Nordeste tentou, neste sábado, contato com o hospital, mas não houve retorno.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados